Capítulo 3

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Faço uma careta ao continuar ouvindo Clarice falar sobre o acontecimento inusitado de uma semana atrás. E, para completar, Patricia, uma das que também trabalham na cozinha conosco, acha coerente dar atenção e aumentar mais sobre.

Mas eu não entendo como algo tão supérfluo possa ser digno de tanta começão assim do tempo delas.

— Sabe o que eu fiquei sabendo? — Patricia balança as mãos como se estivesse para contar sobre um novo progresso da Tecnologia. — Que ele já passou o rodo em todas as mulheres do Open. E — ela ri — aquela mulher que estava no chão era uma ex que não aceitou o término.

Bufo e fico na ponta dos pés, esticando o pescoço e medindo o quanto falta para que chegue nossa vez na fila para entrar na boate. Ainda muito, o que é desanimador.

— Nossa, eu nunca chegaria naquela situação — Clarice comenta. — Ficar me arrastando no chão por um homem? Deus que me livre. Ainda tenho amor próprio.

— Ele deve ser bom de cama — Patricia contrapõe, me olhando. — O que você acha, Estela? Foi com você que ele falou. Ficou sentindo formigamento com aquela voz?

— Gente, por favor, me poupem — pareço a antipática do rolê, mas só quero beber um pouco e dançar com algum estranho. — Não quero falar sobre coisas que acontecem no trabalho.

— Mas aquilo foi épico, como você não quer falar sobre? — Patricia parece desentendida. Sua expressão de consternação fica mais evidente com seus cabelos ruivos aloirados presos no alto da cabeça. Além de bonita, ela é também a pessoa mais fofoqueira do prédio do OpenBusiness.

— Não quero falar sobre porque não tem relevância em nossas vidas — pontuo. — Deviam parar de dar ibope para um cara que nem sabe da existência de vocês.

— Ele poderia saber da minha — Clarice joga seus cachos bem formados para o lado, como implicando comigo. Seu batom vermelho e a sombra amarela nos olhos contrasta perfeitamente com sua pele morena. Ela é tão alta e cheia de curvas. Queria eu ser bonita assim. — Tenho certeza que Logan Smith, aquele procurado, me amaria.

— Não tenho dúvidas — concordo.

Patricia recomeça sua fala para engrandecer o episódio passado e me condenar pela pouca importância. Eu me presto a ouvir, porque tenho ouvidos, mas não dar atenção até chegar a nossa vez na fila. Entregamos nossas entradas e somos liberadas pelo brutamontes de dois metros e óculos escuros.

A mistura de cores em luzes me fazem fechar os olhos e a batida forte da música enche meus ouvidos assim que passo as portas. Não vou dizer que é o ambiente mais agradável do mundo, mas é melhor do que estar em meu apartamento silencioso curtindo uns filmes de suspense sozinha na noite de sexta. Pode não ser mais divertido estar aqui, mas é mais favorável.

Preciso relaxar depois de um mês de trabalho inteiro, exatamente o tempo que não saio para me distrair – o que gosto de fazer bastante. Sempre é bom aliviar a mente do estresse.

— Que furreca! — ouço Patricia gritar, muito perto de mim. — Os melhores homens ficam no andar de cima da boate! Não devíamos ter vindo nessa!

Eu a olho com um sorriso.

— Desculpa aí! — grito de volta e sigo sozinha em direção ao bar.

Peço uma dose de uísque para começar a noite e, depois de beber, vou diretamente para a pista de dança ver se alguém chega em mim. O meu look vai ter que valer a pena. Não estou usando um mini vestido e saltos vermelhos à toa.

Está tocando algum tipo de música eletrônica que parece deixar as pessoas muito animadas e contentes. Não é muito o meu estilo, mas não estou preocupada com isso. Me concentro em apenas começar a mover o corpo no ritmo das batidas, fechando os olhos e deixando minhas mãos acompanharem o embalo.

À Espera do Amor #3 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora