Ângely Labonair
Bacon frito, torradas cremosas, bolo de chocolate e café. Sinto o cheiro no exato momento em que abro meus olhos, estou em sua cama, no mesmo lugar que estava a uma semana atrás quando ele me resgatou. Vejo-o entrando no quarto com uma bandeja de café da manhã, ele sorri pra mim, um sorriso simples e gentil, que faz meu coração saltitar. Ele caminha em minha direção, e coloca a bandeja em cima da cama, próxima a mim.
— Bom dia, como se sente? — ele da a volta e vem para meu lado, se sentando na cama.
— Me sinto ótima. — mostro meu melhor sorriso e ele assente.
De todas as coisas que imaginei que aconteceriam, isso jamais foi pensado. Pela primeira vez, ele se abriu para mim e me disse pelo menos um terço do que deveria ter dito, e só isso já me deixa completamente feliz.
— Eu machuquei você, me desculpe. — Klaus me olha e seus olhos brilham, por que ele está se desculpando?
Como se lesse minha mente, ele gesticula para minha barriga, não entendo o que ele quer dizer mas levanto minha camisola mesmo assim. Várias marcas roxas expostas por todinha pele, me assusto, não sinto nenhuma dor nem nada do tipo. Desembrulho minhas pernas e verifico, ambas estão normais. Encaro seu rosto, ele está de cabeça baixa e triste.
— Ei. — seguro sua mão e seus olhos encontram os meus. — Estou bem não estou?
— Sim mas...
— Sem mais, esse tipo de coisa acontece o tempo todo comigo. — minto. Não vou deixar ele se sentir mal por algo que não teve intenção de fazer, estávamos felizes felizes excitados demais para tomarmos cuidado. Estou bem, meu corpo não está doendo nem nada assim, são apenas marcas.
Ele balança a cabeça e me sinto melhor — Coma, temos que ir pra mansão organizar algumas coisas antes de irmos. — ele aponta para a bandeja, franzo o cenho.
— Irmos aonde?
— Faremos uma viagem, amor. — ele ri, agora ficando mais alegre.
— E posso saber o destino? — ele revira os olhos e se levanta.
— Itália, tenho alguns assuntos a tratar lá. — ele ajeita seu terno e gesticula novamente para a bandeja. — Você deve repor suas energias!
— Sim senhor! — digo e pego uma torrada com creme e levo-a até minha boca, é realmente muito boa. — Vou com você nessa viagem? — ele revira os olhos novamente e sinto vontade de rir.
— Não vou deixá-la aqui, não depois de tudo. — sua voz fica séria e assinto.
— Obrigada por ontem. — mudo de assunto, ainda não consigo acreditar sem porcento que ontem foi mesmo real. Cada toque, cada olhar, cada beijo... não foi nem de longe como imaginava minha primeira vez, mas foi incrível.
— Queria te dizer tantas coisas, você significa tanto pra mim...— Klaus se aproxima e segura meu rosto em suas mãos, seus olhos passeiam por meu rosto e sua boca levanta pelos cantos num pequeno sorriso, é inevitável não sorrir também. Solto a torrada de minha mão e puxo sua gravata, trazendo-o para mim. Nossas bocas se encontram, língua com língua, lábios com lábios, sua pele tocando a minha é como uma canção antiga, de alguma lenda.
Adoraria viver em seus lábios, em seu corpo, em si. Mordisco sua boca e nos afasto respirando rápido. — Você precisa ir...— digo, tentando me conter. Sinto ele balançar a cabeça em concordância e então ele se afasta.
— Termine, leve o tempo que precisar, estarei lá em baixo te esperando. — ele sorri novamente e me deixa sozinha no quarto, nosso quarto.
Olho para as paredes escuras, e então para a parede de vidro e encaro o lago. Caralho eu estou feliz! Estou realmente feliz com tudo isso. Jamais desistiria e isso é verdade, não dele pelo menos, de sua amizade. Fecho meus olhos e me sinto leve, como se estivesse flutuando. Ele me levou para a banheira, e me limpou, depois me vestiu e me colocou ao seu lado na cama. Me puxou até ficar colada a si, e fez carinho em mim até dormir também. Não estava realmente dormindo, apenas cansada e de olhos fechados, tive medo de despertar e tudo sumir. Mas não mais, não hoje pelo menos, e manhã, Itália.
A mansão está passando por reformas e tudo é uma completa zona, poeira e cascas de tinta pra todos os lados, os únicos lugares não afetados pela mudança são os quartos e os salões. Klaus se enfiou no escritório desde que chegamos, o que me deixa livre pra andar e falar com todo mundo. Alguns Guardiões me seguem por todo o canto com sacolas e caixas de papelão, resolvi que quero todas as minhas coisas de volta. Roupas, acessórios, mobília chique que tinha no meu quarto, vou levar tudo e eles apenas me obedecem. Não é estranho no entanto, ter todos fazendo tudo por mim, já era assim antes, mas de uma maneira diferente. Agora é como se eu mandasse, e não precisasse ser vigiada como antes.
Bonnie e Elena andam comigo pelo meu quarto me ajudando a empacotar tudo, é melhor ficar na casa da floresta por enquanto. Lá tem mais privacidade e é bem mais aconchegante do que um clube cheio de pessoas vinte e quatro horas por dia, e tudo que preciso é ficar sozinha com ele. Bonnie fica calada a maior parte do tempo, apenas ajudando e dando opiniões de vez enquanto, Elena me enche de perguntas desde; “como foi tudo?” “você está bem?” e a mais comum; “Vocês estão realmente juntos?” e não sei o que responder a esta última, mas sim Elena, estamos juntos. Não houve um pedido e depois de tudo o que passamos duvido que vá, mas dizer isso isso voz alta me assusta, é mesmo real?
É bom, é realmente maravilhoso, mas é como se não fosse durar, como se não existissemos aqui.
Uma batida na porta chama nossa atenção, todas paramos de fazer o que estamos fazendo para encara-lá enquanto a mesma se abre.
— Fazendo serviço de mudança agora? — Katherine provoca Elena enquanto invade o quarto. — Sabia que precisava de grana, mas não fazia ideia que estava vendendo trabalho braçal, triste até pra você Eleninha. — ela cutuca o nariz da outra, e Elena bufa se esquivando de Katherine.
— Se encostar seu dedo sujo em mim outra vez eu...
— O que, vai chamar seu cão de guarda pra te salvar? — Katherine cruza os braços e encara a sua igual. A mesma rosna e deixa uma caixa jogada no chão.
— Quando estiver sozinha, me chame. — Ela diz saindo pela porta, Bonnie olha de relance entre mim e Katherine e então pigarreia.
— Ah. — Katherine finge surpresa ao ver Bonnie e então cruza os braços, com um sorriso diabólico no rosto. — Vai se retirar ou precisa de ajuda até pra isso?
— Chega! — reviro os olhos. — Bonnie a gente se vê no refeitório ok? — A morena concorda e sai pela porta fechando-a. — Precisava de tudo isso? Elas são minhas amigas, droga.
— Acalme se minha querida, todos já estão acostumados comigo, por mais que as vezes não pareça. — Ela se senta numa poltrona e olha envolta.
— Estar acostumado e aceitar seus ataques sai coisas opostas. — Ela ignora.
— Está se mudando pra onde exatamente? — seu rosto vira pra mim.
— Vou morar com Klaus. — Sua expressão muda pra surpresa, surpresa genuína desta vez.
— Então vocês estão realmente juntos? — assinto, ela se levanta. — Ótimo, sabe quantas horas de sono sono tive nessas últimas semanas em que você esteve fora? — ela ajeita seu casaco. — vinte e três, e isso não chega nem perto do que eu preciso pra recompor todos os ataques que tive por sua culpa!
— Ei! — Me levanto. — minha culpa? Meu Deus, pare de pensar em si mesma Katerina, pelo menos uma vez! Eu fui SEQUESTRADA!
— E acha que eu não me preocupei com você? Ele nos deixou presas aqui, sem poder sequer ajudar, a única ajuda que ele queria era da bruxa Benett. Eu era inútil, Elena como sempre foi inútil, mas eu queria ter feito algo por você. — ela confessa, respiro fundo.
— Ele disse que você desistiu de fugir por mim, é o mínimo a se fazer mas vindo de você isso significa... tudo. — engulo em seco. — não tivemos tempo pra conversar sobre aquilo, as cartas, você ser minha...
— Não. — Ela me corta, levanto a cabeça para encara-lá e vejo seus olhos marejados. — Você merecia saber de tudo, mas ainda não estou pronta para falar sobre aquilo. Sua mãe, você, eu, o que isso significa, eu não...
— Tudo bem. — concordo sorrindo. Sinto meu peito se apertar, e quero abraçar Katherine, quero dizer que ela jamais é sozinha novamente.
— Ele tirou vinte anos da minha sentença. — ela ri. — isso são como dois anos na vida humana mas é o máximo que consigo agora.
— Pense pelo lado positivo, daqui sessenta anos você ainda estará jovem e linda, e rica. — Gargalhamos juntas sobre a possibilidade.
— E você, provavelmente uma idosa rastejando pra lápide.
— É, e espero que não fuja da sua responsabilidade de cuidar de mim. — ela para de rir, sua cara se fecha novamente, mas ela concorda.
— Faça boa viagem Ange. — Ela diz, e antes que eu possa raciocinar, estou nos braços de Katherine, abraçando-a.
Já havia terminado de empacotar tudo, e cada caixa desde a mais pequena a mais grande estava dentro de um enorme caminhão rumo a casa de Klaus. E por incrível que pareça, no final, foi Katherine quem me ajudou com tudo, embora ela procurasse pretextos para me deixar irritada, rimos muito e foi uma tarde divertida. Entro no refeitório e vejo Elena, Damon e e Bonnie sentados juntos, ambos me veem e sorriem para mim.
— É verdade que largou a dupla da sobrevivência pela professora da sobrevivência? — Damon diz assim que me sento no banco ao lado de Bonnie.
— Se você não calar sua boca, você logo fará parte da dupla de não sobreviventes.
— Aí, essa doeu. — ele ri.
— Ela não trocou a gente, a vadia que entrou sem ser convidada e nós expulsou. — Elena intervém e diz a ele o que aconteceu, Damon arregala os olhos e me encara.
— Mas olha, isso poderia ter sido evitado se nosso pequeno Demônio quisesse. — ele ri.
— Damon. — Bonnie avisa.
— Ele tá certo, mas eu tinha coisas pra conversar com ela. — Todos na mesa me encaram.
— Com a vadia da Katherine? — Bonnie me analisa.
— Conto outra hora, a história é longa e eu estou cansada.
— Pelo seu cheiro de sexo eu tenho certeza que não é de empacotar caixas. — Damon parte um pedaço de pão e o joga na boca.
— Tem certeza que o cheiro não vem de você? É mais forte desse lado. — ataco de volta, ele apenas sorri de lado. Esse é seu lance, jogar e provocar.
— Tudo bem. — Elena bate na mesa. — Deem um tempo vocês dois.
— De qualquer forma eu já estou indo. — me levanto e jogo um beijo para eles.
— Nos traga presentes. — Elas pedem.
— Me traga uma caixa de charutos mais cara que você achar. — Damon corre para me acompanhar.
— Não tá afim de injeção letal?
— Hm, já tentei e não funciona muito bem.
— Certo, um outro veneno então. — tento andar mais rápido.
— Olha. — ele me para, olho pra entrada do refeitório e depois pra ele. — fico feliz que esteja bem.
Toco minha mão na sua e a seguro bem forte, giro-a e encosto meu joelho em sua barriga, antes que ele perceba já está no chão, e sua gargalhada ecoa alto.
— Certo, vingança é um prato que se come frio. — ele ri.
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Mikaelsons e Labonairs - O Começo
VampirosUma divida foi cobrada, e agora Ângely Labonair deve viver durante um ano junto de seus inimigos naturais, e o pior monstro já criado. Numa mansão altamente protegida em Nova Orleans, onde bruxa, vampiros, híbridos, Hereges, vivem e convivem juntos...