1 - Prólogo

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Sesshoumaru POV

Shion era uma mulher jovem, casada e mãe de dois filhos, que trabalhava na casa de veraneio do meu pai, Toga, o Grande General cão.

Nós só frequentávamos a propriedade no verão e não posso dizer que me lembro dela muito bem. Por essa razão, a notícia de sua morte significou o mesmo que nada para mim quando contaram ao meu pai naquela noite clara de junho.

Naquela época, a esposa humana de meu pai, Izayoi, havia falecido há pouco mais de 6 meses, deixando ele e Inuyasha – meu meio- irmão hanyo, então com 15 anos – completamente devastados. Eu mesmo já somava pelo menos dois séculos de idade, mas como dai-yokais demoram mais a envelhecer e amadurecer, em idade humana eu ainda não tinha mais do que vinte anos.

Eu considerava que Izayoi, além de ter acabado com o casamento dos meus pais, havia enfraquecido o grande general. Dois yokais juntos dificilmente fariam loucuras de amor um pelo outro e o relacionamento de Toga com a minha mãe, Inukimi, sempre fora extremamente racional. Por isso, eu não aprovava aquela versão irresponsável do meu pai, assumindo uma humana que não lhe traria nenhum poder como esposa e tendo um hanyo com ela. Tudo em nome do tal amor.

Eu havia voltado a viver com meu pai após a morte de Izayoi pois, apesar de não aprovar aquela relação, ele ainda era meu pai e estava muito afetado com a perda; queria ter os dois filhos por perto.

Inuyasha e eu não tínhamos a melhor das relações, mas também não era das piores. Era nesse contexto de reunião familiar que estávamos passando o verão na casa de Okinawa quando a tal Shion morreu.

No dia seguinte a notícia, meu pai estava a frente dos preparativos para o enterro, fazendo questão de arcar com todos os custos e lhe dar um fim digno. Até porque, Shion não morrera sozinha, o acidente de carro matou também seu marido e o filho, deixando apenas sua filha mais nova, uma criança que certamente não teria como cuidar de nada.

Desci para tomar café da manhã e vi que ele estava ao telefone na varanda. Inuyasha já estava sentado à mesa e enquanto comíamos, não pudemos deixar de ouvir a conversa.

- Ambos eram órfãos? Então não tem quem fique com a menina...

A pessoa do outro lado disse alguma coisa.

- O que acontece agora? – perguntou meu pai – Não, eu não sei se gosto dessa ideia... – ele continuou ao ouvir a resposta – Quantos anos ela tem mesmo?

Meu pai desligou o telefone e despediu-se gentilmente de nós dois, mas sem parar para dizer mais nada. Inuyasha e eu trocamos um olhar interrogativo, de quem sabia que alguma merda ia vir, mas não nos demos ao trabalho de conversar a respeito.

Nenhum de nós dois compareceu ao velório e enterro. Gastamos aquela manhã preguiçosa de verão na piscina e já que a casa estava totalmente vazia, Inuyasha aproveitou para chamar uma de suas amigas da região, que trouxe junto uma prima, e as coisas fluíram tão rápido e fácil que quando meu pai voltou já estávamos os dois de banho tomado, sorriso no canto dos lábios e as meninas bem longe dali. Nem sinal de Shion, velório e criança órfã em nossas mentes.

- Sesshoumaru, Inuyasha! Preciso falar com vocês no escritório, vamos lá! – anunciou no pé da escada.

Encontrei Inuyasha no corredor e trocamos o mesmo olhar que havíamos trocado durante o café. Era agora que o general cão apareceria com mais uma das suas.

Entramos no escritório e meu pai bebia um copo de whisky despreocupadamente, como quem esperasse os filhos para discutir uma viagem de férias no exterior.

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