O Grande vazio em mim?

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Sábado ás 14h20 da tarde, mais um dia de chuva em São Paulo, parece que esses trovões, céus nublados mais escuros do que o costume por conta da poluição, o cheiro da chuva, com o som de carros passando em possas d' água e as jogando pra cima todos os dias de chuva nunca acabam. É sempre a mesma coisa, é sempre o mesmo ciclo.

Chego na delegacia, abro a porta do meu carro e você pensa "como a porra de uma policial civil em pleno 2021 com um governo bosta e uma economia fodida tem um carro desse?!" e eu te respondo o seguinte: Eu sou rica .

n/a: o carro dela é uma Land Rover Evoque 2.0 preta

Antes de sair pego meu Guarda-chuva o abro pra fora do carro e finalmente saio do mesmo batendo a porta com um pouco de desanimo. Vou em direção a porta e vejo algumas pessoas correndo na chuva pra chegar no mesmo destino que o meu.

-Ainda bem que não sou eu ali - penso. - Até porque eu não estaria correndo e sim deitada no chão depois de tropeçar em alguma coisa ou no meu próprio pé. - Faço uma cara de desgosto.

Após eu chegar na porta e abri-la vejo um monte de pegadas de lama pela recepção inteira, suspiro- acabei de chegar e já vou ter que dar sermão.

-Bom tarde, Marcos - comprimento o recepcionista que no momento estava do lado da cafeteira esperando seu café ficar pronto olhando para seu celular. O mesmo tira os olhos do aparelho e me responde:

-Boa tarde, Doutora Miranda. Dia frio e chuvoso, não? - Diz ajeitando seu óculos arredondado em seguida guardando o seu celular no bolso de sua calça social, pegando seu esperado café e caminhando de volta a mesa de recepção.

-Com certeza. - Paro na frente da sua mesa - Você continua tomando esse café? Muita coragem da sua parte, saiba que essa maquina não é limpa a mais de 2 anos. - O questiono rindo da sua cara. Ele me olha com frustração e desespero e engolindo com força a baixo.

-Por que ninguém nunca me avisa antes?!- Questiona um tanto quanto raivoso com voz de quem está quase vomitando.

Dou uma risada curta escondendo meu rosto com minha mão por segundos e o pergunto: - Alguém ligou querendo algo em relação a mim?

-Felizmente ou infelizmente não, doutora. - me respondeu neutro após se recuperar do gosto insuportável em sua língua.

-Hm, certo. Irei para minha sala agora, se alguém precisar falar comigo o mande para minha sala ou diga para me procurar na sala da investigação, por favor. -Digo indo em direção a esquerda onde fica a escada para os outros andares da delegacia.

-Certamente, doutora. - Ele diz de fundo.

Subo os primeiros degraus e me lembro de que tem um elevador ao lado da escada. Dou-me um tapa de leve na testa. Entro no elevador e aperto o botão para o 3º andar. Encosto-me a parede do elevador que se consiste em espelho, coço meus olhos com minhas mãos e reparo no meu reflexo no espelho. E lá estava eu, Miranda com meus 30 anos, delegada da policia civil de São Paulo. Meu sonho de adolescência tinha se tornado realidade, não o sonho por inteiro, porém o que eu mais almejava. Para alguns uma mulher adulta com 30 anos sem filhos e felicidade, apenas uma solteirona. E no fundo do meu pensamento irracional era realmente assim que me via as vezes.

Depois de divagar em meus pensamentos o elevador apita e estava preste a fechar quando me apresso em colocar meu braço e o força-lo abrir novamente. Ainda bem que não fiquei molenga.

Chego à minha sala pego e deixo algumas coisas importantes e saio da mesma indo em direção á outra sala onde fica tudo o que investigamos, abro a porta da mesma e encontro Paulo, Helena, Elizabet e Christian conversando sobre a investigação de frente com o quadro quase vazio com linhas vermelhas e agulhas com cabeças arredondadas e de diferentes cores interligando alguns papéis e fotos.

Bati a Porta e fechei algumas persianas que poderiam dar visão do quadro de fora da sala.

Notando minha presença Christian me recebe com alegria:

- Boa tarde nossa delegada maravilhosa. - Sorrio em minha direção

-Boa Tarde, Doutora - Helena e Elizabet disseram juntas.

-Eai delega Mimi. - Disse Paulo um pouco desanimado.

Vou até o quadro ficando ao lado deles e digo: - Alguma novidade grandiosa?- os observo com pouca esperança e eles negam suspirando.

-Parece que ainda estamos na mesma... - Disse Christian caminhando a parede espelhada preta que quase não se passa luz. - Não temos quase nada sobre esse caso, se continuar assim Xavier vai assinar para parrarmos imediatamente com nosso caso que nem começou direito- disse suspirando com frustração e se referindo ao nosso Delegado Geral,

-Pare com esse pessimismo, oficial- digo indo em sua direção e dando um tapinha reconfortante em suas costas largas

-vamos ser realistas, delegada- Elizabet diz se sentando no sofá de couro preto na frente da gigantesca parede espelhada. - Precisamos ser mais ousados, entrar mais a fundo na investigação ou iremos nos foder feio...- esclareceu colocando sua perna direita em cima da esquerda, em seguida apoiar seu cotovelos esquerdo para quase fechar sua mão por inteiro e colocar seu queixo sobre o punho e me olhar nos olhos profundamente.

Suspiro: -Vocês estão certo.- esfrego minhas mãos no meu rosto. -Mas sei que iremos conseguir meu sexto sentido diz isso! - digo sorrindo sem dentes mesmo frustrada como eles. -Bom...Vamos ver o que tempos aqui... Os bicos de tráfico, assaltos a mão armada, homicídio, roubos a lojas e a alguns caixas eletrônicos sempre são- olho no mapa que temos grampeado em outro quadro-... na zona leste- circulo no mapa com uma caneta vermelha.

- Sim, percebemos isso, mas preferimos conversar com você primeiro.- Helena disse indo em direção ao quadro outro quadro que consistia em papeis e fotos interligadas.

-Sobre o que exatamente, Silveira?- cruzo meus braços a olhando atentamente.

-Fui seguida ontem- Ela me olha com um sorriso pequeno e divertido- Uma pessoa toda de preto, não tinha como identificar se era um homem ou mulher... -pausou se sentando no braço do sofá onde Elizabet está e cruzou seus braços- ele me esperou sair da delegacia e depois do restaurante onde jantei e quando sai já se passavam das onze. Para ter certeza que eu não estava ficando maluca... e ele me seguiu por 20 minutos sempre tentando se camuflar nos carros e motos. Provavelmente já devia ter noção que eu estava suspeitando, dirigi para um lugar mais ou menos longe e parei em um lugar fingindo estar realmente indo fazer algo, estacionei meu carro e fui em direção ao um lugar onde vendia alguma coisa, sai um pouco de longe, percebi que a pessoa desceu de sua moto e notei que realmente estava sendo seguida, nisso fui até a moto e peguei a placa. - finalizou pegando um papel e me entregando.

-O que acha disso? - Chrstian me questionou.

-Talvez haja uma cobra no nosso ninho... - digo suspirando. - Mas quem seria? Um de nós que está aqui dentro?- dou risada olhando para cada um deles.

-Não brinca com isso, Miranda! É algo sério, a última coisa que temos que fazer é rir disso! - Paulo me repreendeu exaltado.

-Olha como se refere a mim, Santos! - Tomo impulso até ele, o assustando com o tom final da minha frase. -Onde já se viu chamar sua chefe e superior pelo nome? Esqueceu o seu respeito em sua casa? Quer ir lá buscar?- o repreendo colocando minhas mãos nos ombros dele e olhando firmemente pra ele e por eu ter talvez uns 5 cm a mais que ele, o mesmo teve que olha levemente pra cima.

Ele engole seco e me dá as costas para provavelmente me xingar mentalmente e revirar os olhos, depois virar de volta a mim e dizer: - Sinto muito delegada Fernandes. -disse cru.

A luzes piscam um pouco por conta do grande trovão que apareceu no céu.

A porta se abre com pressa e nela se passa Arthur o nosso querido investigador de Ti.

-Ah... Oi, gente. Boa Tarde. - diz um pouco sem graça - Interrompi alguma coisa?- finaliza rindo falsamente.

-Boa, na verdade você chegou bem na hora... - Digo olhando para ele, depois para Paulo e dando costas aos dois. -Oficial Silveira diga o que te ocorreu ao nosso pequeno Araújo e ele ira te ajudar nisso... Talvez até possamos conseguir alguma coisa nova sobre o caso, não? - digo indo em direção a porta e saindo da sala.

Dia nublado e chuvoso. ( Yumikuri- Yumihisu)Onde histórias criam vida. Descubra agora