Decisões e tradições

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2 DIAS DEPOIS

Nicollo ia ter alta hoje, acredito que o pessoal do hospital estava ansioso por isso porque ele não era nem de longe um paciente tranquilo e que seguia ordens, muito pelo contrario.

Eu estava ansiosa para ver ele em casa também, eu ia ficar com ele. Só de pensar nessa decisão já fico ansiosa pelo problema que vou ter que enfrentar com meu pai. Ele vai ficar maluco. Vai querer me trancar com certeza. Paciência. Ele ia ter que abrir um pouco a mente dele. Não vou deixar meu noivo sozinho. Meu pai não vai ter escolha.

Entrei em casa e fui direto procurar meu pai, eu sabia que ele estava com meu tio Matteo e com meu irmão porque mamãe já tinha me falado, meu irmão vai me dar dor de cabeça também. Amo era tão parecido com meu pai que as vezes me assustava. 

Bati na porta do escritório e entrei.

Meu pai olha para mim e sorrir, eu não deixo de retribuir, eu amo muito meu pai mas sei que vou entrar em uma verdadeira guerra daqui há alguns minutos. 

-- Oi pai! Me aproximo dele e dou um abraço apertado nele. Depois me viro para meu irmão que está com um sorriso no rosto. -- Oi mano. Tudo certo?

Meu tio está aqui realmente, desde que minha prima fugiu vi meu tio poucas vezes. Ele sabe onde ela está mas na nossa vida regida pela máfia é muito complicado o que aconteceu. Eu sei o que meu tio sente, sei o que aconteceu com ele e tia Gianna então não posso deixar de me preocupar sempre, mesmo que nesses últimos meses minha vida tenha estado em uma verdadeira roleta russa gostaria que Antonella tivesse me ligado ao menos uma vez. Eu queria fazer algo por ela, só não sabia o que.

Meu tio me abraçou apertado -- Eu estava com saudade Principessa. Por acaso você cresceu? Ele pergunta rindo e fazendo piada do meu tamanho como sempre e meu coração fica leve. Eu não queria meu tio triste. Ele era o bem humorado da família. 

-- Não tio, você sabe que o Amo quis que todo o poder de crescimento da família ficasse com ele, respondo caindo na gargalhada por que Amo está me cutucando as costelas.

-- Como está Nicollo, Allegra? Ele sai do hospital hoje né? Meu pai pergunta voltando a se sentar.

-- Sim pai, ele está se recuperando muito bem, então eles liberaram ele para terminar a fisioterapia em casa. Digo engolindo em seco. Ai meu Deus. Como eu vou falar isso.

-- Então filha agora vou voltar a te ver porque tem dias que você não sai daquele hospital, vou falar para sua mãe mandar preparar um jantar especial para nós.

-- Err.... Bem pai não precisa se preocupar com isso. Digo, olhando para meu irmão e meu tio. 

-- Claro que precisa Principessa, você sabe que eu fui contra você ficar noites e noites no hospital. Ele diz. -- Você precisa de boa comida e sua cama para se recuperar. Vou falar com sua mãe agora, ele diz se levantando.

-- Papai, por favor. Não precisa realmente. Na verdade eu preciso conversar com você, eu falo corajosamente. Vou falar e que se dane, o que ele pode fazer? Nada.

-- Sobre o que você quer falar? Meu pai pergunta voltando a se acomodar na cadeira e levantando a sobrancelha.

-- Eu na verdade só vim em casa pegar umas roupas, e alguns itens e vou voltar ao hospital pai. Digo calmamente.

Ele estreita os olhos e me encara.

-- Para que você precisa pegar coisas Allegra? Nicollo vai ter alta hoje, você mesmo falou.

-- Sim pai, eu disse. Eu respiro fundo e olho novamente ao redor. Amo já está com uma expressão estranha no rosto. Ele me conhece bem.

-- A verdade é que eu vou ficar cuidando de Nicollo no apartamento dele até ele está recuperado 100%. Então vim pegar roupas, e outras coisas e voltar ao hospital para buscar ele.

Meu pai saltar da cadeira e bate o punho na mesa com tanta força que eu pulo para trás. Seu rosto uma mascara de fúria. -- Você não vai. De maneira nenhuma você vai passar dias com seu noivo. Pode esquecer. 

-- Sim eu vou, eu não estou pedindo permissão papai. Eu estou te informando o que eu vou fazer. Você não vai me impedir.

Seus olhos se estreitam e ele caminha na minha direção. 

-- Como é criança? O que você acabou de falar? Ele pergunta rudemente.

Eu estremeço, odeio quando ele me chama de criança. Que visão antiquada de tudo. Desde quando crianças ficam noivas? Dirigem? Casam? Aperto meus punhos e respiro fundo.

-- Sim pai, você ouviu muito bem o que eu falei, eu vou cuidar de Nicollo enquanto ele se recupera. Ele não quer voltar para Chicago e me deixar, então não tem quem cuide dele. E não, antes que você venha falar algo. Nenhuma empregada vai cuidar do MEU noivo. Nós vamos no casar em semanas, já ficamos sozinhos antes, vivemos em uma sociedade moderna mesmo na Máfia e não há nada de mais em passar esses dias com ele.

-- Como não Allegra?? Meu pai praticamente grita no meu ouvido. -- Você sabe das nossas tradições, você sabe disso muito bem, como você pode me falar isso?

-- O pai está certo mana, nem pesar você vai! Amo fala com os punhos cerrados e eu preciso respirar fundo mais umas trinta vezes antes de abrir a boca novamente porque caso contrario eu vou gritar de frustação.

-- Eu sei das nossas tradições e não me importo nem um pouco com elas sinceramente. Eu vou fazer isso. Se acontecer de dormir com meu noivo nesse meio tempo paciência. A vida é minha e eu decido. Vocês precisam superar essas bobagens.

Meu pai e meu irmão estão vermelhos com o esforço de se controlar e quando olho para o meu tio percebo que ele está tentando controlar a gargalhada. Eu mesmo estou. Minha família é ridícula. Homens mafiosos. 

-- Como você não se importa Allegra, você está louca?! Você quer dormir com ele antes do casamento? E se ele desiste, hein? O que você faria? Papai rosna. 

-- Ele não vai desistir, respondo sorrindo. 

-- Como você sabe? Meu pai pergunta.

-- Papai, quando eu olho para Nicollo muitas vezes eu vejo os mesmos sentimentos de quando você olha para a mamãe. Eu sei que vamos nos casar. E mesmo que ele me deixasse você não iria conseguir me casar com mais ninguém. É ele ou ninguém mais pai. E eu sei que você sabe do que eu estou falando. Alias todos vocês sabem muito bem falo me virando para meu tio e meu irmão. Os três me olham com a mesma expressão e eu sei que eu venci. Quero fazer a dancinha da vitória mas me controlo. 

Os homens Vitiello são durões e assassinos mas eles também amam intensamente. 

Duas horas depois entro no quarto de Nicollo no hospital, ele está sentado na poltrona olhando o ipad mas quando ouve a porta abrir levanta a cabeça e sorrir ao me vê com a mala. Eu caminho lentamente em direção a ele. Eu só consigo lembrar do que eu falei para o meu pai sobre o olhar. O olhar que ele tem nesse momento. 

-- Que bom que você chegou noiva, estava com saudades ele diz estendendo a mão para pegar a minha. 

E eu não consigo para de sorrir. 


*Capítulo mais longo para compensar a demora. Pretendo fazer 20 capítulos para essa FIC e depois começar outra quem sabe. Talvez de Amo e Greta. Estou ansiosa por esse livro e eu sei que só sai talvez em 2022. 

Mas enquanto isso aproveitem de Nicollo e Allegra por que essa história infelizmente jamais vai acontecer.

Música inspiração do capitulo de hoje: Willow By taylor Swift

Bound by DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora