'Cause I knew you were trouble when you walked in
-Taylor SwiftROSE
Eu olhei em volta da sala. Era ampla, bem iluminada, confortável. Do lado esquerdo, um sofá roxo e macio estava disposto no canto. Do lado direito, uma estante repleta de livros e objetos psiquiátricos. E havia eu, sentada em uma poltrona no meio da sala.Encarei o relógio e suspirei. Ele estava atrasado.
Há cerca de um ano atrás, a mídia estourou com um caso peculiar e aterrorizante, sobre um homem que aparentemente havia matado a própria irmã. Todas as provas apontavam para ele. Ele não tinha álibi. Sofreu traumas demais na infância, e o pai era mentalmente instável. Dominic Maxwell era, em tese, a imagem perfeita do que uma criança que viu o pai enlouquecer pelo desaparecimento da mãe deveria ser. O tipo de psicopata que nasceu sem oportunidade de tratamentos para a doença, e consequentemente, perpetuou a imagem do sociopata nato: o carisma.
Sem as provas, ninguém diria que é um assassino. Era o tipo de homem atraente que cativa, encanta, e antes que você perceba, está contando todos os seus segredos para ele.
Mas ele não confessou ter matado a irmã. Não importava quanta pressão, não importava o que dissessem. Ele continuava dizendo que não havia sido ele. E então, em dado momento, ele passou a inventar histórias malucas e sem sentido. Qualquer profissional perceberia a falsidade na cadência de sua fala.
Mesmo assim, ao invés da prisão, ele foi encaminhado para um hospital psiquiátrico.
Eu ouvira as histórias. Ele era simpático, gentil e cooperativo. Não havia demonstrado nenhum mínimo sinal de violência. Apenas quando confrontado sobre a noite do crime, sua personalidade parecia mudar. Fora isso, as pessoas aqui gostavam dele.
Alguns, é claro, não. Eles insistiam que ele era manipulador, uma nova versão do famoso Ted Bundy.
Eu...Bom, eu não tirava conclusões precipitadas. Eu era psiquiatra haviam cinco anos, tinha certa experiência com assassinos, e, a melhor parte: eu era curiosa. E corajosa.
Voltei a olhar para o relógio.
Mas eu também seria rude se ele demorasse mais dois minutos...
Felizmente para o meu paciente, a porta foi aberta.
Dominic Maxwell. Cabelos dourados arrumados perfeitamente, uma mecha caindo sobre o seus olhos verdes de um jeito calculado. Maxilar definido, lábios carnudos. Nariz reto. Covinhas nas duas bochechas. Uma cabeça mais alto que a maioria das pessoas.
Ou seja, ele era, por definição, lindo.
Mas eu já sabia disso. Vi vídeos e fotos. Entrevistas atrás de entrevistas. Eu me preparei para a presença dominante, encantadora e, sem dúvidas, cativante dele.
Um rostinho bonito não iria funcionar comigo.
Dominic fechou a porta atrás de si e me ofereceu um meio sorriso de desculpas, mas eu sabia, pelo ângulo de suas bochechas, que não era sincero. Ou talvez estivesse esperando o pior dele, mesmo que fosse contra os meus princípios.
- Desculpe, doutora...- Ele ergueu as sobrancelhas, esperando por meu sobrenome.
- Miller. - Foi minha resposta, vaga e fria. Com ele, a melhor maneira de lidar seria assim. Sendo o mais distante possível, não oferecendo nenhuma dica sobre os meus pensamentos ou emoções.
Dominic apertou os olhos para mim mas assentiu, andando em direção à poltrona em minha frente.
Ele usava uma calça e sapato sociais e uma camisa de botões azul clara. Era a imagem do "chic", e sua forma alta fazia com que as roupas parecessem ter sido feitas para o corpo dele.
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Making You Know
RomantikDia 11 de Abril de 2020, Dominic Maxwell recebeu seu veredito. Culpado de matar a irmã, ele foi considerado, pela Federação Nacional de Psiquiatria, mentalmente instável, portando síndrome de Boderline, bipolaridade e alguns outros diagnósticos. Co...