2 - A conversa mais embaraçosa do mundo

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Sesshoumaru POV

Os anos passaram e nós vivíamos bem. Rin nunca chegou a se sentir filha do meu pai – ela o chamava de "tio" – pois considerava que isso seria "esquecer" sua família biológica, mas era parte da família e rapidamente todos da alta sociedade japonesa já a conheciam e a adoravam.

Quando ela tinha doze anos eu voltei a viver sozinho. Meu pai já havia aprendido a lidar com a perda de Izayoi, Inuyasha estava indo para faculdade e Rin já havia mais do que se acostumado à sua nova vida conosco. Minha saída fez com que ela se ressentisse um pouco, mas todos achamos que era uma coisa da idade e em poucos meses ela já tinha me "perdoado". Provavelmente porque foi quando ela arranjou outra coisa para ficar magoada a meu respeito.

Mais ou menos por essa época, me envolvi com uma yokai chamada Kagura, e por quase um ano nós tivemos um relacionamento. Tanto meu pai quanto Inuyasha gostavam bastante dela, mas Rin a odiava profundamente. Quando a levei para passar o verão conosco em Okinawa, Kagura e eu tivemos diversas brigas por conta do comportamento de Rin, que insistia em implicar com ela e atrapalhar nossos momentos a sós. Nessa época também tivemos muitas brigas, Rin e eu, pois ela parecia não entender o limite entre nossa proximidade e minha vida pessoal.

Minha relação com Kagura não deu certo por outros motivos, mas Rin nunca escondeu sua felicidade ao se ver livre dela. Toga e Inuyasha achavam graça, como se fosse um ciúme do "irmão mais velho" e nunca a repreenderam de fato. Na verdade, nenhum de nós tinha muito pulso para isso. Por mais que fossemos de uma linhagem rica e poderosa de yokais, aqueles malditos olhinhos castanhos sempre nos convenciam a anular qualquer punição, mesmo a mim que não era um grande fã de seres humanos. Talvez tenha sido isso o que, em parte, desencadeou os acontecimentos provocados por uma Rin mimada e confiante, que acabou bagunçando tudo ao seu redor um tempo depois.

No fim do ensino fundamental, Rin foi estudar na Inglaterra. Sempre preocupado que ela não se sentisse parte de nosso mundo, meu pai fazia o possível para que Rin tivesse a melhor educação e não lhe faltasse absolutamente nada que meninas yokais ou hanyos da nossa classe social tivessem.

Por isso, aos 14 anos Rin já era considerada um ícone de estilo nas redes sociais, além de ser uma aluna exemplar e engajada. Ainda assim, mantinha um jeito simples e espontâneo, muito pouco preocupado com regras e convenções, o que contrastava bastante com seus feitos escolares e seu closet cheio de bolsas birkin.

Ela sempre voltava no verão e no fim do ano, cada vez mais independente e cheia de coisas para contar. Eu a acompanhava pelas redes sociais e as vezes nos falávamos por Facetime, mas nessa época Rin já não parecia precisar tanto assim de mim. Pelo menos não da mesma maneira que precisava antes...

No verão em que Rin tinha dezessete anos e estava prestes a ir para a faculdade, fomos mais uma vez para Okinawa. Mesmo que eu e Inuyasha tivéssemos nossas próprias casas e vidas independentes, sempre passávamos o verão, ou parte dele, naquela casa. Às vezes, de lá fazíamos outras viagens ou convidávamos amigos, e o mesmo valia para Rin que parecia ficar mais popular a cada ano. No entanto, aquele verão apesar de igual, foi totalmente diferente.

****

- Olha quem chegou! – Toga anunciou animadamente ao chegar do aeroporto com Rin a tiracolo.

- A pirralha mais irritante do mundo! – disse Inuyasha, levantando-se para abraçá-la e bagunçar seus cabelos.

- Ah, Inuyasha! Olha como eu to agora! – reclamou, sem sair de seu abraço.

Eles implicaram mais um pouco um com o outro enquanto eu observava tudo encostado em uma pilastra no canto da sala. Ela se desvencilhou de Inuyasha e virou-se para mim. Nossos olhos se encontraram exatamente como na primeira vez que nos vimos, naquele mesmo lugar, mas dessa vez quem teve um sobressalto ao encará-la fui eu.

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