capítulo 1

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Dobrava a última esquina até minha casa. Um frio em minha barriga me deixa desconfortável, hoje o dia não foi muito bom. - Caminho em passos lentos, não estou com pressa, afinal, sei que Hayley não ficará nada feliz com minhas notas. Nunca fui a melhor aluna da sala, e também nunca fui a pior, sempre a que tira B, C com sorte um A. Mas hoje, na prova que está em minhas mãos, apenas um F, oque não é nada bom.

Somos apenas eu e Hayley contra o mundo desde sempre. Tinha seis anos quando fui parar num orfanato, Hayley tinha onze. Vivemos lá por um tempo, até eu ser adotada por uma família no ano seguinte. Hay ficou no orfanato, não foi adotada, ninguém queria ela, as pessoas nem sequer olhavam para ela. Quando o lugar enchia de adultos procurando um filho, ela era escondida, nem direito de mostrar-se para o mundo ela tinha.

O orfanato era um lugar conturbado. Quando as crianças chegavam em uma idade, na qual elas entendiam oque estava acontecendo, elas perdiam a inocência. A raiva, o rancor, a tristeza, e o medo de jamais sentir um amor puro as tomava. Pra nossa sorte tínhamos uma a outra, sempre fazendo companhia e aguentando tudo juntas. Hay cuidava de mim da maneira que podia. Eles tinham pouca verba, ninguém se interessava em manter aquele lugar, então, quando chegava na hora do almoço, Hayley sempre me dava um pouco do que ia comer. Estávamos sozinhas, não tinha mais ninguém que conhecíamos. Nem sabíamos direito oque tinha acontecido com nossos pais.

Minha mãe me pegou no colo e me levou até o quintal da casa, ela me colocou dentro de um buraco no chão, e em seguida o fechou. É tudo oque me lembro. - abro a porta adentrando a casa, tiro meu casaco colocando o mesmo no cabideiro ao lado da porta. Hayley aparece em minha frente, estava tentando ter certeza se era eu ou não. Um sorriso fraco aparece em seu rosto, a mesma acaricia a barriga, e se vira indo para a cozinha logo em seguida.

A casa é feita de uma madeira bem comum por aqui, toda pintada de branco, por dentro e por fora. Mas tanto dentro, quanto fora, está descascado. Alguns quadros de fotografias na parede, quadros antigos. Em um deles está Carliste e Elizabeth, meus pais. Uma das únicas fotos que nos restou. Eu a encaro pelo menos duas vezes por dia, tentando gravar o rosto deles em minha mente, mas logo depois eu esqueço como eles são. Isso acontece porque eu não me lembro como eles eram, e minha mente não quer aceitar o rosto que eu aceito.

Eles nos deixaram duas casas, essa na qual estamos e a do pântano, onde morávamos com os lobos. É óbvio que nunca mais voltamos lá, a casa ainda nos pertence mas deve ter outros donos agora, mas nem ligamos, então tudo bem. Uma boa contia em dinheiro também foi deixava, não muita, apenas o suficiente para comprarmos uma casa nova, ou pra recomeçar em outro lugar, um lugar mais seguro.

Claro que continuamos aqui, afinal, Nova Orleans é o nosso lugar. Nascemos aqui, e iremos morrer aqui.

Caminho até a cozinha deixando os quadros para trás. Já os encarei uma vez, falta mais uma. Não vou desistir, quero me lembrar, quero saber oque aconteceu, porque foram assassinados. Mas nem sei por onde devo começar.

- Como foi na escola? - De costas para mim, Hay tira uma chaleira do fogão, e coloca a mesma na mesa. Ela me olha sorri, e me pergunta.

- Foi bem...- digo pegando a xícara, que agora está cheia. - Está melhor hoje? - Pergunto encarando sua barriga.

Hayley está grávida de dois meses, não foi planejado, e nem sei se ela queria, mas ela aceitou. Não sei muito sobre o pai da criança, sei apenas o nome, e alguns boatos que escuto. Ele é a personificação de monstro, ele é cruel, frio, um Psicopata. Ele tem mais de mil anos de idade. A natureza fez um favor a ele o tornando imortal, ao contrário dos vampiros de histórias antigas, esse, não morre nem com uma estaca. Me pergunto como deve ser a vida de uma pessoa assim, saber que você jamais irá morrer, isto te da mil possibilidades. Mas ao mesmo tempo, as pessoas humanas que ele conhece, morrem, e sobra apenas ele e sua família.

Não sei se isso é uma coisa boa. Eu não gostaria de ser imortal, viver sabendo que todos os que amo são humanos, e que logo morrerão... É terrível para mim. Mas não para ele. As pessoas no mundo sobrenatural falam muitas coisas, não o irrite, se o vir não o encare. Não faça inimizade com ele, não srua inimigo dele... não seja amigo, ou morrerá por ele. A Imortalidade tem seu preço, o Preço é ver todos que ama mortos.

- Estou sim, obrigada. - Ela logo me devolve um sorriso. Tocando a barriga suavemente. - Tomei alguns remédios, isso me ajudou.

Fixo meus olhos nela encarando-a.

- Você oque?

- Calma, não vão fazer mal ao neném. - Ela diz, respiro fundo.

- Não fui nada bem nas provas...- Digo a Encarando. Hay não diz nada, a mesma se levanta colocando as xícaras na pia, virando seu rosto para a janela que fica em frente à mesma.

- Você está com a cabeça muito cheia ultimamente. - Ela se vira me encarando. - Não tem dormido direito, tem tido pesadelos todas as noites, Não precisa se preocupar eu entendo!

- Como sabe dos pesadelos? - Pergunto.

Ela se afasta da pia saindo da cozinha, me levanto da cadeira seguindo a mesma. Passo do batente que separa os dois ambientes e ela para também, olhando para a porta, seus olhos estão fixados na mesma, ela está apreensiva.

- Ser lobisomem te permite certas coisas.

- Você está bem? - Pergunto me aproximando, ela se vira para me olhar, e sorri.

- As vezes temos que fazer escolhas difíceis por um bem maior. - Ela se aproxima de mim, suas mãos tocam meu rosto.

Seus olhos estão avermelhados e marejados, suas bochechas estão rosadas e suas mãos frias. Em um susto, a porta é aberta, o ato foi tão rápido que nem consegui ouvir a maçaneta ser girada. Hayley, me solta se afastando de mim, vejo-a tentar forçar um sorriso, o mesmo sai depois de um tempo, a encaro sem entender. Dois Homens aparecem na porta, um de terno com o cabelo penteado para trás, e o outro de jaqueta de couro e o cabelo bagunçado, os Homens encaram Hayley, e ela faz o mesmo.

- Não Klaus, eu me arrependi, não posso fazer isso. - Ela fala se aproximando deles.

- Tarde demais, acordo é acordo! - Ele diz sorrindo pra ela.

- Oque ta acontecendo? - Pergunto encarando os três.

Outros dois Homens aparecem pela porta, eles caminham em minha direção com um pano branco na mão, caminho para trás tentando me afastar, oque está acontecendo?. Bato na parede, meu coração está a mil por hora e posso senti-lô sair de meu peito, o Homem se aproxima de mim.

- HAYLEY! - grito desesperada, sem entender oque está acontecendo.



Avisos do autor:
Esse capítulo não foi revisado, perdoem os erros.

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