O caçador de tigres

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Os perigos que aguardavam na montanha eram bem mais assustadores do que nas velhas histórias que os adultos contavam aos pequenos. A floresta em volta do grandioso rochedo, assemelhava-se a um labirinto cheio de feras selvagens e famintas. Por mais forte que fossem os bandos, nenhum alfa se aventurava a caminhar por aquele lugar hostil no verão ou na primavera.

Em épocas quentes do ano, as chances de serem massacrados por ursos ou tigres só aumentavam lá dentro.

Mesmo com a paz entre as aldeias, o povo seguia as tradições e mantinham os alfas alertas. Os clãs e os alfas de outras famílias importantes da região, recebiam um treinamento específico. Atividades especiais com o intuito de desenvolver seus sentidos ao máximo.

Infelizmente, diferente dos amigos, Hoseok nunca teve uma prática adequada de combate. E cresceu tendo que se misturar aos alfas e betas comuns.

Contudo, por mais que o garoto tenha crescido excluso, suas habilidades de caça eram incomparáveis graças aos seus genes. Mesmo gostando de brincar e camuflar seu poder, ainda assim, era impossível controlar seu sangue de lúpus que aflorava na medida em que ia crescendo.

Dificilmente o Jung era visto nos treinos e atividades de caça, pois, seu grande lobo negro era puro instinto e força. Ninguém era páreo para si. O moreno era um excepcional caçador, nato por natureza. E, por mais que sua aldeia não o visse como tal, nada escapava dos seus sentidos aguçados.

Apesar da grande amizade que cultivou com o passar do tempo, Hoseok mantinha muitas de suas façanhas em segredo. Por longos anos, o alfa treinou escondido com a ajuda de um único amigo. Não foi nada fácil. Se machucar muitas vezes fazia parte dos seus dias, mesmo que aparentemente não houvesse motivos para tanto esforço.

Hoseok não desistiu de tentar melhorar cada vez mais.

Desafiando e arriscando o próprio pescoço, o Jung corria para o norte vez ou outra para encontrar com o pai. Mesmo longe, o mais velho o ajudou e o orientou muitas vezes. Apesar de tantos contratempos em seu caminho, Hoseok conseguiu se tornar um grande alfa, ainda que não conseguisse se ver dessa forma.

Os desafios de se tornar forte o guiavam e o dava força para crescer mentalmente, porém, existia algo... ou melhor, alguém que o rapaz queria mais que tudo na vida. Alguém capaz de fazê-lo esquecer o próprio nome e deixar muitos dos seus objetivos para depois.

O coração apertava sempre que via o dono daqueles cabelos cor de fogo, mas com o nome de sua família manchado, ninguém iria querer ele por perto, era o que pensava.

Hoseok não queria que o ômega descobrisse sobre seu passado, porém era uma missão impossível esconder algo assim. Seu lobo desejou arduamente tomá-lo para si. Mas, ele não podia controlar o medo que se instalou em seu peito.

Era o fim. Um lúpus se sentir impotente era como apunhalá-lo sem piedade. Possuir habilidades de batalha, capaz de mantê-lo vivo no combate não valiam nada, se não fosse capaz de conquistar aquele por quem seu coração ansiava.

Seria como um sonho realizado, no meio da multidão que sempre o ignorou, ver aquele ômega o aceitando como seu alfa. Mas, a especialidade do Jung nunca foi adivinhar o futuro. Tudo que ele poderia fazer era se aproximar cada vez mais, e torcer para não sofrer uma desilusão. Desilusão essa que nunca aconteceu.

O alfa poderia agradecer a um certo Min, pois, querendo ou não o amigo tinha o dom de acertar. Não é à toa que ninguém apostava com aquele branquelo, por medo de perder, pois, a fama do amigo não era das mais agradáveis.

Com o leve teor de álcool lhe nublando a razão em uma daquelas noites chuvosas, Hoseok seguiu o conselho do mais velho, e caminhou na direção do ômega que corria na chuva. Porém, o que nenhum deles sabia era que o período de febre do outro estava confundindo seus sentidos.

A Marca de um AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora