Sins of the Fathers - Amo & Greta

3- Greta Falcone

3 dias antes - Greta

Estou ensaiando alguns passos em minha sala de ballet. Meu cachorro, Bear, me observa atento.
Olho no espelho e vejo Nevio entrando, sua camiseta está ensanguentada e o rosto machucado.

— O que aconteceu com você? — corro para ele.

— A gaiola não é delicada como você, Greta — ele diz sentando com dor.

— Deixe-me ver suas feridas — digo examinando seu rosto. — Devemos chamar Alessio, ele pode ver os machucados.

— Estou bem — meu irmão alega.

— Por que você se machuca dessa maneira? Qual o problema, Nevio?

— Tem uma garota me provocando, sinto que vou explodir por dentro, além disso, estou preocupado com Nova York — ele puxa minha mão. — Você é minha irmãzinha, como vou te defender se preciso cumprir minhas obrigações aqui como futuro capo?

— Nós somos irmãos, sempre estaremos ligados. Papai já disse que vamos nos ver todo fim de semana. Nossa família precisa de você. — digo pacientemente.

Nevio é impulsivo e extremamente protetor, assim como meu pai. Mamãe diz que ele é a cópia de Remo quando se casaram, destemido e um pouco selvagem.

— Se alguém te machucar, se algum garoto tentar algo, juro que será um banho de sangue — ele promete com raiva.

— Nada vai acontecer — suspiro. — E sobre os garotos... qual é Nevio, você me conhece.

— Esse mundo é cruel demais para você, Greta.

— Tem razão, mas assim como você, tenho sangue Falcone, sei me virar.

— Não consigo acreditar que você vai para Nova York.

— Nem eu — dou risada. — Você vai passar uns dias comigo na cidade, as garotas vão enlouquecer. Quero saber tudo sobre essa garota que você falou.

Ele ri ao meu lado. Sua cabeça se apoia em meu ombro e Bear corre para nós.

— Esse cachorro me odeia — Nevio protesta.

— Bear é uma gracinha.

— Papai conversou com Luca Vitiello antes de você ir — ele comenta, entrando em um assunto inesperado.

— Uau, parece que existe cordialidade na máfia afinal — digo com deboche.

— A famiglia só têm idiotas, Luca Vitiello é um deles.

— Você fala como nosso pai. Essa briga é tão antiga, não precisamos carregar o ódio dos nossos pais.

A porta se abre, somos surpreendidos por Aurora, que entra no estúdio rapidamente, seguida por Alessio e Massimo.

— Por que você fez aquilo?— ela pergunta irritada, se direcionando a Nevio.

Aurora sempre foi explosiva. Apesar de ser mais nova, ela é uma excelente lutadora e pretende se iniciar na camorra quando for maior de idade.
Seu pai Fabiano odeia a ideia, mas se o Capo a oferecer o juramento, meu tio não pode fazer nada.
Ela é a única garota que enfrenta Nevio no ringue, a admiro por sempre colocar meu irmão em seu devido lugar.
Sinto que ele tem uma queda por ela, mas nunca chegamos a conversar sobre isso, tenho medo que Nevio surte ao perceber que têm sentimentos que não são apenas fraternais por Aurora.

— Você precisa se controlar no ringue, Nevio. Você quase matou aquele cara — afirma Alessio preocupado. — Ele é um camorrista, se seu pai fica sabendo...

— Foda-se — Nevio se levanta e vai embora. Nós quatro nos entreolhamos, enquanto Nevio vai para a porta.

Aurora o segue irritada, mas Massimo, Alessio e eu permanecemos ali.
— Ansiosa para Nova York? — Massimo pergunta.

Alessio e Massimo são filhos de Kiara e Nino, os dois são as cópias dos pais. Alessio é mais falante, enquanto Massimo é um pouco mais reservado. Nós crescemos juntos, então é como se fossemos irmãos.


Nova York - Janeiro

Chegamos com nosso avião particular no aeroporto principal de Nova York. Fabiano, Aurora, Nevio e meus pais vieram conhecer meu apartamento.

Meu cachorro também veio conosco, apesar da insistência de deixá-lo em Vegas, tia Kiara achou que seria uma péssima ideia deixar Bear sem mim. Na verdade, eu o traria com ou seu autorização, ele é parte da família.

Tio Nino e os outros ficaram em Las Vegas para manter o controle da cidade. Minhas aulas começam na segunda e vamos aproveitar o fim de semana para passear pelos pontos turístico.

Descemos as escadarias da aeronave e dois carros de luxo nos esperam.

— Essa cidade é um gelo — comenta Aurora se agarrando ao moletom.

— Assim como seu coração, Aurora — meu irmão comenta baixinho.

Nosso veículo é escoltado por alguns soldados da Camorra. Nevio fala durante todo o trajeto, ele explica para Fabiano como torturou homens da Bratva que entraram em nosso território.

Meu pai observa em silêncio, enquanto minha mãe se aconchega em seu peito. Minha atenção se volta para a janela. Nova York é uma cidade imensa, muito maior que Las Vegas. Algumas placas indicam que estamos na quinta avenida. 

Paramos em uma rua paralela, então alguns seguranças descem antes para verificar o local.

— Chegamos — Remo afirma. 

— Esse lugar é maravilhoso! — minha mãe diz animada.

 — Gostou do bairro, Greta?

— Parece ótimo!

— A academia de Ballet fica muito próximo, o que vai facilitar sua segurança — meu pai diz e nos ajuda a descer do carro.

Entramos no elevador e o apartamento é gigantesco. É tão aconchegante. Aurora e Nevio vão explorar o prédio, enquanto Fabiano verifica a segurança do local. Minha mãe começa a arrumar as coisas em meu novo quarto.

Bear late animado com sua nova casa, enquanto eu e meu pai ficamos sozinhos. Ele parece abalado.

— Tem uma sala de ballet para você praticar no andar de baixo — ele diz. — Foi ideia do seu irmão.

— É perfeito! Obrigada pai. 

Remo parece ligeiramente emocionado, mas pigarreia tentando esconder seus sentimentos.

— Compramos todo o prédio, então sabemos exatamente quem são seus vizinhos. Nossos soldados vão morar nos outros apartamentos, e reservamos uma suíte para eu e sua mãe, para quando viermos te visitar.

— Obrigada por sempre me manter segura — me aproximo dele e o abraço. 

— Sua felicidade é a coisa mais importante, mia cara — ele sorri.

É difícil ver meu pai sorrindo. Nevio, mamãe e eu conhecemos seu lado doce, humano, mas sei que como líder da Camorra, Remo Falcone é visto como um monstro. As histórias podiam ser aterrorizantes, mas eu preferia não acreditar em algumas coisas que ouvi durante a maior parte da minha vida, queria acreditar no lado bom das pessoas.