Capítulo um: Castiel e os Gêmeos

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Sempre sonhei em ser  pai. Eu amava crianças, desde que me entendia por gente. Vivia com o meu  irmão Gabriel, para cima e para baixo e agora agradeço todos os dias por ter dois filhos; são meu lar e conforto.

A mãe deles foi embora quando eles tinham apenas dois anos. Não a culpo, éramos jovens e muito imaturos naquela época.  Ser pai de primeira viagem é complicado, o que dirá de gêmeos. Hoje em dia , eu olho para trás e entendo que a pressão foi demais para ela.

Ela voltou  às nossas vidas, há mais o menos três anos, e eu finalmente tive de ter uma conversa com eles sobre sua mãe e o que tinha acontecido com ela; precisei explicar que ela não os tinha abandonado, que apenas estava doente e que por isso precisava de um tempo longe para se cuidar. Explicar isso foi mais complicado do que pensei, porque me encheram de perguntas, mas logo, esqueceram.

A cada dois meses agora, ela aparece pra ficar com eles uma semana inteira, em um apartamento alugado,  e nas férias acaba ficando por todo o período. É bem difícil pra mim lidar com esse tempo longe deles porque eu acabo sempre adoecendo.

Kevin é um garoto que  ama carrinhos e adora uma aventura, vive caindo e me matando de  preocupação, ele usa óculos, mas vive dizendo não vê a hora de colocar lentes, porque atrapalha muito quando ele corre por ter sempre que levantá-los.

Charlie não fica atrás, fala que não vê a hora de crescer e ser independente, porque quer sair quando e pra onde quiser sem ter que explicar sempre pra onde vai, e diz que vai morar com a melhor amiga. Sem falar, que é uma  romântica incurável. Ela tem um caderninho com inúmeros possíveis casais e uma vez ela me mostrou questionando de não entender o porquê de seus dois amiguinhos não ficarem juntos, já que eles se gostavam, e com toda a calma do mundo eu tive que explicar pra ela que nem tudo é como queremos.

Por causa disso, acabei me lembrando daquela época; respiro fundo e balanço a cabeça afastando as lembranças imediatamente, isso ainda me dói muito.

Mesmo com trinta e um, era difícil pensar naquilo.

Eu não sei exatamente como e quando começou, mas virou uma tradição entre eles sobre contar como foi o dia na escola, ou sobre qualquer coisa de interessante que tivesse acontecido lá, o que me deixava muito feliz. Saber o que se passava no dia deles era participar integralmente da vidinha deles e isso na vida de um pai, era muito importante. E no final da história, como prêmio, eu fazia  uma sobremesa para eles comerem depois do almoço.

— Pai, você não vai acreditar no que a Charlie fez! — fala Kevin de cara feia assim que entra na sala.

— Não começa! – vejo minha filha interrompê-lo empurrando para o lado, deixando apenas sua imagem a minha frente.

Ele adorava fazer isso.

— Ô pai... — ela continua agora com uma voz doce, então já sei que ela realmente aprontou algo. — É que eu convidei minha nova melhor amiga para vir aqui na sexta...

— Hum.

— Posso? — pede fazendo bico mas não respondo de imediato, precisava entender primeiro o porquê do Kevin estar bravo.

— Kevin? — o chamo. — Você pode me contar por que está irritado com a sua irmã?

— É que ela vai trazer a nova melhor amiga e eu não posso trazer o meu! –fez birra cruzando os braços acima da barriga.

— Porque é uma noite das garotas, seu lesado!

— Charlotte Bradbury Novak! — a repreendo e ela fica séria abaixando a cabeça, ela não gosta que a chame pelo nome completo.

— Desculpa, papai... Desculpa lesa... Kevin! - sorriu pra ela agradecendo e então volto a atenção ao meu filho e me abaixo pra ficar na altura dele.

— Vamos lá, garotão...  Você sempre vai na casa do Adam e ele vem aqui também, não é? - ele  concorda. —Então, essa é a primeira vez da sua irmã, tente ser  compreensivo...

Ele faz cara feia, mas  percebe que estou com a razão e aceita. A melhor amiga da Charlie, pelo  que ela me contou, tinha acabado de se transferir pra escola há pelo menos um mês, e mesmo com tão pouco tempo elas já se gostaram logo de  cara, e que, finalmente, o pai dela a tinha deixado vir para cá.

— O pai da Megan é muito  chato, papai! Passei o mês todo pedindo e ele sempre dava desculpas. — fala  ela pondo as mãos na cintura. — Eu quase chorei para ele deixar.

— Que mentira, sua  mentirosa! — diz Kevin e segurei uma risada. — Ele só falava que estavam  ocupados com a mudança repen... Alguma coisa assim, papai, mas disse que depois ia deixar. – ele diz e Charlie revira os olhos.

— Crianças... — tendo repreendê-los mas acabo fazendo careta, e eles começam a rir. — Bom, tudo foi resolvido aqui, então já posso preparar a casa? A que horas ela chega?

— Não, pai, ela não vem hoje. — diz, rindo.

— Não?

— Vamos nos preparar  essa semana e, só na sexta que vem é a festa. - diz e me olha de forma  travessa. — Preparado? O senhor foi convocado para ser o chefe de  cozinha de uma festa! - ela bateu palmas demonstrando animação. — E  você, Kevin? Vai ser o segurança.

— E quantas pessoas vêm? Ô pai! — choraminga ele.

— Só a Meg, mas todos serão um personagem! — diz, pulando animada. —  Eu e a Meg seremos fadas, princesas e guerreiras!

— Tá vendo, pai? E eu vou ser só um... Segu... Seguran... Ah, essa coisa aí.

— A festa nem começou e já estão brigando? — pergunto rindo enquanto bagunço o cabelo dos dois.

— Sim! — dizem em uníssono.

O próximo final de semana promete e eu com certeza vou ter que chamar reforços.

D̳e̳s̳t̳i̳n̳a̳d̳o̳ ̳a̳ ̳T̳e̳ ̳A̳m̳a̳r̳ ̳-̳ ̳D̳e̳s̳t̳i̳e̳l̳ ̳V̳e̳r̳s̳i̳o̳n̳ ̳-̳Onde histórias criam vida. Descubra agora