CAPÍTULO X

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Eu acordei. Estava sentado numa cadeira de metal, com os pés e mãos amarrados por uma corda. O ambiente lá era inóspito e escuro, não conseguia enxergar nada a um metro na minha frente, mas percebi que uma fonte de luz muito forte advinda de trás de mim, uma vidraça ou candeeiro, talvez. Eu só conseguia pensar, no que havia acontecido depois que eu caí, como Selene estava? Por que Oliver não estava fazendo o que eu pedi? Era tudo muito incomum, até para os meus planos bem sem sentido aparente. Mas todos os meus pensamentos se dissiparam quando a figura negra de Bruce entrou no recinto.

Bruce era um pouco mais alto do que eu e ainda vestia seu macacão preto, dessa vez, tirou o capuz e eu podia ver com clareza seu rosto, quando ele ficou bem perto de mim. Bruce tinha a tez um pouco escura, e todo o lado direito de sua face, completamente deformado, devido ao incêndio que ele sobreviveu. Seu cabelo passava um pouco do pescoço e era escuro como a noite, seu olho direito era cerrado, não voluntariamente, mas como reflexo de toda deformidade, e ao vê-lo se aproximando, notei sua dificuldade a andar (Deve ser por isso que ele não me alcançou lá no prédio) eu então o perguntei:

— Bem. — Fiz uma curta pausa, enquanto reunia palavras — Vai me manter refém aqui até queimar a prefeitura?

Ele não deu uma só palavra. Continuava de pé na minha frente, olhou então para mim e apenas assentiu com a cabeça.

— Qual é? não vai dizer nada Drácula? Nem um "nunca mais" e tal? Nadinha?

Ele então se agachou um pouco e colocou um isqueiro prateado aceso entre o meu rosto e o dele e apenas disse:

— Eu não suporto gente como você.

Pude testemunhar um pouco de sua voz embargada e rouca ele então se afastou completamente. Eu o chamei de volta.

— Bruce, ei volta aqui.

— NÃO EXISTE MAIS BRUCE!

Eu senti a dor naquela frase, percebi então tudo que sua mãe havia me contado mais cedo. Bruce no fim das contas, era tão humano quanto eu.

— Sei que você não é um monstro, você é uma vítima da situação. Eu te entendo.

— Você não sabe de nada.

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