Um Acordo

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— Está atrasado.

A voz rouca de Taehyung, em um tom áspero, preencheu o silêncio da sala assim que Jeongguk pôs os pés para dentro da casa.

— Me perdoe, senhor Kim, não irá se repetir. — Abaixou a cabeça constrangido, curvando o tronco para frente em um ângulo de quase noventa graus.

Como um lembrete tardio, seus olhos arregalaram-se ao se recordar que havia dito aquelas mesmas palavras há dois dias, então levantou-se rapidamente questionando alarmado:

— O senhor não irá me demitir, não é?

Taehyung o observou profundamente. Se isso fosse o que tinha em mente, Jeongguk jamais saberia.

— Ande, vamos começar logo os exercícios. Ainda não tomei meu café da manhã.

— Sim, senhor!

O homem, em sua cadeira de rodas, rolou os olhos tediosamente, antes de manobrá-la em direção a um dos quartos.

— Taehyung, Jeongguk. — falou arrastado, expressando seu cansaço em sempre ter que repetir. — Somente Taehyung.

O jovem estudante, apesar de tudo, sorriu aliviado.

Estava cansado. Naquele semestre as coisas não estavam indo nada bem. O divórcio de seus pais tinha se concretizado em uma avalanche de mágoas, discussões e amargas recriminações, sem contar no mar de dinheiro gasto com advogados.

Ainda assim, mesmo separados, eles lhe ajudavam como podiam, considerando principalmente a situação estressante em que se encontravam. Mas os custos com a faculdade de fisioterapia, o apartamento alugado, materiais para estudo e o básico para sua sobrevivência, não estavam sendo compatíveis com o que conseguia em seus dois empregos fixos, mais a pouca ajuda que recebia deles.

Em resumo, se mais algum imprevisto acontecesse, como o do início do mês, quando acabou adoecendo e precisou usar parte de suas economias para cobrir gastos com medicamentos, não saberia o que faria para pagar os últimos semestres da faculdade.

Jeon Jeongguk tinha certeza que, do jeito que as coisas estavam, não poderiam ficar piores.

Seu celular apitou ao receber uma mensagem.

Claro que tinha como piorar!

Entrou no quarto de seu paciente com os olhos presos no aparelho, contendo uma imensa vontade de chorar e espernear no chão feito criança mimada.

Estava afundando.

Sentia-se como um aleijado sendo jogado em um mar revolto, lutando para manter a cabeça para fora da água a cada palavra lida naquela mensagem. Seus pulmões se apertavam e o suor frio brilhava em sua testa. Tudo que sempre planejou para o seu futuro estava cada vez mais difícil de conquistar.

Um Passo [KTH + JKK]Onde histórias criam vida. Descubra agora