06: Alibi

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You used me as an alibi.
- Olivia Rodrigo

DOMINIC

Eu não sabia se estava gostando desse trabalho de campo. A sensação era que eu era um espectador, esperando Rose descobrir tudo e arruinar cada coisa que foi cuidadosamente planejada.

Era engraçado porque, apesar de não saber de nada com certeza, ela atirava para todos os lugares certos. O instinto dela a guiava muito bem, eu percebi. Rose merecia estar no lugar onde estava: era extremamente inteligente e perspicaz.

Quando eu disse que a admirava, não estava fingindo.

Mas ainda assim...em uma semana, a mulher avançou casas no tabuleiro da minha história que nenhum outro policial avançou em um ano. Na verdade...

— Ei, doutora? - a chamei enquanto comia uns salgadinhos que compramos numa loja de conveniência. - Há quanto tempo está trabalhando no meu caso? Imagino que não seja só há uma semana.

Ela negou com a cabeça, estendendo a mão para pegar um salgadinho do meu saco - ela já tinha acabado com o dela -, sem tirar os olhos da estrada.

— Dois meses, mais ou menos. Quando percebi que já tinha estudado tudo o que era possível de longe, decidir começar as sessões com você.

Eu assenti. Fazia sentido. Ela não faria nada pela metade, claro.

— E agora? Vamos para onde? - Eu perguntei, com medo da resposta.

A única coisa que eu não queria era ver meu pai. Tirando isso, qualquer lugar seria uma distração bem vinda.

— Vou passar no hospital que dá os remédios ao seu pai, preciso analisar umas coisas no diagnóstico dele. Depois, vamos à um bar. - Ela completou, confiante.

Eu ergui as sobrancelhas.

— Um bar? Então isso realmente é um encontro. Doutora, você não aceitou ir na festa junina brasileira do hospital porque queria me embebedar e me levar para cama? - Perguntei, fingindo que estava ofendido.

As bochechas dela ficaram vermelhas. Fofa.

— Não, Maxwell. Quero ver se consigo jogar um verde com o pessoal do bar e conseguir algumas informações. E é bom que você esteja comigo: ninguém vai tentar me cantar se te vir do meu lado.

Eu senti algo bom no peito, e me endireitei no banco.

Se tinha uma coisa que eu sabia fazer, era lutar. Não ia deixar encostarem em um fio de cabelo de Rose.

— Obrigado por confiar em mim para te proteger. Não vou te decepcionar.

Ela assentiu e ficou quieta.

Não era muito boa em falar de sentimentos, e também ficava constrangida ao falar sobre relacionamentos.

Eu me mexi, inquieto. O silêncio era um pouco desconfortável. Me inclinei para colocar uma música, mas a mão dela encostou com leveza na minha coxa, me impedindo.

Engoli em seco, encarando os dedos finos, enquanto um choque ia da minha coxa até...

— Eu sei que não estou falando muito. Me dê um tempo, estou pensando sobre o que eu ouvi. Tudo bem? - ela murmurou. Eu mal prestei atenção.

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