Prólogo

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Boston 22:55 | Physical – Dua Lipa

Meu corpo acompanhava as batidas da música e o meu coração parecia que ia explodir. As cores neons e deformes nas paredes da casa dos pais de Ethan, me levavam a crer que essa noite seria a melhor noite de toda minha juventude.

Eu estava triste com a partida, mas meu grupo de amigos não poderia fazer uma até rosinha – nome dado a social de hoje, porque isso aqui não é uma despedida. – comum, eles eram uns baderneiros em pele de anjo.

O pior deles, o mais inteligente e bonito estava com as mãos nos meus quadris e, colado a minha costa acompanhando o meu rebolado. Sinto seu rosto no meu e sua boca para perto do meu ouvido.

– Espero que não esqueça de mim facilmente, marrentinha. – Ethan me chamava assim desde o dia que o respondi atravessado na aula de química sobre quem deveria fazer a prática e quem anotava. Somos competitivos e nerds, é mais forte que a gente.

Viro em sua direção e respondo alto, devido a música – Seu narcisismo não deixaria. – ele me responde com uma risada e um olhar cheio de algo que não sei decifrar. Mesmo o conhecendo a cinco anos.

– Vem aqui.

Nos deslocamos facilmente para mais perto da casa, não tinha uma gente na festa. Mas tinha o suficiente para fazer muita bagunça na piscina e jardim. Ethan tinha sorte dos vizinhos estarem fora devido a alta temporada de verão, se não a polícia já teria aparecido.

Assim que passamos perto das mesas, olho rapidamente para Bea, que estava em uma discussão acalorada com o dois integrantes do clube de teatro. Minha melhor amiga era uma cinéfila maluca.

– Isso vai demorar. – diz Ethan com olhar brincalhão em direção ao grupo.

Rimos e entramos na sala de estar da família Evans. Uma sala bem conhecida por mim. A casa de Ethan era o ponto de encontro de quase todas as reuniões do nosso grupo. E ele era o meu melhor amigo também.

– O que você quer me dizer? Só por favor não me faz chorar. – digo logo pois eu não estava acostumada com despedidas. – Eu ainda não fui mais já estou com saudades.

– E eu? Tô perdendo minha melhor amiga para mais de dez mil quilômetros de distância. – soa exagerado quando balança seu cabelo loiro.

– Você não vai me perder. – penso em uma resposta melhor depois do seu olhar. – Só vou estar longe, mais ainda existe o celular, sabe?

– Eu sei, marrentinha. – ele respira fundo e seus olhos verdes claros me fitam indecisos.

De repente sinto seu lábios nos meus e demoro a me tocar que ele está me beijando. Quer dizer, isso não é novidade, tentamos algo cinco meses atrás antes dele decidir terminar algo que nem tínhamos. A verdade era que Ethan era indeciso em tudo que fosse fora da sua vida acadêmica brilhante. Já eu, não tinha paciência para isso, mas tirava proveito da situação. Beijar na boca sempre vai ser bom. Não estando apaixonada é melhor ainda. Afinal, eu nunca me apaixonei. Nem mesmo pelo meu melhor amigo lindo que estava empenhado a me beijar e pedir desculpas ao mesmo tempo. Um erro. O típico menino estadunidense fofinho demais.

Talvez isso tenha me feito tá virgem até agora, nenhum menino me fazia ter essa vontade de transar. Já a maioria das minhas amigas da escola estavam empenhadas a tirar a virgindade a todo custo. Mas eu era diferente em tudo, até nos hormônios. Ironia da noite de uma jovem de dezessete anos, que pensa demais durante um beijo.

•••

Estava cansada e sonolenta. Bea, estaciona o carro em frente ao jardim de minha casa, olho a placa escrita "vende-se" confirmando que eu não tinha tirado como minha mãe mandou naquela manhã. Eu não estava pronta, poxa.

– O suspiro é de preguiça ou é de, fiz besteira beijando o Ethan, logo agora que você tá partindo? – esse lado da minha amiga Beatriz, era o mais difícil. Ela sempre tem razão, mas dessa vez pode estar equivocada.

– Não, o suspiro é porque vou ouvir da senhora Mebuki por não ter tirado a placa de venda da casa. – digo apontando pela janela. – E foi ele quem me beijou. Ethan quis isso e eu dei. Somos jovens e amigos. A parada com os hormônios.

Rimos e ela me olha fazendo um biquinho chateado. Ana Beatriz, tem seu rosto redondo e olhos puxadinhos. Seu cabelo curto e definido por cachos eram um charme.

– Só me prometa garantir um japinha para mim quando for lhe visitar. – Bea era fã de kpoper (assim como eu) e estava feliz e triste pela minha ida ao Japão. – E não se esqueça de tirar fotos com os k-idols!

– Lá é interior! Não vai ter um k-idol andando na rua. Só deve morar gente velha, lá tem o menor número de população de todo Japão. –  o que é triste.

– Só por vias das dúvidas. – revirando seus olhos castanhos. – Vou sentir sua falta, Sakura.

Damos um abraço apertado e foi impossível não chorar. Com uma promessa de nós falarmos sempre me despeço da minha amiga.

Quando entro em casa, noto que minha mãe dormiu mais uma vez no sofá. Com certeza estava cansada. Cubro ela direito, e aliso seus fios loiros-areia iguais aos meus. A diferença era que eu pintava os meus de rosa desde dos quinze.
Com um suspiro constato, que a maioria dos móveis ficariam nessa casa, o lugar que vivi a minha vida toda. Vou para o meu quarto com o peito pesado. Tudo estava vazio – a não ser pela cama e as malas.

Tenho a certeza que Konoha não vai ser tão incrível como Boston um dia foi pra mim.

– Logo, logo eu volto.

Eu faria faculdade aqui e teria minha tão sonhada vida universitária. Não era Konoha nem a minha família que iriam tirar isso de mim.










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