Orgulhoso do Rodoanel, Manfred costumava dizer a quem
tivesse ouvido que a "sua obra" iria melhorar o trânsito caótico de
São Paulo. Naquele domingo, o engenheiro largou a papelada do
Rodoanel e resolveu levar o filho ao parque. Prepotente como
uma autoridade, exigiu a companhia de Suzane. Afinal, a
incumbência de acompanhar Andreas nas aulas de
aeromodelismo ficaria com ela. Suzane, porém, batia o pé se
recusando e Manfred lançou mão da supremacia paterna:
— Venha conosco! É uma ordem!
Sem saída, a garota largou o café pela metade e subiu
contrariada até o quarto para se arrumar. Marísia ficou em casa.
Manfred levou os filhos ao parque e carregou consigo uma
garrafa de uísque escocês Glenlivet 12 anos. Enquanto dirigia o
carro, falava com Suzane:
— Vou te apresentar o professor que a sua mãe contratou para
dar aulas ao seu irmão. Na próxima vez, vocês já vêm sozinhos.
— Que saco! – resmungava Suzane. Andreas seguia calado.
O céu estava limpo na manhã daquele domingo. A bagunça do
dia anterior no Ibirapuera se repetia em dobro. A muito custo, os
três chegaram à escola de aeromodelismo. Daniel já os
aguardava próximo à pista com o avião de Andreas pronto para
voar. O garoto deu pulos de alegria e ria pelos cotovelos. Daniel
começou a lhe dar instruções básicas e Manfred o interrompeu
para apresentar Suzane ao instrutor:
— Daniel, essa é a minha filha Suzane. É ela quem vai trazer o
Andreas para as aulas de aeromodelismo.
Foi impossível Daniel não reparar na beleza daquela ninfeta.
Suzane tinha um olhar vivo, doce e penetrante. Vestia bermuda
jeans curta e blusa cor-de-rosa. Mas a garota não deu qualquer
trela para o aeromodelista. Daniel tinha estilo nerd. Baixinho,
corpo franzino, lábios finos, nariz grande, queixo proeminente e
olhar caído de peixe morto. Para os amigos do Ibirapuera, ele
ainda era virgem naquela época. A suspeita tinha fundamento.
Os atletas frequentavam prostíbulos toda semana, e Daniel era o
único a se esquivar da luxúria. Quando os colegas perceberam o
interesse dele em Suzane, houve risos de zombaria. Enquanto
isso, ela virava a cabeça para os lados como se procurasse por
algo ou alguém, até se deparar com o aeromodelista Vinícius
Soares, amigo de Daniel. Com 17 anos, Vinas, como Vinícius era
conhecido no parque, era o galã do Clube de Aeromodelismo.
Sua beleza cheirava a pecado. Loiro, branco, forte e charmoso,
chamava a atenção de todas as garotas e despertava ciúme na
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Suzane : Assassina e Manipuladora
Não FicçãoO livro proibido Autor: Ullisses Campbell