era como acordar, e ao abrir os olhos, chorar com o som da minha própria respiração, que de alguma forma, se seguia por mais um dia.
-ingratidãose abster de tudo nunca foi o melhor, mas eu só queria me guardar e me proteger, querendo ou não, também era sobre me amar.
-não sentirestar apática
estar à parte.não sentir mais verdade em qualquer sentimento ainda iria me consumir, a incerteza consome qualquer um.
-decairespero que o corpo em que pertenço
tenta pertencido à mim em outras vidas
e que eu tenha o amado
tanto quanto o odeio.
-renascerodeio a sensação de sentir os batimentos em meu peito, de sentir o ar em meus pulmões, mesmo tendo muitos motivos pra querer que continuem, em tese.
-inspireengula tudo
uma por uma
me diga se a morte
não tem um gostinho de vida.
-darcysentir-se viva nunca foi sobre respirar ou sentir seus pés no chão, é sobre sentir sua própria pulsação e não se sentir fora daquele corpo, porque está ali a prova, mas não parece que ele bate.
-vivo¿comer, o simples ato de se alimentar, é estranho, não harmonioso, é como preencher um corpo que já está vazio.
-alimento aos mortosde quantas tentativas eu precisaria para entender que a morte é uma saída com tranca dupla, uma faca de dois gumes, que não leva somente a você.
-o que ficou pra trásqueria ser a garota de olhos azuis, o garoto de cabelo bagunçado, a mulher de corpo esbelto, o homem de voz rouca, a menina de terno, o menino de vestido, mas não escolhi o corpo ao qual vim ao mundo, assim como não escolhi o odiar.
-dismorfianão somos nada, simples assim, não somos escolhidos ou iluminados, somos pontos de vida em um mundo repleto de semelhantes diferentes, talvez seja essa a visão que falta em corpos egoístas que se veem como milagres.
-um grão de areiameu corpo não se encaixa, e não estou falando sobre padrões de beleza como olhos claros e pele lisa, ele não se encaixa em meus próprios padrões, aqueles que coloco em mim sem perceber pois nos moldamos como massinha antes de nos olharmos no espelho.
-quem sou de verdadequando ela se foi, sem hora marcada, sem datas previstas, sem provável retorno, é como se arrancassem uma parte de mim fora sem minha permissão, sem meu consentimento me deixassem no chão para sangrar até a morte .
-despedidasvocê não devia ser seu próprio deus?
então porquê ele manda em tanto?
-dependênciaque eu chore lágrimas de sangue pelos pulsos, que eu derreta com as gotas que caem ao chão, que eu seja um só com este mundo que jurei tolerar.
-unir-seela não deixou recados ao partir, e ninguém nunca está pronto pro último "eu te amo"
-adeuse mesmo com todos ao meu redor, talvez a vida realmente seja sobre encontrar válvulas de escape desta realidade e se prender à elas com toda sua força.
-taçaVocê não se cansa de ser sempre a mesma pessoa?
-mudançaela deixou um vazio que não seria preenchido nem pelos mais floridos campos de lavanda, em um coração de quebra cabeça ela foi a peça que perdi.
-saudadeeu não sou o bastante para ajudar os outros
não estou boa o bastante
é sempre sobre ser insuficiente
-incapazo tempo nunca realmente curou nada,
apenas repõe memórias até esquecermos dos espinhos que nos machucavam.
-curavocê é alguém, todo mundo é, não é algo que escolhe e não é algo que pode mudar.
-seréramos uma só, e fizeram com que ela se fosse, me deixando em pedaços pequenos de um coração quebrado, que não saberia se reconstruir sozinho.
-partidaajuda
crise
dismorfia
vontade
sangue
-ciclo"você me ama"
sim, mas acima de tudo
eu me odeio.eu acordo de manhã e tomo minhas pílulas da felicidade, me sento, e espero.
-por que não me sinto mais feliz?você tem mais que o suficiente, por que não faz acontecer?
-pílulas
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desculpe-me, fico sentimental quando escrevo.
Poetrypequenos poemas, cantos e desencantos em contos, seguidos da desilusão da vida. Inspirado pelos livros de Rupi Kaur, desculpe-me, fico sentimental quando escrevo.