A Marca de um Alfa

Incidente

Passando as mãos pelos cabelos tingidos de rosa, Jimin Park encarou seus amigos bêbados jogados em um dos cantos da casa. Todos haviam se reunido para comemorar a formatura de Jungkook, filho mais novo da família Jeon.

Apesar da festa ser em sua homenagem, Jungkook foi o primeiro a deixar o lugar e a celebração acabou se tornando mais uma noite de bebedeira entre os mais velhos.

Jimin não quis acordá-los, pois todos pareciam estar dormindo profundamente. O caminho até a cabana de seus pais não era longe, o velho relógio analógico na parede marcava quase três da madrugada, mas ele julgou que caminhar um pouco o ajudaria a ficar sóbrio.

Não existiam motivos para temer andar à noite pelas ruas, Jimin vivia na aldeia mais segura do leste asiático, uma das poucas capitais do mundo que resistiu às mudanças climáticas.

Jimin, assim como alguns dos seus amigos, era ômega. Uma variação genética que se manifestava em seus corpos, os tornando recessivos a outros lobos. Mas ser ômega nunca foi um problema para o filho dos Park, ao longo dos seus vinte anos, ele não se importou em possuir um corpo mais frágil e menor.

De longe, o jovem Jimin avistou a simples cabana onde morava com os pais. Ele era filho de Robert Park, chefe da guarda da muralha que cercava todo o vilarejo. Embora a construção tenha sofrido grandes danos com o passar dos séculos, os muros antigos serviam como um forte e os lobos, alfas e betas, se revezavam para vigiar as entradas.

Mesmo com a incansável vigilância, era comum a presença de intrusos, estranhos vindos de regiões remotas tentavam passar furtivamente pela muralha.

Jimin apressou o passo vendo um vulto nas sombras um pouco mais adiante. Ele ouviu uivos vindos dos muros, ainda que fosse comum escutá-los, o ômega sentiu um arrepio ao ver um homem caminhando na sua direção.

O sujeito parecia calmo, ele manteve as mãos no bolso do casaco sem olhar para o jovem, o ômega sentiu que algo estava errado. O cheiro de cigarro e bebida no corpo do alfa o deixou enjoado, mas Jimin continuou andando ao ver as luzes da cabana acesas.

Contudo, antes que o ômega pudesse respirar aliviado, o estranho o alcançou. Suas mãos sujas puxaram Jimin, incapaz de se desvencilhar da força de um alfa, o jovem se debateu e esperneou apavorado.

O sujeito o empurrou, fazendo-o bater a cabeça contra o chão. Jimin tentou se arrastar, atordoado pela bancada. Por conta do álcool que ingeriu, Jimin não conseguia controlar a metamorfose de seu corpo, ele queria desesperadamente se transformar em lobo e revidar o ataque, mesmo sendo inútil lutar fisicamente contra um alfa.

O uivo dos lobos da muralha pareciam estar mais perto, Jimin gritou por socorro o mais alto que conseguiu antes de escutar o homem dizer:

— Fique quieto, ômega imundo!

O estranho o socou na altura do estômago, fazendo com que o ômega perdesse o fôlego. Jimin sentiu a manga de sua camisa ser puxada e a dor em seu ombro esquerdo o paralisou.

Jimin sentiu toda a sua vitalidade o abandonando, como um sanguessuga, a mordida do sujeito estava roubando suas forças. Ainda que fosse possível gritar, Jimin não conseguia mover-se.

Com o resto de consciência que restou, ele ouviu um rosnado feroz. O alfa que o atacava se afastou subitamente, deixando para trás o corpo do ômega caído.

— Filha da puta! — a voz grave ecoou na madrugada. — O que você fez? Miserável!

Jimin continuava inerte na grama fria, mas aquela voz o deixou calmo. Sem saber o porquê, o ômega ficou feliz antes de desmaiar.

Do outro lado, Jeon Jungkook se transformou em um grande lobo negro e acertou o sujeito com tamanha violência que pode-se ouvir os ossos do tal se quebrando. O estranho caiu desacordado no chão e mesmo enfurecido, Jungkook voltou sua atenção para o rapaz de cabelos rosas.

— Jimin... — o alfa chamou, preocupado. — Por favor, não tenha medo, eu vou cuidar de você.

Segurando o corpo frio do mais velho nos braços, Jungkook correu o mais rápido que conseguia com suas pernas humanas em busca de ajuda.