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Ok, vamos esclarecer algumas coisas, primeiro de tudo, isso é uma adaptação de um livro heterossexual, então é muito complicado adaptar, algumas coisas provavelmente estarão no feminino pois ficariam estranhas se eu mudasse pro masculino, então relevem por favor. Segundo, esse livro contem cenas +18, ou seja, não recomendado para crianças, mas eu sei que vocês irão ignorar isso, então eu peço para que não fiquem comentando a idade de vocês, por enquanto é só, boa leitura.

 Segundo, esse livro contem cenas +18, ou seja, não recomendado para crianças, mas eu sei que vocês irão ignorar isso, então eu peço para que não fiquem comentando a idade de vocês, por enquanto é só, boa leitura

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Você entra na livraria e mantém a mão na porta para garantir que ela não bata. Sorri, constrangido por ser um garoto legal, suas unhas estão com base, seu suéter de gola em V bege torna impossível não ver sua pele. Você é tão limpo que chega a ser sujo, e murmura sua primeira palavra para mim — "olá" — quando a maioria das pessoas simplesmente passaria por mim, mas não você em seu jeans rosa justo, um rosa saído de A menina e o porquinho, e de onde você veio?


Você é clássico e compacto, meu próprio pequeno Natalie Portman -em uma versão masculina, claro- quase no final do filme Closer — Perto demais, quando está de rosto lavado, se cansou dos caras britânicos maus e segue para os Estados Unidos. Você veio para mim, finalmente entregue em uma terça-feira, 10:06. Todo dia eu me transporto da minha casa em Bed-Stuy para esta loja no Lower East Side. Todo dia fecho sem encontrar alguém como você. Veja você, nascido em meu mundo hoje. Estou tremendo e tomaria um lorazepam, mas ele está lá embaixo, e eu não quero tomar um lorazepam. Não quero ficar mal. Quero ficar aqui, inteiramente, vendo você roer suas unhas com base, virar a cabeça para a esquerda, não, morder o mindinho, arregalar aqueles olhos, para a direita, não, rejeitar biografias, autoajuda (graças a Deus) e desacelerar ao chegar à ficção.

Isso!

Deixo você desaparecer nas prateleiras — Ficção F-K — e você não é a ninfa insegura padrão caçando um Faulkner que nunca vai terminar, nunca vai começar; Faulkner que irá endurecer e calcificar, se é que livros podem calcificar, em sua mesinha de cabeceira; Faulkner servindo apenas para convencer aventuras de uma noite de que você falou sério quando jurou que não fazia esse tipo de coisa.
Não, você não é como aqueles garotos. Você não encena Faulkner, seu jeans é justo, você é bronzeado demais para Stephen King e desligada demais da moda para Heidi Julavits, e quem, quem você irá comprar? Você espirra, alto, e imagino quão alto é quando goza.


— Deus o abençoe — digo.

Você ri e grita de volta, garoto safado.

— Você também, camarada.

Camarada. Você está flertando, e se eu fosse o tipo de babaca que faz
Instagram, fotografaria a placa F-K, filtraria a coisa e colocaria a legenda

"F-K sim, eu o encontrei."

Calma, Tom. Eles não gostam quando um cara chega forte demais, lembro a mim mesmo. Graças a Deus por um cliente, e é difícil escanear o previsível Salinger dele — mas sempre é difícil fazer isso. Esse cara tem o quê, 36, e só agora está lendo Franny e Zooey? Vamos lá. Ele não está lendo. É só uma cobertura para os Dan Brown no fundo da cesta. Trabalhe em uma livraria e aprenda que a maioria das pessoas no mundo se sente culpada por ser quem é.

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