Ao ver o bilhete escrito por Marísia colado no para-brisa
do carro, Suzane ficou estática feito o Cristo Redentor.
Atônita, não soube o que fazer nem para onde ir. Depois
de pensar bastante, resolveu enfrentar a mãe e foi para
casa. Marísia a recebeu aos berros na sala, chamando-a
de mentirosa. Esbravejou, acusando a filha de só lhe dar
desgosto. Em outro ato, a médica foi dramática:
— Suzane, esse rapaz está te levando cada vez mais para um
caminho ruim. Agora você deu para mentir. Abra os seus olhos,
pelo amor de Deus. Esse vagabundo vai te levar pro fundo do
poço. E quando você estiver lá, será tarde demais. Sua vida
estará arruinada de forma definitiva!
Suzane ouvia calada. Não chorava nem esboçava qualquer
emoção. Apenas olhava fixamente para o chão. Manfred chegou
da rua quando Marísia estava no final do sermão. Aos prantos,
fez um resumo da sua decepção ao marido:
— Eles não estão rompidos! Ela passou o dia na casa daquele
ordinário. Saiu de casa dizendo que ia estudar e foi para a casa
dele – relatava Marísia, fumando e bebendo uísque.
Na verdade, a mãe já investigava a filha fazia tempo. Havia
descoberto inclusive o sumiço de Suzane da academia de caratê.
Manfred pediu para a esposa se acalmar, pegou um copo de
uísque no bar e engoliu a bebida de uma só vez. Ergueu a
cabeça de Suzane pelo queixo usando o polegar e fez uma
ameaça derradeira. O tom foi suave, porém firme:
— Ouça bem o que vou dizer porque não vou falar duas vezes:
se você se encontrar novamente com aquele malandro, você
será deserdada. Ouviu bem? De-ser-da-da! – fez questão de
soletrar lentamente para fixar aquela palavra tenebrosa na mente
da filha.
— Eu não tenho medo das suas ameaças! – retrucou Suzane,
agressiva.
Tomado por uma intensa emoção jamais experimentada,
Manfred ficou fora de si. Numa fração de segundos, o engenheiro
estava totalmente descontrolado. Tão rápido quanto um
relâmpago, o pai ergueu o braço direito e sentou uma bofetada
colossal no rosto da filha em pleno domingo, 12 de maio de 2002,
Dia das Mães. O tapa foi tão forte que ela quase se desequilibrou
e por pouco não foi ao chão. Era possível ver os dedos do pai
grafitados em vermelho no rosto branco da filha. Reinou um
silêncio inquietante na casa. Incrédula, Marísia ficou tão
impactada com a cena violenta jamais vista naquele lar que
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Suzane : Assassina e Manipuladora
No FicciónO livro proibido Autor: Ullisses Campbell