Isso é verdade? Isso é verdade? Não aguento mais ouvir essa pergunta. Muito menos ter que respondê-la.
— Oh, Estela, é mesmo verdade? — Patricia vem até mim, que estou terminando de ajeitar a bandeja, sob o olhar atento de Rector – que está ao outro lado da cozinha de braços cruzados, como se não houvesse um milhão de coisas para se fazer.
— Nosso chefe vai te dar um esporro se não voltar para o seu lugar — aviso a ela, colocando cuidadosamente os alfaces no potinho que vai ir junto com o filé, e depois cortando os tomate-cereja e espalhando por cima.
— Me responde rápido, então. Logan Smith realmente exigiu que você leve o almoço dele todos os dias? É sério?
Eu inspiro fundo, impaciente.
— Sim, Paty, é verdade — respondo mesmo assim.
— Tem noção do que significa?
— Que eu sou subordinada de um rico que pode fazer as exigências que quiser e não cabe a mim contrariar, pois não devo.
— Não — minha colega dispara, indignada. — Talvez aquele cara do bar, o gostoso que te levou para a casa, esteja lá na sala dele querendo te pegar. Você disse que eles são amigos.
Dou risada.
— É uma ótima teoria, mas caras de boate não lembram da gente nem quando estamos nos braços deles — olho Paty, que parece ter um olhar iludido. — Eu garanto a você que Kurt não se lembra mais de mim e muito menos Logan se recorda de ter me visto. Ele só está me pedindo para levar a sua comida porque o respondi estupidamente.
— Por que você o respondeu estupidamente? — parece desentendida.
— Eu poderia inventar um motivo — tampo o potinho de salada e coloco os garfos descartáveis na bandeja —, mas só não vou com a cara dele mesmo. Depois do que vi aquela mulher fazendo, me senti no lugar dela e classifiquei Logan Smith como um ser imprestável e pessoa que não gosto — sorrio para Patricia. — Me deseje sorte.
Pego a bandeja para sair da cozinha, dando um sorriso para Rector antes porque sei que fiz bem meu trabalho e não preciso de sua correção que, quando raro acontece, inclui toques nas minhas mãos. Mesmo sabendo que não precisa, ele sempre insiste em ficar à espreita.
Como se não fosse muito ruim saber que fui para a casa de um dos amigos de Logan no sábado, eu também tive que ter o desprazer de saber que ele ainda se lembra de mim por ter me visto na boate, diferente do que eu disse para Paty; e agora está, talvez, chateado por eu ter explanado minha opinião sobre ele, mesmo que tenha sido seu pedido.
Mas não posso chorar pelo leite derramado. O que está feito, está feito. Não vou choramingar por desculpas. Mesmo porque não falei nenhuma mentira.
E não estou me sentindo intimidada por ter sabido hoje, pouco depois que cheguei à cozinha, que Logan Smith exigiu pessoalmente que eu, Estela Gomes, leve seu almoço até sua sala todos os dias da semana. Bom, eu me lembro dele dizer sobre um filé. Preparei um com minhas próprias mãos para levar.
Entro no elevador vazio a essa hora, pouco antes das onze. Aguardo as portas se fecharem; e novamente se abrirem no terceiro andar. Procuro a última sala do corredor, à esquerda, como me foi orientado.
Apoiando a bandeja em uma mão, uso a outra para dar duas batidas na porta. Aguardo, assim, ser atendida. E uso esse tempo para dar uma olhada no corredor, que nunca tive o prazer de ver. Não é muito longo, mas em toda a extensão possui salas. Apenas de um lado das paredes, o esquerdo. Há alguns jarros de plantas altas, que são muito, muito lindos, e deixa tudo mais slim. O que é legal, visto que são plantas e deveriam dar um ar rústico.
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À Espera do Amor #3 (NA AMAZON)
ChickLitO amor tudo espera? Logan acha que sim. Ele acredita que o amor é tudo que um homem deve esperar encontrar na vida. Ele diz isso para todas. Enganar é a sua arte. Contém alguma e outra linguagem explícita. Não recomendando para menores.