2- Amo Vitiello

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DEZEMBRO

Acordo em um sofá, estou apenas de cueca e têm duas garotas ao meu lado. Olho ao redor, têm bebidas por todo lado, minha cabeça está latejando, mas tento me lembrar do que aconteceu.

— Merda — xingo em voz alta e me visto imediatamente. 

Ando pelo apartamento de luxo procurando por minha irmã, estou com a arma na mão caso precise ameaçar algum idiota. Marcella está deitada ao lado de um rapaz.

— Marcella! — chamo por minha irmã que levanta descabelada e assustada. Por um milagre ela está vestida.

— Que merda! — ela se levanta. Coloca seu salto alto, pega sua bolsa e veste um casaco grosso de pele. Por fim, se despede de seu companheiro.

 — Não vai deixar seu telefone? — estamos saindo do apartamento quando o homem que estava com minha irmã grita.

Eu reviro os olhos, já estou acostumado com esse show. Marcella olha para ele e dá risada.

— Baby, você não quer meu telefone, confie em mim, eu sou problema — ela puxa meu braço. — Vamos, Amo.

Entramos no meu Bugatti, está nevando em Nova York, então prefiri vir de carro até a festa.

— Nosso pai vai nos matar — digo para minha irmã mais velha.

— Estamos ferrados — ela sorri para o espelho. Enquanto dirijo, Marcella retoca a maquiagem e arruma seus cabelos negros.

— Quem era aquele cara? — pergunto.

— Não faço ideia.

— Se a Famiglia descobre suas artimanhas...

Marcela acende um cigarro e dá de ombros. 

— Ninguém vai descobrir nada, você é meu parceiro de crime.

— Sempre vou te proteger, mas você sabe que a Famiglia têm tradições idiotas.

— Que se fodam as tradições! Eu não vou me casar com nenhum velho e quando você for Capo, vai acabar com esse conservadorismo.

Chegamos a mansão Vitiello, os soldados permitem nossa entrada. Pelo jeito não tem ninguém em casa e me sinto aliviado. Entramos de fininho pela porta, a casa está vazia. 

Subimos as escadas, mas somos surpreendidos pela voz do meu pai. 

Luca Vitiello está sentado em uma poltrona com um copo de whisky.

— Vocês acham mesmo que não sei que os dois passaram a noite fora? — Luca pergunta irritado. — Eu sou o capo, não é tão fácil me enganar.

— Estávamos na casa da Rose — Marcella argumenta, mas meu pai dirige a palavra a mim.

— Você é o futuro capo, Amo. Não pode colocar sua vida e da sua irmã em risco, e se vocês são surpreendidos?

— Não queria te decepcionar, capo — digo calmamente, desta vez me posiciono como soldado, e não como filho.

Minha mãe entra na sala e me abraça.

— Eu estava tão preocupada — ela diz com lágrimas nos olhos — Vocês estão bem?

— Sim, mãe — eu a abraço de volta. — Perdemos a hora e acabamos dormindo na Rose.

— Então vamos nos preparar para a ceia de natal — Aria se aproxima do nosso pai e o beija.

 — Não seja tão duro, Luca. Eles só estavam se divertindo.

— Só me preocupo com a segurança deles. Amo é meu sucessor, precisa parar de se meter em confusão.

— Ele me lembra Matteo — minha mãe diz, mas já estou farto das comparações com meu tio.



Mamãe insistia em decorar toda a casa para o Natal. Era algo importante para ela, já que todas suas irmãs estavam juntas, mas sei que um vazio consumia seu coração, pois seu irmão mais novo, que também era executor da Camorra, não podia se juntar a nós.

O lustre de cristal iluminava a sala de jantar, todos estavam elegantes.

Ser filho de um dos Capos mais poderosos do país é uma missão complicada. Desde pequeno me preparei para essa vida, aprendi a lutar e atirar, a torturar e derrotar meus inimigos, tudo em nome da Famiglia. Confesso que todos esses atributos fazem as garotas suspirarem por mim, existe algo hipnotizante em ser o cara mau.

Enquanto meus pais davam boas vindas aos convidados, Marcella se ajeitou ao meu lado no sofá, com uma taça de champanhe. Minha irmã tinha um estilo próprio, vermelho era sua cor favorita, hoje nós dois estávamos vestindo alguma marca de grife que eu não fazia ideia.

Ela é minha cúmplice. Apesar das implicâncias na adolescência, nossa relação se baseia em pequenos favores. Se Marcella precisa de mim, estou lá, se eu preciso dela, ela me ajuda.

— Estou feliz que puderam vir — mamãe cumprimenta Cara e Growl, que estão acompanhados de seus filhos.

— Aquele não é o irmão bastardo de Remo Falcone? — Marcella me pergunta curiosa, se referindo a Growl.

— Sim, ele é nosso aliado. 

Matteo se senta ao nosso lado, tia Gianna parece entediada.

— Fiquei sabendo que vocês aprontaram — tio Matteo me cutuca. — Tem uma garota na jogada?

— São tantas, já perdi as contas — digo rindo.

— Esse é o meu garoto!

— Tenho certeza que Marcella também não está ficando para trás, não é? — tia Gianna provoca. — Na idade de vocês eu aprontei muito.

Minha irmã se inclina para tia Gianna, as duas brindam e dão risada.

— Suas histórias são famosas na famiglia, titia.

Nossa bela prima Sara vem até nós junto com Isabella, a única filha de Gianna e Matteo. 

— O que vocês estão fofocando? — Isa pergunta curiosa.

— Histórias de família.

— Ficaram sabendo da novidade? — Sara pergunta. — A filha do Capo da Camorra vai se mudar para Nova York.

— Achei que os filhos de Remo estavam mortos.

— É o que todos achavam — diz Matteo. — Ninguém sabe o nome dela, nem sua aparência.

— Remo é um lunático, tenho certeza que a filha é um desastre — digo pensando no capo de Las Vegas. 

Conheci Remo Falcone aos 15 anos, quando acompanhei meu pai em uma viagem de negócios até o estado de Nevada. Hoje tenho 21 e posso apostar que nunca conheci alguém tão sanguinário como o líder da Camorra.

— Dante Cavallaro também têm dois filhos — comenta Sara. — Leonas vive nos tablóides, o garoto é um problema para a Outfit. Já sua irmã Anna, pode ser a aposta do Capo.

— Marcella também é uma aposta — digo com orgulho.

— A famiglia não sobreviveria comigo no comando, eu mataria todos os homens idiotas — minha irmã ri.

— Eu já acho que você seria uma excelente Capo — nossa prima Isabella afirma.

 — Mulheres Vitiello sempre tão rebeldes! — meu tio abraça sua filha e suspira fundo, como se pudesse prever que os problemas só estavam começando.

Sins of  the Fathers - Amo & GretaOnde histórias criam vida. Descubra agora