Pelas minhas reminiscências, era o início do inverno em Green Point, a estação onde tudo já começava a ficar frio e tempestuoso. O natal se aproximava e a cidade começava a se enfeitar para a grande data, mas surpreendentemente em nossa cidade, essa não era a data mais aguardada, e sim as eleições de Green Point, No páreo estavam o nosso atual prefeito, Demayo, e um outro homem, desconhecido por praticamente todos, ele era dono de uma empresa de enlatados e quis tentar carreira política, por que seu pai há bastante tempo havia sido prefeito da cidade ou algo assim, ele chamava Mitchell qualquer coisa, não importa muito. Mas o assunto mais comentado por todos na cidade era sobre uma misteriosa onda de incêndio que nos acometia, tendo sido o último deles há 4 dias. Minha curta estadia no hospital havia se terminado há alguns meses e desde então havia me sustentado apenas com pequenos casos que apareceram devido a minha fama como herói por ter prendido o ladrão do banco. Como de costume me levantei cedo e fiz um chá. A vista do meu quarto apesar de modesta, era muito bonita durante o inverno. Então apreciando essa modesta paisagem, eu me encontrava em frente a janela de pé. Naquela época do ano usava um suéter de tricô vermelho, que minha tia Anttoinette me deu quando era mais jovem, todos não cansam de dizer o quando esse casaco é ridículo e feio, mas ele é de longe um dos meus favoritos.
Quando estava pensando em me servir, mais uma vez, de chá, escutei um som muito peculiar o qual era um prelúdio de mais uma aventura: Minha campainha tocou, um curto toque, porém tinha certeza de que era um cliente. Saí aos tropeços rapidamente, esbarrei meu pé em uma pequena mesinha que ficava no canto da sala, e lá depositei minha xícara, antes que a quebrasse no chão com meus gestos atrapalhados. Ao abrir minha porta a imensa figura de um rosto conhecido muito bem por mim estava de pé à minha frente, com o mesmo olhar cinzento de sempre, só que dessa vez mais cansado, não sabia dizer se pela idade ou pelo problema ao qual o fazia recorrer a mim. Na minha frente estava o mais prodigioso cadente dos bombeiros, que eu descobri mais tarde, que àquela altura, já havia se tornado capitão, estava lá Oliver Black, meu velho amigo, desde a escola.
Oliver tinha sua tez escura como ébano e olhos cinzas como uma nuvem carregada. ele estava com profundas olheiras. ele era um pouco mais baixo que os meus 1,83m, mas seu robusto corpo o fazia se tornar mais intimidador do que alguém com mais altura. Seu sobretudo azul marinho com uma insígnia dourada do lado esquerdo facilmente me mostrou de onde o velho Olly Black vinha. Sem mais delongas disse em voz alta, depois de um silêncio entre nós dois.
— Oliver?... O próprio Oliver Black? Você está mudado amigão.
— Já você Anttone, não envelheceu um só dia.
— Tomarei isso como um elogio, seja lá o que for.
Nós dois rimos desse leve momento. Uma risada gostosa de partilhar, ainda mais com um companheiro a quem não via há quase uma década. Fiz um gesto para ele entrar, ele então tirou o quepe que estava debaixo do braço e entrou na minha sala. Ironicamente, depois de ter ficado um tempinho observando meu apartamento de cima a baixo, ele disse:
— E eu achando que você não conseguiria ser mais desordeiro.
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O Incendiário
Mystery / ThrillerO detetive I.R. Anttone, recebe de um velho amigo, um caso singular de um serial-killer que tem como arma para cometer seus crimes, prédios em chamas. E antes que mais sangue seja derramado, Anttone deve prendê-lo