Capítulo 1

83 15 9
                                        

Japão, Tóquio 9:06

O cheiro do capuccino me trazia calma. O que era bom, visto que eu estava tentando não me corroer com o misto de ansiedade e tédio. Nem eu sabia a possibilidade de sentir tais coisas ao mesmo tempo.

Olhando pelo lado positivo eu faria novas amizades e teria um novo lugar. Mas aí eu estaria mentindo para o meu coração e tudo que eu mais sonho.

Meu coração estava em Boston, lugar onde fui criada e vivi meus melhores dias. Onde estava meus amigos e a civilização. Esse último pensando me faz sorrir de forma cretina. Sou uma cretina. Estou indo para terra dos meus pais e ver minha avó que não via a quase um ano, desde de sua última visita.

"Pare de ser insensível, merda". Tenho que dizer isso sempre desde que fui comunicada pela minha mãe dessa mudança para o Japão.

O fato de conhecer bem o japonês não pode nem ser considerado uma barreira linguística. Uma pena, pois nos últimos dois anos venho religiosamente mostrando fatos positivos do porquê eu deveria continuar morando em Boston, para minha mãe. O que, de nada adiantou, visto que estamos tomando nossos cafés calmamente, à espera de Tsunade, minha avó paterna, no aeroporto.

Minutos depois a avistamos. Ela vestia uma blusa nude de botões larga, com um jeans branco e botas marrons. Seus cabelos loiros a deixavam mais charmosa. Uma mulher linda que não aparentava estar atingindo seus cinquenta anos. Assim que chega perto o suficiente de mim, me abraça.

— Minha menina! Senti tanto a sua falta. – me olhou nos meus olhos e colou suas mãos em volta do meu rosto. — Como está crescida, está uma mulher!

— Oi vovó! Não acredito que estou tão velha assim. – minha avó deu aquela risada escandalosa que fazia a gente rir apenas do jeito da risada dela. Ela me lembrava tanto o papai, os dois tinham a mesma risada contagiante.

— Quanto tempo, Tsunade. – minha mãe diz logo dando um abraço apertado na minha avó. Elas se davam super bem.

— Vamos! A nossa casa está perfeita, vocês vão adorar. – diz enquanto me dando mais um abraço de urso. Pegando a mamãe pelo braço nos levando para o estacionamento.
Seguimos para o estacionamento e entramos na sua caminhonete. Aproveitei pra mexer no celular.

Bea
"Aproveitando a viagem?"

Meus lábios repuxam para um sorriso lateral.

"Acho que o meu mal humor ainda não deixou.
Tenho mais cinco horas de estrada. Estou indo para o fim do mundo."


Konoha 15:23


Depois de três paradas para comer e ir ao banheiro, chegamos em Konoha. Algo que era de interesse público, mas ninguém notava, era que a cidade na verdade era uma reserva ambiental. Eu não sei como vai ser morar em uma reserva, mas tenho para mim que aqui não tem shopping ou baladas.

Na entrada da cidade havia duas guaritas, cada uma com um homem dentro e dois homens fazendo o controle da entrada no portão de ferro. Eles, ao que me pareciam, eram policiais mas suas fardas eram diferentes das dos outros policiais no país. A farda era inteiramente preta e no lado esquerdo do peito, em cima do coração, havia um símbolo, um leque nas cores vermelho e branco. Eu não tinha certeza, mas já tinha visto esse símbolo em casa, nas coisas do papai.

Eu estava mesmo entrando na grande toca dos lobos. Aquilo, parecia tão irreal quanto a estória dos meus pais.

Minha avó colocou a cabeça para fora e acenou. O portão arrastou para lateral direita e o carro avançou mas logo parou quando saímos do limite do portão para que ele logo se fechasse.

DestinedOnde histórias criam vida. Descubra agora