7 Hardin

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-Tessa, está tudo bem? – a minha voz soa seca e transparece todos os meus sentimentos sobre esta saída inesperada da Tessa, principalmente estando diagnosticada e medicada. – Tess, por favor responde-me.

-Não, não está. Estou...estou – soluça ela.

-Tessa onde estás? – o meu subconsciente dispara de raiva e medo e, apesar de me ter comprometido a levar a Emery ao campus, não me contenho e saio de casa.

-Hardin, Hardin? És tu, porque te liguei? – a voz dela está confusa e trémula, e essa frase ecoa na minha cabeça fazendo-me perder o controlo.

-Não te preocupes, eu vou-te buscar, sabes dizer-me onde estás? – esta situação seria evitada se ainda tivesse a localização dela no meu telemóvel como dantes. -Tess preciso que me respondas...

-Estou dentro do carro, e tenho uma mulher com madeixas rosas choque a tentar entrar, parece aflita Hardin! Deixo-a entrar, entrar onde? -descreve.

-Querida, chama-se Molly e tu decidiste encontrar-te com ela, deixa-a entrar por favor. E mal o faças, passa-me o telemóvel a essa senhora, pode ser? – tento conter as lágrimas.

-Hardin, por que caralhos ainda a deixas conduzir? – a voz dela soa prepotente.

-Eu já estou a caminho, ela, como é que ela está? E podes explicar-me o que raio aconteceu? – a voz doce da Tessa desaparece das minhas memórias, sendo substituída pela perdida e confusa que há segundos me deixou.

- Bem, são episódios comuns, onde o doente passa da realidade à ficção e confusão retornando vezes sem conta a este processo, muitas vezes alucinando e mutilando-se em busca da verdade que não observa. – refere a Molly.

Volvidas umas horas estamos em casa a ver um filme de thriller como se nada tivesse sucedido, pois para ela, nada disso aconteceu de facto. Decidimos, mais tarde, contar aos miúdos, que inevitavelmente, receberam mal a notícia. A Emery demonstrou o seu apoio incondicional à mãe, já o Auden apenas ficou petrificando dizendo "a mamã vai gostar sempre de mim?" o que a Tessa o garantiu.

-Querida, podemos falar? – as minhas faces estão tensas, e as dela também. – Vamo retirar-nos para o quarto!

O olhar dela é cabisbaixo e, quando a sua face encontra o tecido da almofada os seus olhos cansados contraem levemente, sei que não está preparada para esta conversa e, tendo isto em conta, evito o tema.

-Sei o motivo de estarmos aqui, a Molly contou-me do episódio... - aborda ela delicadamente, deixando-me estupefacto.

-E, como te sentes quanto a isso? – afasto-me do facto do medo constante de que me esqueça estar a emergir. – Sei que não te lembras de nada devido ao medicamento, mas se quiseres conversar, sou o teu marido porra.

-Eu sei disso Hardin, e é mesmo sobre casamentos que quero falar. – as suas feições alteram-se. – Hardin, eu acho que nós...

-Não penses em acabar essa frase Theresa Young. – interrompo-a.- Jamais me peças para eu me separar de ti, jamais me peças para deixar de te foder, deixar de sentir o teu cheiro, deixar de te comtemplar ao adormecer, não mo peças nunca, porque jamais o farei.

Solta uma risada:

-Adorei o teu discurso senhor escritor, mas não era propriamente isso que me passa pela cabeça.

-Graças a deus, pois sabes tão bem como eu que somos inevitáveis. – suspiro de alívio e, apercebo-me de que não me chega a dizer o que facto tencionava dizer. Quando me prontifico a perguntar-lhe, os seus braços enrolam-se no meu dorso e adormece. 

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⏰ Última atualização: Mar 20, 2021 ⏰

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AFTER - Até ao último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora