Salvação// Pedro Guilherme✅

51 Momento desesperador

A sensação de estar próxima da morte era horrível. Vi minha vida passar como um filme, desde quando eu comecei a ter noção de que pertencia a esse mundo que foi por volta dos dois anos e meio, até os dias atuais. As cenas da minha família no sítio, meus pais dando banho de mangueira em mim e meus irmãos,nossos almoços dia de domingo, as vezes em que eu e a Dedê pegamos roupas da nossa mãe, meu primeiro beijo que foi horrível, meu aniversário de quinze anos que apesar de simples havia sido incrível, Henrique e eu fugindo da casa dos meus pais para o Rio, minha primeira vez, os momentos agradáveis que tive com meu ex, os momentos ruins que também foram com ele, a descoberta da gravidez de Mariana e a sua morte, Mica, Sabrina e dona Célia aparecendo como um anjo, Pedro caindo de paraquedas na minha vida com a ajuda de Sabrina e Gerson, a reconciliação com a minha família, quando conheci Carol e a doce Helô, o natal em família, o casamento do meu irmão onde Pedro conheceu meus pais, a festa de ano novo em que conheci Rosa, Catarina, Diego e Gabriel, Sabrina e Gerson me dando um sobrinho, assistindo a um jogo do meu amor pela primeira vez no Maracanã, meu primeiro dia de aula que me deu a Mel de presente, a audiência infame, Pedro sendo campeão, minha festa de aniversário, nossas viagens com os amigos e com a família e por fim Pedro e eu dando um passo importante na nossa relação que era morar juntos.

Henrique tinha ido atrás de mim com a única e exclusiva missão de me matar. Ele queria tirar tudo de mim, como se matar a minha filha já não fosse perca o suficiente. Henrique não queria que eu seguisse em frente, ele queria ter o prazer de tirar a minha chance de casar com Pedro, ter filhos lindos que seriam nossas misturinhas perfeitas.

Comecei a pensar em como seria meu futuro com Pedro se tivéssemos a chance de tê-lo. Iríamos nos mudar para uma casa com um quintal grande e com uma grama bem verde e macia, teria um pé de goiaba para as crianças subirem e eu ficar louca embaixo gritando com medo deles se machucarem, Pedro iria me abraçar por trás e me pedir para ficar calma porque crianças são dessa forma. Nossas famílias iam se unir no almoço de domingo e nossas mães seriam as culpadas pelas crianças serem tão mimadas, Thaisa, Sabrina e Dedê iam disputar para serem as melhores tias. Gerson, Davi e Victor iam ensinar as crianças a aprontarem e serem competitivas no vídeo game, meu pai e seu Marcos, levariam os meninos para a escolinha de futebol, enquanto a menina não sairia de perto de mim e de Pedro, porque seria muito apegada a nós. No final de um dia qualquer, depois que as crianças estivessem dormindo bem cansadas, Pedro e eu nos deitaríamos na nossa cama para fazer amor ou só dormir.

- Ficou doida porra? Olhando pro nada e sorrindo.- Ele gritou me fazendo despertar daqueles pensamentos tão lindos.

- Como sabia que eu estaria aqui? Como descobriu esse endereço?

Ainda estava encostada na parede, com Henrique a pouco centímetros de mim. Olhar pra ele estava me dando nojo.

- Sua amiga postou em um grupo de vendas que estava precisando de uma diarista, por ironia do destino a publicação chegou até a mim, por curiosidade entrei no perfil dela e vi várias fotos com você, juntei um mais um e cheguei a conclusão de que era aqui que você morava, mas de começo eu não ia fazer nada.- ele tentou me beijar, mas desviei meu rosto e seus lábios tocaram a minha bochecha.- Até sair aqueles resultados na audiência, depois que sair de lá fiquei elaborando um plano, tinha que ser rápido, então lembrei da postagem da sua amiga sobre a diarista, uma conhecida me ajudou nessa parte de falar no telefone, imaginei que as duas viriam juntas e acabou sendo melhor do que eu esperava e a sorte está tão ao meu favor que até o seu maridinho não foi te buscar hoje e foi tão fácil enganar o idiota do seu porteiro, foi só dizer que eu queria fazer uma surpresa pra você e minha entrada foi liberada.- Henrique esfregou o nariz em meu rosto.- Você estragou a  minha vida meu amor, não tenho mais nada a perder.