A antiga mansão Malfoy guardava muitos segredos; salas há muito esquecidas em que ninguém entrava, livros que ninguém lia, corredores por onde ninguém passava, agora tomados apenas por teias de aranha, poeira, e segredos.
Dentre todos eles lugares, havia uma sala em especial. Um lugar pequeno e abafado de formato circular, com duas estantes repletas de livros velhos e destruídos, e no centro, apenas uma mesa redonda de mármore. Sobre ela estava uma grande bacia de pedra, contendo algo misterioso que não parecia ser líquido nem gasoso.
E após tanto tempo abandonada, a porta da sala finalmente foi aberta mais uma vez. A passos lentos e incertos, sem trazer nenhuma iluminação consigo, entrou uma figura alta e coberta por um capuz. Com um movimento de sua mão, sacou de dentro da capa uma varinha. "Lumus" ele sussurrou, trazendo luz ao ambiente.
Após repousar sua varinha sobre a mesa, retirou também de sua capa um saco feito de couro, e de lá saíram mais e mais frascos, sendo espalhados ao redor da bacia na mesa. Algo prateado brilhava dentro dos vidros, refletindo a luz da varinha e da lua que entrava pela pequena janela, e cada um deles era etiquetado com um ano.
Draco Malfoy respirou fundo encarando seus frascos. Precisava de coragem para o que estava prestes a fazer. Lentamente levou a mão ao que tinha 1991 escrito no rótulo, e sem pensar duas vezes, o despejou na bacia.
Fechou os olhos antes de mergulhar sua cabeça na penseira, sentindo seu coração acelerar. Era uma sensação estranha, e logo não estava mais na sala imunda, mas sim no familiar beco diagonal. Ali tudo parecia ser lindo e feliz novamente; pequenos bruxos corriam alegremente de loja em loja, ansiosos para comprar seus materiais para ir a Hogwarts. As pessoas ali pareciam felizes e cheias de vida, algo que não via há tempos.
Olhando ao redor, em meio à movimentação de pessoas, ele viu a si mesmo; pequeno e alegre saindo da loja de vestes e uniformes com sua mãe. Seu pai os aguardava do lado de fora, não tinha uma expressão nada alegre ou paciente, mas mesmo assim, eram um trio elegante. Eram tempos melhores.
Draco seguiu seus pais e sua pequena versão, observando e se lembrando de tudo. Em algum momento no caminho até a loja de livros, a Floreios e Borrões, seu pai encontrou um amigo e disse que poderiam ir na frente pois os alcançaria logo.
E assim, mãe e filho entraram na loja de livros. Enquanto Narcisa pegava uma cesta para colocar os materiais do filho - usando apenas as pontinhas dos dedos, como se tivesse nojo de tocá-la -, Draco aproveitou para folhear livros que achava interessante.
- Já leu esse aí? - perguntou uma voz feminina desconhecida. - O título me parece interessante...
- Ah... nunca li - Responde o pequeno Draco meio sem jeito mas logo retoma a postura.
Tinha algo naquela menina que o chamou atenção. Não era a garotinha mais bonita, nem a mais arrumada, mas algo o chamava atenção. Seus cabelos desgrenhados e mal penteados, suas vestes de trouxa e a pilha de livros em sua cestinha
- Ah... que pena. É minha primeira vez aqui. Quero dizer, é minha primeira vez tendo realmente contato com bruxos - Ela suspira e sorri
Logo o garoto entendeu. Ela era nascida trouxa, uma sangue ruim dizendo como sua família.
- Sou a Hermione Granger - Ela estende a mão para ele
- Ah... - Ele olha para a mão dela e parece pensar duas ou mais vezes, como se estivesse com nojo - Draco Malfoy
- Draco? Ah olha... vejo que fez uma amiga - Diz narcissa sorrindo para a garotinha
Ela sorri para a mãe de Draco, mas o menininho parece um tanto quanto desconfortável.
- Quem são seus pais? Talvez eu os conheça - Ela Pergunta
- São aqueles lá fora. E tenho certeza que a senhora não os conhece, já que são trouxas, como dizem os bruxos. - Ela com certeza não via a maldade na cena, mas tanto o pequeno quanto o grande Draco que observava de longe percebiam
O olhar de Narcissa passou de esperançoso e alegre para decepcionado e sério.
- Ah... Ok - Diz a Sra. Malfoy lançando um olhar severo para o filho
- Ah, são eles me chamando. Bem, e um prazer conhecer vocês. Nos vemos em Hogwarts Draco Malfoy - Ela sorri e sai com sua cesta de livros indo em direção aos seus pais
- Draco... - Começa narcissa. O grande Draco dente um aperto em seu coração, e sua vontade era ir para junto deles e impedir o "seu eu" criança de ouvir as palavras a seguir
- Sim mãe? - Ele esperava por um sermão, ou até que ela chamasse seu pai
- Filho, ouviu o que a garotinha disse, não? Os pais dela são trouxas! E você pode ter todos os amigos mágicos e puros que quiser. Eu quero lhe pedir para ficar longe dessa menina, certo? - Ela segura as mãos do filho entre as suas
- Agora... eu não vou contar ao seu pai sobre ela. Sei que é um menino muito esperto e ficará longe dessa gente. Vamos pagar pelos materiais que peguei e depois poderemos tomar um sorvete - Ela põe a mão nos ombros do filho, a cesta de livros em seu braço, e o conduz até o vendedor para pagarem.
A cena se dissolve e ele pode apenas ouvir fragmentos de frases e algumas palavras que não pode entender. Mas algumas como um "O que eu perdi?" de seu pai, e um "podemos comer logo?" Que ele mesmo disse. Logo depois, estava de volta na salinha, o cheiro de livros velhos e poeira retorna ao seu nariz, e ele respira fundo para absorver o que tinha acabado de relembrar.
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Penseira - Dramione (Finalizada)
Fanfiction* Não aceito plágio * Todos os personagens são de criação de J.K Rowling, mas a história foi escrita por mim