A sangue frio

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Daniel foi o primeiro a obedecer. Furioso e apreensivo, subiu a

escada de 16 degraus distribuídos em dois lances saltando de

três em três. Cristian seguiu logo atrás. Assim que os irmãos

entraram na suíte, Suzane desceu as escadas e sentou-se

tranquilamente no sofá vermelho da biblioteca.

No quarto, Daniel se posicionou ao lado esquerdo da cama

para matar Manfred. Cristian ficou no lado oposto, perto de

Marísia. O local estava escuro, mas era possível ver o casal

dormindo, graças à iluminação indireta projetada do corredor.

Raios de luz vindos da rua pelos vidros da janela também

ajudavam a quebrar o breu. Por alguns segundos, os irmãos

ficaram imóveis, em silêncio, observando as vítimas respirando,

entregues ao sono profundo. Naquele instante, passou pela

cabeça de Cristian a possibilidade de Daniel desistir por falta de

coragem. Ficou estático, olhando para o caçula. Decidiu só

desferir o primeiro golpe depois de Daniel.

Para desespero de ambos, Manfred, que estava deitado de

lado, mexeu-se lentamente na cama, virando de peito para cima.

Repentinamente, o engenheiro abriu os olhos e ficou cara a cara

com o seu assassino. Numa fração de segundos, Daniel trincou

os dentes, mordeu o lábio inferior com força e ergueu os braços

para dar a primeira porretada na cabeça do pai da namorada.

Suzane ouviu o som da primeira pancada lá debaixo. Cristian foi

tomado por um susto e agiu imediatamente sobre Marísia. O

casal não teve a menor chance de defesa.

O primeiro golpe em Manfred provocou afundamento na região

parietal direita do crânio, causando-lhe sofrimento agudo. O

segundo atingiu a têmpora anterior direita. Como os irmãos

Cravinhos nunca haviam matado, tudo aquilo era uma novidade

horripilante para eles. A cada desdobramento da execução, uma

surpresa inesperada acontecia.

Em crimes envolvendo força bruta, por exemplo, é impossível

se livrar do sangue. Já nas primeiras cacetadas, o sangue da

cabeça do casal esguichou em Daniel e Cristian, respingando

inclusive no rosto dos assassinos. Isso ocorre porque o couro

cabeludo é uma área muito vascularizada e há artérias

importantes sob essa camada espessa de pele.

Após as primeiras cacetadas, Manfred tentou escapar da morte

sentando-se na cama. Imediatamente, recebeu uma sequência

de pancadas na cabeça e na região do tórax o bastante para

matá-lo em poucos minutos. Pelas contas de Daniel, o

Suzane :  Assassina e ManipuladoraOnde histórias criam vida. Descubra agora