Capítulo 3

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— O que você está fazendo aqui? — pergunta ele com os olhos arregalados. —Como ficou sabendo onde moro?

Esse mérito vai para o Dew, mas ele não precisa saber disso.

— O quê? Eu estava com saudades. — falo dando meu melhor sorriso fofo. —Trouxe uma cesta de frutas comigo, não sabia o que trazer para sua família.

— Eu não quero ser grosso, Metawin... — tenta começar ele, mas eu o corto.

— Já disse que pode me chamar de Win.

— Filho... Quem está na porta.

— Ninguém, mãe! — fala ele por cima do ombro.

O quê? O grande Bright Vachirawit, não me quer dentro da sua casa? Cadê o gentil e caridoso agora?

— Oi, senhora Vachirawit. — falo num tom alto. — Vim fazer uma visita, o campus sem o B aqui, não é a mesma coisa.

Escuto alguns passos e uma senhora, muito simpática, afasta o filho para que eu entre. Já gostei dela.

Nos sentamos no sofá enquanto ela vai até a cozinha guardar o cesto de frutas e trazer alguns lanches.

— Se você veio até aqui me pedir para fazer algum trabalho era só ter falado antes, não precisava vir até aqui. — suspira tenso. — Quero minha família longe dos meus problemas. 

— Você pensa tão mal de mim às vezes, Bright, de verdade, o campus estava sem graça sem você.

Sua mãe volta e começo a conversar com ela sobre a faculdade, a minha vida, claro que omiti os longos anos no inferno, mas falei como meu relacionamento não era como o dela com o Bright.

— Não fale isso, sei que no fundo seu pai deve te amar muito. — Fala e pega nas minhas mãos me confortando.

Tenho que concordar com ela, no fundo ele sente algo por mim, só que é tudo menos amor.

— Vai ficar para o jantar? — pergunta ela ainda segurando as minhas mãos. —Nunca um amigo dele veio aqui, quer dizer, fora o Nani.

—Nani? — pergunto curioso. — Ele nunca me falou dele.

— É meu amigo de infância, ele se mudou faz uns 2 anos, mas ainda vem visitar, às vezes.

— Bom, meninos, já fiquei tempo demais, atrapalhando vocês. — diz se levantando. — Preciso ir trabalhar.

— A essa hora, senhora Vachirawit? — pergunto curioso. — Por que não fica mais um pouco.

—Tenho que ir, filho. — pega sua bolsa, que estava no sofá, mas só percebi agora. — Fique para o jantar, ele odeia comer sozinho, amei te conhecer, espero que nos vejamos de novo e que eu tenha mais tempo para conversar com você.

Sou encantador, estão vendo? Não sei por que com o Bright é tão difícil. Fez alguns minutos, já que ela se foi e o silêncio nessa sala está me deixando desconfortável. 

— Então, vamos jantar? — perguntei quebrando o gelo.

Ele não diz nada, se levanta e o sigo até a cozinha, jantamos em silêncio e assim que acabamos, ele se despede.

— Eu não vou para casa ainda. Quero conhecer sua gata, onde ela está? — Pergunto inocentemente, tenho uma boa audição, a ouvi no segundo andar e ela é uma boa desculpa para ficar, um pouco mais.

Ele bufa e mostra o caminho. É estranho, essas semanas que passei ao lado dele sempre foi assim, eu sou sempre o que mais falo. É tão amoroso com os animais e com a família e não liga muito para o que os outros alunos da faculdade falam dele. Mas comigo é só mau humor, apesar disso eu nunca o tirei do sério, se não ele já tinha caído na minha armadilha. Aproveito que estamos sozinhos e pergunto:

— Por que você me odeia, Bright?

Ele se assusta com a pergunta repentina, demora alguns segundos e fala:

— Eu não te odeio, ódio é uma palavra muito forte, você me irrita, mais do que qualquer um e normalmente eu levo isso numa boa, mas você consegue extrair a pior versão de mim.

— Que bom. — falo rindo e me sento na sua cama e começo a dar uma boa olhada no seu quarto. Ele tem várias fotos, espalhadas pela parede, com animais de diversos tamanhos e em todas ele parece extremamente feliz. Esses sorrisos ele nunca me deu.

— Que bom? Eu odeio isso, pode, por favor, ir embora agora? — pergunta passando as mãos nos cabelos, parecendo estressado. Devo dizer que é uma visão e tanto. Nunca reparei direito nele, desse jeito carnal, só o via como alvo, para um objetivo maior, mas ele faz meu tipo, devo admitir.

Antes de eu perguntar sobre a Ame, a famosa gatinha dele, ela aparece magicamente do meu lado na cama e a peguei nos braços como um bebê

— Ela é tão fofa, por que não a leva para o campus, para ela brincar com a Charlotte? 

— E deixar a minha mãe sozinha e meu tio sozinhos? Ela é a extensão de mim e cuida da casa, quando estou fora. — diz e se encosta na mesinha, de frente a cama, onde estou sentado.

— É uma responsabilidade e tanto para uma gatinha, você não acha? Mas tudo bem, eu entendo, mas espera… Ela cuida da sua família aqui e quem cuida de você lá? Não se sente sozinho? Se quiser… — digo pondo a Ame na cama e me levantando e indo até ele.

— O que está fazendo? 

— Eu? Nada, só me levantei, não posso? Tenho que pedir permissão antes? —pergunto rindo e me aproximo mais um pouco. — Tá com medo de mim, por acaso, Bright?

— Por que eu teria medo? — diz ficando nervoso e tenta se afastar, mas pego o seu braço, o impedindo.

— Não sei, me diz você. — falo bem perto do seu ouvido e o sinto arrepiar e sorrio vitorioso.

— Sério… É melhor você ir embora… Por favor, Win. — pede ele, se soltando de mim e se afastando.

Ele me chamou de Win? É a primeira vez, em semanas desde que a gente se conheceu, que ele me chama assim. Não vou deixar ele ir tão fácil, avanço em sua direção e o abraço por trás. E passo o nariz pelo seu pescoço e o sinto estremecer nos meus braços. Aproveito a situação e venho caminhando com o Bright devagarinho, até a cama.

— Win… Não.

— Você diz uma coisa, mas seu corpo quer… Você quer isso tanto quanto eu. —digo baixinho e dou uma mordida na sua orelha esquerda.

O deito na cama e sinto o seu corpo contra o meu, sob os lençóis e isso me deixa em alerta. Seria um idiota se não sorrisse ao perceber a cara que ele estava fazendo, era de tesão puro.

— Por que… Você está rindo? — pergunta mas de olhos fechados. Ah, ele está com vergonha.

— Da sua cara, você já fez isso antes? — perguntei curioso.

Ele abre os olhos e me lança um olhar furioso, certo… É essa fúria que eu queria ver, esse brilho intenso… Isso, acertei bem na ferida.

—Vá embora por favor! — pede e tenta me tirar de cima dele, porém não me movi, nem um músculo sequer. — Isso é errado… Vamos parar enquanto ainda é tempo.

— E?

— E que isso também é contra as leis da igreja! — Fala num tom alto.

— Eu sou ateu. — digo e começo a rir da minha própria piada.

 Príncipe Do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora