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O protesto contra a violência policial que começou pacífico, agora tinha se tornado uma grande bagunça. Tudo se iniciou quando a polícia usou bombas de efeito moral contra os manifestantes. O grupo de punks e as gangues que ali estavam não deixaram barato. Estavam atacando de volta com pedras, bombas caseiras e coquetel molotov. A polícia marchava em direção a eles, com seus escudos, armas, bombas e bastões, mas eles não recuaram. Vestido de preto e com uma máscara cobrindo o rosto, Yamaguchi jogou um coquetel molotov em direção aos policiais, ele gritava junto com os que lutavam ao seu lado quando, perto da onde a garrafa que ele tinha jogado pegava fogo, ele viu um garoto.

Ele era loiro e alto, estava com uma mochila nas costas e segurava um cartaz em uma das mãos, tentando tampar os ouvidos, completamente perdido no meio dos dois grupos.

- Puta merda, aquele burro vai se machucar! - Yamaguchi disse e sem hesitar correu em direção ao desconhecido.

Ele cobriu a boca e o nariz do outro com uma bandana, para evitar que ele aspirasse mais fumaça. Provavelmente, o garoto achou que estava em perigo, pois tentou se soltar de Yamaguchi que, com toda a força que tinha, o levou para longe do protesto, correndo enquanto cobria as vias respiratórias dele. Quando saíram da rua onde a resistência acontecia, Yamaguchi largou o garoto, que sentou no chão assustado, ele respirava com dificuldade e tossia muito.

- Aqui, água! Seu idiota! O que você tava fazendo lá no meio??? - Ele disse entregando a água pro loiro, que continuava atordoado, mas bebeu.

- E-eu não sei! Não sei! Eu tava com meus amigos e depois começaram a atirar bombas!

Yamaguchi levantou as mangas do casaco do rapaz, verificando se tinha algum número anotado, seu grupo costumava fazer isso caso alguém se ferisse, mas não tinha.

- Quem são seus amigos? Pra onde eles foram?

- Eu não sei! Eu não sei, tá bom??

Yamaguchi tirou a máscara, revelando o rosto coberto de sardas, os piercings no nariz, na boca e até na sobrancelha. Seu rosto estava manchado de vermelho por causa da sombra que tinha passado nos olhos. Por um momento, o loiro se distraiu com a beleza dele.

- Olha, onde você marcou de encontrar com eles? Eu te deixo lá! Mas vamos rápido, antes que a polícia apareça aqui!

Ele não respondeu, então Yamaguchi levantou e o ajudou a levantar, o apoiando em seus ombros e indo para mais longe ainda do protesto. No meio do caminho, o loiro desmaiou. Yamaguchi queria morrer, sempre se metia em confusão sem ao menos tentar.

- Como que esse idiota passa mal no meio da porra do protesto??? DAICHI! Corre aqui! Me ajuda!

Ele gritou quando viu o amigo correndo alguns metros a frente, Daichi veio correndo na direção dos dois.

- Caralho, você matou ele!

- Não matei! Ele desmaiou, acho que foi do gás. Cadê sua moto? Leva a gente pro meu apartamento.

- Olha, se isso der merda, eu não quero ver meu nome no meio não, você que se vire.

Ele disse ajudando Yamaguchi a levar o desmaiado pelas ruas, até a moto dele. Eles subiram, Yamaguchi ia segurando o loiro, nenhum dos três de capacete. Daichi, um homem alto e com tatuagens que cobriam seus braços e pescoço pilotava perigosamente, como se estivesse em fuga, cortando no meio dos carros.

Em poucos minutos, estavam no pequeno prédio no subúrbio da cidade. O loiro já recobrava a consciência, mas ainda estava confuso.

- Valeu, Daichi. Te devo uma.

- Eu vou cobrar, Ymas, boa sorte com esse bananão ai.

Yamaguchi sorriu com o apelido.

- Cara, você consegue subir as escadas? O que você tá sentindo? - Ele disse segurando-o, que apoiava todo o peso do corpo nele.

- O que? Escova?

- A fumaça te fez mal mesmo né? Vem, eu ajudo.

Com muita dificuldade, Yamaguchi conseguiu o levar até o terceiro andar pelas escadas apertadas. Dentro do pequeno apartamento de um cômodo, ele deitou o loiro no colchão, tirando os sapatos dele.

- Minha mãe vai me matar - Ele disse se aconchegando entre os lençóis.

- Quem é sua mãe? Qual seu nome?

Yamaguchi tentou.

- Tsukishima.

Foi tudo que ele disse antes de adormecer, ou desmaiar, no colchão. 

Riot Heart - TsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora