Segure a minha mão

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Outro grande dia começava na aldeia, o céu azul sem nuvens combinava perfeitamente com a paisagem esbranquiçada no horizonte.

Tudo parecia mais vivo e alegre, não havia uma única rua sem os longos arranjos de flores pendurados nas varandas, graças ao trabalho árduo de muitos ômegas que as cultivavam para abrilhantar aquela semana especial.

— Seu cheiro continua muito forte — o Jung resmungou alto por estar preocupado com seu ômega, este que havia saído do cio recentemente.

Taehyung cobriu os próprios ombros com o couro bordado, se virando com expectativa na direção do alfa que também trajava uma roupa tradicional semelhante à sua, uma calça azul claro e o jeogori¹ rosado, mas, Hoseok permanecia parado de braços cruzados no vão da porta fitando-o de cima a baixo.

— Devíamos ter esperado mais alguns dias.

— Não podemos mudar a data de uma cerimônia. A família dos noivos escolheu e já estava marcado antes da caçada começar. Sabe que não podemos faltar — franziu o cenho confuso, olhando para o próprio hanbok² em tons de roxo e parcialmente coberto pelo casaco.

— Onde pensa que vai vestido assim? — disse sério.

— Eu te falei que estava indo chamar o Jimin. Qual é o problema?

— Não use esse casaco, pegue aquele que a mamãe costurou no natal — Hoseok entrou no lugar abrindo o armário, de onde tirou o sobretudo felpudo e cobriu os ombros do Kim. — Este aqui. Não precisa mais esconder nossas peles, use-as quando quiser, e pare de vestir esses couros velhos

— Ei, eu tenho muitas peles novas — sussurrou emburrado. — Desculpe, não quero que fique com vergonha de mim.

— Você não devia usar esses casacos, ainda está frio lá fora. Foi para isso que os cacei, para você se esquentar — segurou o rosto entre as mãos sorrindo abertamente ao fitar os olhos castanhos do seu ômega. — Acha mesmo que eu sentiria vergonha de você? Ah, Taehyung! Todos estão esperando para ver o Jimin hoje, mas, ele não é o único com uma pele bonita para exibir. Você precisa vestir esses casacos e quando eles ficarem desgastados eu caço novos!

— Ei! Hoseok — choramingou acertando-o no braço. — Já disse que não quero você caçando no verão, muito menos ficar correndo atrás de tigres na floresta, é perigoso.

— Eu sei, eu sei... — o alfa fez birra envolvendo o mais novo em um abraço forte. — Tudo bem.

— Agora, eu... eu preciso ir — disse abafado pelo corpo do outro. Hoseok o soltou a contragosto, ajudando-o a tirar o casaco de couro, deixando somente a pele macia de coloração alaranjada sobre seu corpo. — Você vai nos atrasar.

O Kim caminhou com o alfa em seu encalço até a varanda, onde observado pelo lúpus, ele cruzou a pequena distância entre as cabanas entrando na porta vizinha.

Hoseok não queria parecer exagerado, mas, Taehyung poderia tropeçar por sempre ser tão distraído, ou, o simples esforço de caminhar fazia Hoseok querer carregá-lo em seus braços para todos os lados. Parecia loucura. Contudo, ninguém poderia julgar um alfa cuidadoso.

Conhecia tão bem os mínimos detalhes do Kim, que não tinha como o cheiro diferente no corpo do seu ômega passar despercebido pelo olfato lúpus. O cheirinho de alguém doce e puro crescendo no interior de Taehyung, deixava Hoseok completamente bobo de amores.

...

Do outro lado, mesmo que o longo casaco cobrisse suas roupas, Jimin tentava arduamente não se amarrotar.

Sentia todo o seu corpo tremer ao pensar que em poucas horas estaria novamente nos braços de Jungkook, este que havia saído momentos antes como mandava a tradição, para esperar seu ômega no altar.

A Marca de um AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora