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LOTHAL
Obi Wan Kenobi

Em meu quarto espero enquanto Satine está indo tomar seu banho com Ahsoka sendo sua guia até o banheiro feminino. Tomo meu chá e deixo meus pensamentos me guiarem de volta ao passado, de quando eu ainda era um padawan e Satine uma jovem que ainda não tinha o peso de governar um planeta em suas costas, mas estava fugindo da guerra e dos que a queriam morta.

Não era um cenário ideal para se apaixonar ou sequer começar um relacionamento, mas percebi em algum momento meus sentimentos por ela, mesmo depois de toda a briga que tínhamos em todo momento, devido ideologias tão diferentes. E claro, meu mestre percebeu, mas nada dizia sobre isso.

E Satine também não era nada discreta, mas sabia do meu comprometimento com a ordem, mas mesmo assim em um fatídico dia cometemos um erro. E desde dia, ela carrega um ressentimento muito grande por mim e pelo o que eu fiz.


Qui gon havia saído para o povoado mais próximo, não podíamos andar com Satine e correr o risco de ela ser vista e reconhecida. Tive que ficar com ela como seu guarda costas, o que não me agradou, mas conseguimos achar um esconderijo, uma caverna melhor dizendo, entre as rochas para fugir da tempestade lá fora.

Tivemos que tirar nossas roupas molhadas e fazer uma pequena fogueira para seca-las, Satine se enrolou na manta que usa para dormir enquanto eu esperava de costas até que ela terminasse de se aprontar. Eu apenas tirei meu manto e as partes de cima da túnica, não poderia tirar todas as minhas roupas, e se mestre Qui Gon chegasse e nos visse assim? Ele já desconfia de meus sentimentos pela jovem loira, além de que estamos fugindo, não posso me dar ao luxo de que tenha tempo de ao menos colocar as roupas antes de ter que lutar.

— Você está tremendo – ouço Satine atrás de mim. E de fato eu estava, observo minhas pernas estremecendo de frio cobertas pela calça encharcada.

— Eu estou bem, não se preocupe – apenas digo, tentando minimizar a minha situação, enquanto olho sentado em volta para o lado de fora, em busca de algum inimigo.

— Você não é imune ao frio, mesmo sendo jedi – ela ironiza – Precisa tirar essas roupas e vim para o calor.

— Muito obrigado pelo convite, mas não. Preciso estar atento e vigiar, não se esqueça que estão te procurando em todo o canto – olho-a encolhida no canto com a fogueira a alguns passos de distância. Ela ao menos parecia aquecida enquanto nossas roupas estão esticadas no chão para secarem.

— Se você morrer de hipotermia, eu realmente estarei em perigo. Além do mais não sabem que estamos aqui, e Qui Gon só deve esperar a chuva passar para vir até nós. E eu não quero que ele ache que eu deixei você morrer de frio – suspiro pesadamente querendo evitar uma discussão, mais uma.

Vou até a fogueira e estico as mãos querendo um pouco do calor. Mas com as roupas molhadas e a caverna escura e fria, está difícil conseguir me aquecer mais do que isso.

— Você vai precisar tirar essas roupas encharcadas – suas sobrancelhas loiras se arqueiam ao me ver tentando me aquecer e falhando visivelmente.

— Eu não tenho nada para me cobrir, Satine – respondo com pouca paciência. Onde está o mestre? Porque ele teve que ir e eu ficar aqui de guarda costas?

— Vamos dividir o meu manto, ele é grande e assim compartilhamos calor. Vamos conseguir nos aquecer bem mais assim – ela propõe. Ah não, nem pensar!

— Olhe, isso é não respeitável para você e nem para mim – começo a dizer antes dela me interromper.

— Então você prefere morrer de frio e me deixar aqui a mercê de qualquer um enquanto seu corpo apodrece do meu lado até o mestre Gui Gon aparecer novamente? – ela falando assim parece que eu sou garoto irresponsável e mimado que não escuta os responsáveis.

A Devoção do sithOnde histórias criam vida. Descubra agora