Capítulo 8

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Notas da autora: Oiii gente, como vcs estão? Vou nem pedir desculpas pela demora - que não foi intencional. Quem é meu seguidor sabe que atualmente estou morando em outro país e se adaptar tem sido um processo cansativo, embora esteja vivendo a oportunidade da minha vida. Não vou prometer lançar o próximo capítulo rápido pq enfim, processos... e eu literalmente estou conduzindo uma pesquisa sozinha (rindo de desespero kkkkk).

Esse capítulo é curto mas acho que necessário para o caminho que a história está indo.

Aos leitores que continuam acompanhando, meu muito obrigada. Como sempre digo, escrevo esta história por vocês e para vocês.

Espero que todos estejam bem.

Beijos e abraços,

P.S.: (gente soquei no cy o cabeçalho/imagem que coloco no começo de cada capítulo kkkk descula)

PoT

Faziam semanas que não via Theo, não porque não queríamos nos ver mas ele voltara a trabalhar e a agenda dele estava se realizando em outro país

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Faziam semanas que não via Theo, não porque não queríamos nos ver mas ele voltara a trabalhar e a agenda dele estava se realizando em outro país.

Eu estava com saudade? Estava. Por mais que me incomodasse admitir.

Tínhamos algo sério? Não.

Eu talvez estivesse me iludindo com os meus sentimentos? Com toda certeza.

Eu repassava o nosso último encontro todas as vezes que não tinha nada para fazer e quando tinha algo para fazer, minha mente me traía. Me traía com o cheiro dele, com as mãos macias que passavam pelo meu corpo ou brincavam com as mechas soltas do meu cabelo. A memória de nos beijarmos — e ficarmos só nisso — no meio do campo de golfe aparecia nos meus pensamentos como um gotejar de água frequente em um pedra.

Eu jamais imaginara que alguém faria aquilo por mim. Eu sempre fui rodeada de pessoas que poderiam me servir da forma que quisesse, o tempo todo, mas aquilo, aquilo foi inimaginável.

O gosto do frisante ficava mais fraco nos lábios de Theo cada vez que ele me beijava. Mesmo que a noite estivesse fria naquele dia, os beijos e os abraços me mantinham aquecida. Eu queria voltar para aquela noite, como queria. Eu deveria tê-lo mais que beijado, no entanto, algo ainda me impedia de aprofundar, dar um passo a mais no que quer que isso fosse.

Respirei fundo e encarei o teto branco do meu quarto mais uma vez.

Quando me sentiria confortável suficiente para me entregar a alguém novamente? Sim, haviam os alertas de Sam — que me tiravam do sério — mas isso, sinceramente, era o de menos. Eu queria Theo, queria mesmo, mas ainda não estava naquele lugar.

Naquele lugar de certeza e conforto. Eu não era a pessoa mais obstinada a encontrar a felicidade, essa nunca tinha sido uma prioridade de vida - na verdade, por muitas vezes senti que ser feliz não era prioridade na família que eu havia nascido. Viver em Viljaäel, ser rodeada de protocolos nunca me permitiu ser quem eu gostaria de ser, até que saí de casa. Descobrir-se não era um processo fácil.

Mas com Theo - pensei, era tão fácil me descobrir, trabalhar onde eu trabalhava me permitia isso também. No entanto, havia aquele sentimento bem no fim de mim que isso não duraria. Maldito país, me sentia tão presa a ele, aos costumes, a minha história, tão presa quanto as montanhas de Kuppir ao norte do meu país, inabalável, jamais movida. As vezes eu tinha a sensação de que estava presa em um mesmo lugar e vendo a história dos outros passando diante dos olhos, enquanto as minhas vontades e desejos se dizimavam rente ao chão.

Suspirei, ou ao menos, tentei. Por mais que eu me esforçasse, me consumisse de vontade, ainda assim, sentiria o peso do nome da minha família sobre os meus pulmões cansados.

Revirei mais uma vez sobre a cama, eu deveria dormir cedo já que amanhã a semana começaria mais uma vez assim como meu trabalho no restaurante. Senti meu celular tocar e assim que vi o nome na tela, minhas mãos tremeram.

— Kaled? — perguntei exasperada.

— Enkelit suojelevat sinua, Sisko — respondeu ele na língua materna. — Irmã.

— Enkelit suojelevat sinua, Veli — respondi. — O que houve?

Nunca achei que receber ligações dos meus irmãos significavam boas notícias.

— Preciso que você retorne ao país.

Disse ele, no tom mais severo que já escutei saindo da boca de meu irmão.

— Calma, Kaled, porque? O que está acontecendo?

— A Família precisa de você aqui, a Instituição exige seu retorno.

— E o contrato?

O que estava acontecendo? O que significava isso?

— Kirsi — ele falou num sussurro baixo, algo estava profundamente errado. — Não pergunte.

— Não me dê ordens como se eu ainda fosse submissa à Instituição.

— Kirsi, você sabe muito bem o que diz o contrato.

— Sim e por isso mesmo, repito, não sou mais submissa à Instituição. Ou... à Família.

— Isto não é um pedido.

Eu respirei fundo como se isso fosse de alguma forma aliviar o peso que estava sentindo.

— Eu esperava qualquer coisa vindo de você, menos isso. E mais, eu dificilmente recebo uma ligação sua. Por que me ligar para falar algo que no contrato não há?

—Irmã, eu sei. Mas isso está além do que posso explicar agora.

— Tem alguém perto de você?

Ele não respondeu.

Silêncio.

— Kaled — o chamei.

— Que flores você quer para o seu retorno?

Não respondi.

— Peônias brancas?

Era um sinal. Sinal de que algo realmente estava acontecendo. Peônias eram as flores favoritas da minha mãe, eram as flores de primavera da cidade onde ela havia nascido. Quando ela faleceu, em todas as janelas da cidade, todas as famílias colocaram uma peônia branca nas janelas de suas casas. Para eles eram um sinal de apoio, pra nós, família Pesitriev, eram sinal de eterno luto. Kaled sabia disso, antes de eu ir embora, era algo que havíamos conversado sobre, como as peônias brancas não tinham um bom significado para nós. Ele não citaria as flores por nada.

— O que houve? — perguntei sentindo minha garganta fechar em terror.

— Vou a Londres te buscar em três semanas. Esteja pronta.

Ele não deu um tchau.

Ele não disse "os anjos vão te proteger" na nossa língua materna no final da sentença.

Ele apenas desligou o telefone.

Um peso caiu sobre os meus ombros mais uma vez e o sentimento de que a prece sagrada me protegeria estava distante.

Os anjos não me protegeriam, nem meus irmãos, aparentemente.

A noite passou rápido e não senti as pálpebras dos meus olhos pesarem nenhum vez. A frase proferida por Kaled parecia mais que uma sentença, um destino manifesto se construiu em cada sílaba da frase: a Instituição exige seu retorno. 

Loving Elleanor - As crônicas de Viljaäel (Vol. I)Onde histórias criam vida. Descubra agora