C a p í t u l o 9

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O relógio marcava que faltavam apenas dez minutos para às 6:00p.m. Minhas mãos suavam de tanto nervosismo, parecia que estava cometendo uma espécie de crime, de fato era um crime, estava quebrando uma regra de obediência ao rei e o pior era não sentir culpa daquilo.

Queria conhecer Áster, saber profundamente qual eram seus costumes, entender a razão pela qual se ter orgulho de nascer aqui e não saberia ficando trancada lendo livros ou vendo imagens sobre o país, queria conhecer caminhado pelas ruas o cheiro das ervas nativas que tomávamos chá.

—Acho isso uma tremenda loucura! — proferiu Scarlet encarando-me como se fosse um ser de outro mundo. Ela não concordava com esse passeio, dizia que era perigoso, principalmente para o príncipe que já tinha um rosto conhecido pelas ruas, mas não dei ouvidos, segui o que eu queria e não o que os outros mandavam que fizesse. Não queria ser uma boneca que Aidan moldasse segundo suas ordens, alguém que não possui opinião sobre nada, essa não seria eu.

—Loucura nos tira da realidade, querida Scarlet. — retruco me levantando da cama onde calçava meus vans. Demorei um tempo para aceitar a amizade de Scarlet, mas não aceitei de forma alguma a indiferença de Helena, então a única dama de companhia que deixei ao meu lado foi alguém que confiava. —Afinal de contas estarei com o príncipe, quem faz mal a um príncipe? — questiono colocando uma mochila nas costas e respirando fundo por toda aquela adrenalina, meu corpo estava em um combate interno por toda aquela emoção, parecia que iria ter um ataque cardíaco, mas só era a velha e boa sensação do eminente perigo. Entretanto, de que perigo estava falando? Qual era o perigo que insistia em desestabilizar minha respiração? Parecia que tudo dentro de mim estava fora do lugar.

—As pessoas fazem mal até para quem amam, Bria, imagine para um príncipe, também há alguns que não são totalmente sujeitos ao trono, aqui existe de igual maneira a insatisfação. — Scar declarou com seu rosto coberto por sentimentos que não conseguia decifrar, parecia que a garota tinha algo a me dizer, mas preferiu calar-se.

Sorri tentado a tranquilizar que tudo ficaria bem, não tinha como nada dar errado, não se fôssemos sigilosos.

Três batidas na porta às 6:00 em ponto foram o suficiente para eu quase saltar. Não precisei vê-lo para saber que era ele, o cortês e arrogante Zander surgiu na porta quando Scarlet foi abrir com seus cabelos escuros bagunçados e sua postura rígida.

—Pronta? — perguntou e eu apenas assenti tocando nas alças da minha mochila. — Perfeito.

Sabe quando sua consciência suplica para que se faça a coisa certa, mas algo dentro de você insiste em dizer que suas ações terão consequências, elas sendo boas ou ruins, então irá preferir se arrepender de ter ficado parado ou de caminha entre o mar sabendo que possivelmente se afogará, só que a diferença é que o mar são todas as oportunidades que te esperam durante suas escolhas e o ficar parado é apenas o contemplar de todas as oportunidades das quais nunca teve coragem suficiente para escolher.

Zander e eu caminhávamos lado a lado, porém éramos dois desconhecidos um para o outro, em apenas alguns dias de convivência ele provou-me ser alguém do qual não valia a pena ter por perto, não sabia e nem desconfiava dos seus sentimentos em relação a nada e eu não era uma caçadora de garotos problemas. O caminho que percorríamos era desconhecido, não fazia a mínima ideia se o já tinha feito, apesar de tudo aqui ser muito parecido, tinha total certeza que nunca havia cruzado aquele corredor antes.

—Achava que havia seguranças por todos os corredores do palácio. — observo enquanto seu olhar permanece atento por todos os lados.

—Seguranças? — repetiu meio duvidoso de qual significado daquela palavra. Grunhi entendendo que algumas das palavras que falava eram de um significado desconhecido para eles.

A Herdeira : PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora