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Naquele momento ela o afastou. Fez o que tanto tinha medo e deu as costas para aquilo que, até então, havia se tornado o mundo dela. Ele tentou de todas as maneiras fazer com que mudasse de ideia. Não adiantou. Sua pequena continuou andando por um caminho escuro feito o breu na noite. Coitado. Corria, gritava seu nome. Nada. Então ela sumiu e a escuridão o consumiu. Entorpecido pela dor, vagou sem rumo. Cada gesto o lembrava dela. "Por quê?". Perguntava-se pela enésima vez. Nunca saberia. Logo foi tomado pela raiva. Sentia um calor vibrante dentro do peito. Era ela. De alguma forma ele sabia que era ela ali.
– 01/06/18



E as palavras voam.
Como aves ao sentirem o gosto da liberdade.
As palavras abraçam e envolvem.
Como a escuridão fria e sorrateira.
Palavras nos salvam.
Como a crença em algo maior faz todos os dias.
- 2015



Eles enfim estavam juntos. Depois de anos. Finalmente ele poderia segurá-la em seus braços. Deuses! Nenhum dos dois poderia imaginar o quanto necessitavam desse contato. Ela sentia uma perturbante vontade de beijá-lo por inteiro. Sem receios ou pudores. Traçar cada detalhe com a ponta dos dedos. Bagunçar o cabelo dele e arrumá-lo logo em seguida. Ele a queria, por inteiro. E sabia que a tinha de corpo e alma. Então tratou de eliminar a distância que os consumia encaixando seus lábios nos dela. Aquele beijo estava repleto de saudade. Com o peito em fogo, ambos ficaram ali, na tentativa de eternizar o momento. Os dedos dele ficavam passeando pela cintura dela, quase que fazendo cócegas. Já ela, com as mãos, fazia um cafuné de leve. E mais uma vez perceberam a carência a qual emanava dos seus corpos, um pelo outro.     – 01/06/18



Ao invés de me apegar a objetos,
me apeguei a sentimentos.
Ao invés de me importar com pessoas,
me importei com palavras.
Descobri que sentimentos são controladores
e quase nunca controlados.
Descobri que o poder das palavras
pode ser igual ao de uma bomba atômica.
Objetos e pessoas,
tão efêmeros e substituíveis.
Sentimentos e palavras,
tão duradouros e quase imperceptíveis.
– 2015

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