03: Can't tell myself

8 2 0
                                    

To not ride along with you.
- Lord Huron

ROSE

Era nossa terceira sessão. Depois do primeiro dia, eu reaprendi tudo que eu consegui extrair dele, e tentei montar um plano de ação mais eficaz.

Ele não ia me falar nada sobre aquele dia. Pelo menos, não por enquanto. Então o melhor era trata-lo como qualquer outro paciente: aprender sobre seu passado, conhecer cada traço de sua personalidade, e quando certa confiança começasse a fluir entre nós, descobrir a verdade.

Até esse dia, eu iria fazer meu trabalho de fora: investigar, conversar com meus contatos, estudar sobre o crime.

De qualquer forma, eu não fiquei surpresa quando Dominic chegou cinco minutos atrasado.

— Eu sei, eu sei. Me atrasei de novo. - ele entrou dizendo, enquanto fechava a porta.

Hoje ele vestia uma calça clara e uma polo navy-blue justa, que deixava seus braços a mostra. Eu não era nenhuma inocente: se eu o visse na rua, com certeza chamaria minha atenção.

E acho que foi exatamente isso que fez com que ele conseguisse os primeiros 18 meses no hospital, apesar de tecnicamente ser culpado do crime: a beleza clássica e masculina.

— Já me programei para seus atrasos. Eu até chego mais tarde, também. - comentei, saindo de trás da mesa e me sentando em uma das poltronas, para que ficassemos frente a frente. As coisas se tornavam menos profissionais e mais pessoais assim.

Dominic sorriu e se sentou a minha frente.

— Eu sei o que está fazendo. Está tentando me deixar mais confortável, tornar nossa conversa menos ameaçadora. - se reclinou na cadeira, sem desviar os olhos verdes dos meus. - Não posso te dar nenhuma informação que você já não tenha.

— Vamos falar sobre sua infância, Maxwell. - Comecei, ignorando a provocação. Ele me olhou com tédio. - Você e sua irmã cresceram com seu pai e seu tio. Estou certa?

A expressão dele imediatamente mudou. Eu não sabia como ele tinha chegado até ali, porque o homem obviamente era péssimo mentindo e escondendo as próprias emoções.

— Qualquer um pode achar esse tipo de informação no Google. - ele rebateu.

— Não estou fazendo uma pesquisa na internet. Estou tendo uma conversa com você. - Respondi, sem me conter.

— Sim. Eu e ela crescemos com meu tio e meu pai. Satisfeita?

Assenti, realmente satisfeita. Fui fazer a próxima pergunta quando fui interrompida.

— Você tem irmãos? - Dominic perguntou, sem nenhum traço de ironia na voz. Ele deve ter percebido minha surpresa, porque acrescentou - Combinamos que isso seria uma troca, certo? Então vai ser uma troca.

Eu assenti. Ele não estava errado.

Eu não planejei literalmente contar sobre minha vida para ele ontem, mas o conceito mais básico da psicologia era que a troca de experiências incentivava empatia e intimidade. Então, parecia que brincaríamos de "primeiro encontro". De um jeito meio sádico e nada romântico.

Making You KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora