Lily

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O céu em Nova Iorque estava nublado naquela tarde, logo que Luke parou seu porsche preto em frente ao meu prédio no Uper East Side eu subi as escadas correndo. Estava vestindo um moletom rosa, calça jeans e um all star branco, os fios dourados do meu cabelo estavam presos em um coque frouxo no topo da minha cabeça e o comentário dele sobre eu estar "acima do peso" fez com que eu sentisse vontade de colocar toda a comida para fora.

-Querida? Está tudo bem? - perguntou minha mãe batendo de leve na porta do meu banheiro.

-Acho que a maionese do sanduíche estava estragada, mamãe. - menti com os braços em volta do vaso sanitário.

Lavei a boca enquanto encarava meu reflexo no espelho. Eu não fazia isso com frequência, apenas quando escutava comentários desnecessários sobre o meu corpo. Sim, eu sei que não devemos deixar as pessoas nos afetarem tanto, mas palavras são poderosas, elas podem destruir ou salvar vidas dependendo de como são usadas e quando criticas destrutivas partem de alguém que amamos, o estrago consegue ser maior ainda.

Após sair do banheiro me joguei na cama, estava sendo um dia estressante, afinal era também o dia em que eu receberia a resposta da NYU. Eu contava que entraria, pois tive notas altas durante todo o meu período escolar, mas ainda assim meu lado pessimista insistia em dizer que eu não passaria e seria para sempre desempregada. Para ser sincera, acho que esse é o principal pensamento de todos os jovens. Quem disse que com 18 anos somos maduros o suficiente para escolhermos um curso que definirá toda a nossa vida profissional pelos próximos 40 anos? Essa pessoa com certeza estava sob o efeito de drogas ilícitas. A maioria de nós escolhe seus cursos sob muita pressão, seja a pressão dos colégios, dos pais, do mercado de trabalho, a verdade é que não escolhemos com a total convicção de que é isso que realmente nos fará feliz, que nos fará completos. Pensamos em números, em cargos, em aprovação, pensamos nos outros e não pensamos na nossa própria satisfação e por isso, nos tornamos seres frustrados no final. Nos vemos presos em algo que não nos agrada, relutamos para levantar da cama, todo dia é um sacrifício, trabalhar é doloroso. Tudo isso porque nos pressionaram a escolher por escolher e não a ouvir o nosso coração.

Logo que peguei o livro "Garota exemplar" para começar a leitura, meu celular tocou.

-Lily, pega o notebook agora e entra no seu e-mail. Eles estão enviando as admissões. - Gritava Vee, minha melhor amiga, do outro lado da linha. -Vai agora! Eu estou surtando, vamos olhar juntas.

Liguei o notebook com o coração acelerado e as mãos suando, nervosa pela resposta que eu estava prestes a ter.

-1,2,3! - Fiz a contagem regressiva, clicamos juntas.

-ENTREI!! - Berrou Vee.

-EU TAMBÉM!! - Falei animada.

Josh, namorado de Vee, mandou mensagem para ela logo em seguida contando sua aprovação. Nós 3 havíamos passado, gritamos tanto que fiquei rouca. Foi um dos dias mais excitantes da minha vida e eu não conseguia entender muito bem o motivo. Eu faria Direito e não porque é o que meu coração diz, mas sim, o que meu pai espera que eu faça. A notícia boa é que pelo menos eu estudaria longe de casa e dividiria um apartamento com uma das pessoas preferidas da minha vida.

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