5| N ã o m e a j u d e

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  Aquelas paredes brancas e o silêncio,era insuportável para mim. Os médicos acompanhados de seus jalecos e papéis passavam por nós e nos olhavam com dó. Meu pai se mantinha distraído com seu rádio comunicador da polícia encostado em uma parede a alguns metros de mim .

   Eu estalava os dedos e ouvia músicas que usávamos para os treinos das danças das líderes de torcida. Alice tinha me mandado algumas mensagens perguntando o que aconteceu e se eu estava bem,na real tudo o que eu queria era ficar a sós com minha mãe. Porém eu tinha que ficar aqui sentada emanando ansiedade e nervosismo, enquanto minha mãe fazia uma série de exames.

  —   Família da senhora Maryse?  -  O médico de olhos azuis chamou nossa atenção.

  —  Sim, somos nós.  -  Meu pai veio ansioso até o médico me dando uma olhada rápida.

  —  Bom, não tenho boas notícias. O quadro da senhora Maryse Davis é bem avançado mas tem chance de cura,se ela começar a fazer os devidos tratamentos. -  O médico sorriu fraco, tentando nos teanquilizar.  — Porém o plano de saúde dela, não cobre nem a metade dos gastos, infelizmente ou vocês dão um jeito de arranjar um dinheiro extra ou só vamos ter que usar os poucos recursos que o plano de saúde permite.  -  O médico disse com um semblante triste.

  —  Isso não é problema doutor Derek,eu vou fazer mais turnos no meu trabalho e irei pagar o que for pra ver minha esposa bem.  -  Meu pai disse firme e disposto.

  —  Tá ok então, senhor. Assim que der entrada,vamos iniciar o mais rápido possível. - O médico Derek sorriu,me fazendo lembrar daquele sorriso de algum lugar.  — A propósito,podem vê-la.  -  O doutor pousou a mão sobre o ombro do meu pai,com um sorriso simpático.

  —  Obrigado.  - Meu pai deu um meio sorriso,preocupado .  — Bom, Melissa vou voltar ao trabalho e pedir mais turnos o quanto antes. Por favor, dê apoio a sua mãe e não apronte ok ? -  Ele me olhou seriamente.

  —  Como se o dinheiro que você ganha como policial ajudasse muito,eu vou trabalhar também ok? - Protestei cruzando os braços.  — Não adianta reclamar.  -  Revirei os olhos.

  —  Como quiser, você está certa mesmo . O quanto antes conseguimos o dinheiro,vai ser melhor pra ela .  -  Ele falou com o cenho franzido.

    Não trocamos nenhuma palavra, não era momento pra discutirmos ou ficar opinando. Era pra agir,meu pai foi direto pro trabalho e eu fui pro quarto da minha mãe. Vendo a mesma,dar um sorriso fraco ao me ver e passar as mãos no meu cabelo.

  —  Desculpa não ter falado nada antes Mel. 

  —  Tudo bem...  -  Sorri fraco.

   Ficamos conversando ali,mas nada sobre a sua doença. Mas sobre coisas felizes e o quanto ela era forte. E não seria qualquer coisa que iria derrubar. Como ela tinha que ficar internada até então,me despedi dela com um beijo na testa e antes de ir embora do hospital e ver se Alice conseguia um emprego pra mim no restaurante que ela trabalhava,fui até o banheiro.

   Encarei o  meu reflexo no espelho e instantâneamente,comecei a chorar. Comprimia meus lábios, tentando não desabar totalmente ali . Mas era quase inevitável, minha mãe podia morrer. Eu não podia ignorar isso,e essa sensação de que posso perder ela a qualquer momento era avalassadora.

  —  Você é forte.  -  Encarei meu reflexo, vendo minha maquiagem toda borrada.  —  Ela vai ficar bem,porra.  -  Tentei pensar positivo e ensaiar meu sorriso falso.

  —  Ou não,se fosse forte não estaria chorando aí sozinha pra um espelho. -  Ouvi a sua voz Alec atrás de mim,com você encostado na batente da porta do banheiro me olhando divertido.

Bad Boy(2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora