Fantasmas a retornar

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5 anos depois.

Me debrucei sob a janela fitando o grande descampado. Rapidamente a paz de minha manhã fora interrompida pelo burburinho adolescente sob meus pés, mais exatamente o enorme pátio que tinha como vista de minha janela.

Não pude deixar de desviar meus olhos em direção aquela balbúrdia. Tsc Pirralhos! Ali meus mais novos retrucas se dividiam entre risadas e provocações entre si. Um a um o local fora se enchendo, podia sentir o cheiro de hormônios no ar.

Sério? Logo pela manhã?

Revirei os olhos para logo em seguida voltar a andar pelo meu quarto. De forma apática agarrei a jaqueta tom caramelo que se encontrava perfeitamente alinhada sob o cabide, a deslizei sobre a camiseta de linho branco e me dirigi para fora de meus aposentos.

Um lance de escada a baixo, passei em passos duros pela nossa rústica sala de jantar. Tudo ali era de madeira pesada, o cheiro de serragem e pão inundavam o local. No recinto, mais alguns dos meus jovens cadetes se empurravam entre as mesas.

Era incrível como eles sempre parecem estar em maior número do que realmente são. Meus pelotão é composto por 7, mas os mesmos se embolam tanto e conversam em tamanha demasia, que tem dias que posso jurar que 100 pessoas habitam este lugar.

Cogitei se deveria ralhar com eles neste momento pela bagunça, porém limitei-me a dar de ombros e encaminhar-me para a pequena cozinha. Ninguém merece gritar com esses pirralhos antes mesmo de um bom café.

Cheguei ao pequeno e confortável cômodo, porém logo uma visão me deixou ao ponto de arrancar meus próprios cabelos. Alguns talheres jogados sob o balcão de madeira poluíam completamente minha visão, estremeci pronto para dar meia volta e levar cada um de meus recrutas pelos cabelos até ali. Mas, não era forte o bastante para deixar aquela cena para trás.

Com olhos em chamas coloquei cada talher em seu devido lugar e respirei fundo. O dia está apenas começando! Fiz meu café de maneira silenciosa, tentando subtrair qualquer calma que fosse entre aquele processo. Sentei-me sozinho na pequena mesa que lá havia, levei vagarosamente a porcelana até os lábios, aproveitando-me de minha solidão. Antes que um de meus cadetes descubra minha localização e se dedique a me atormentar.

Ali tragando o aroma de minha xícara, permiti que meus pensamentos voassem minimamente e em como todos os momentos que me via sozinho, cercado por meus devaneios, minha mente teimosa levava-me até ela.

Tsc.

Cinco anos se passaram e mesmo assim eu não conseguia retirá-la de minha mente. Fiz de tudo, afundei esse sentimento, o diminuí, o escondi, fingi que o mesmo nunca havia existido, mas nunca, nunca conseguia fazê-lo desaparecer para sempre.

Não sabia se ainda havia resquícios daquela paixão em mim. Mas o carinho... A saudade... Ah, estes me consomem todos os dias. Desde o momento que acordo até o momento que fecho os olhos para dormir, mas minha paz não vem com o sono pois até em meus sonhos ela surge para me atormentar.

Uma parte de mim prefere acreditar em sua morte. Talvez fosse menos doloroso, crer que minha esmeralda jazia em alguma floresta desconhecida. Do que imaginá-la vagando sozinha por este mundo, levando consigo as baboseiras que eu havia lhe dito em nossa última conversa.

Carreguei a amizade daquela garota por anos, para tudo ser findado em uma leviana discussão. Nem mesmo me despedi dela na manhã em que mesmo partiu. Minha despedida se resumiu a um olhar esverdeado raivoso, seguido pelo galope dos cavalos e seus fios negros sendo levados pela corrente de vento.

No fundo, apesar de querer enganar-me, eu sei o motivo de minha atitude tão covarde. Eu a afastei, eu tentei cortar nosso laço. Com medo de perdê-la, tentei a todo custo não tê-la mais para mim. Por isso, em meus pensamentos, eu a via apenas como mais uma morta deixada pelo caminho. Tal como tantos a vida já havia levado de mim.

Titan's Blood - Levi Ackerman x ocOnde histórias criam vida. Descubra agora