Capítulo 8

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Permanecemos grande parte do tempo agarrados um ao outro, deitados em minha cama, eu deitado com a cabeça em seu peito, e as pernas entrelaçadas. Foi a melhor sensação de todos esses anos de nossa amizade, mesmo que ela termine agora, só quero tê-lo como meu namorado.

Finalmente eu pude me render e deixar o peso em minhas costas se soltar, pude abraçá-lo com amor, pude beijá-lo com ternura, e o mais importante: pude descobrir que ele também me ama.

Era maravilhoso a sensação de tocar nossos rostos, de ver seus olhos brilhando perto do meu, e falei como adorava seu cheiro.

- Por que não me disse antes? - falei calmamente olhando para seus finos lábios rosados.

- Eu não achei que fosse querer alguma coisa comigo - respondeu ele - Mas então vi que você começou a se libertar e se aproximar mais de mim.

- Eu sempre te amei, Mathew.

- Eu não... - disse ele ironicamente com um riso contagioso. - Eu te louvo, Shawn! Tenho um altar com seu nome repetidas vezes. - rimos.

- Então você não se importa com o meu jeito temperamental?

- Temperamental? O que é isso? É de comer? - ri e cobri sua boca com minha mão. Ele então se aproximou mais uma vez para um beijo caloroso e eu a retirei de sua boca, ele quase tocou meus lábios. - É de beber?

Ri mais uma vez, e o beijei. Toquei em seu cabelo, seu rostinho macio igualmente como seus lábios, e seu corpo quente sobre o meu. Aquilo nunca seria tedioso pra mim.

- Parece que agora está explicado o porque da apresentação de ontem à noite... - disse Mathew ainda agarrado a mim.

- Ah, só pra você saber, eu não desisti de te procurar... - falei analisando seu semblante, tentando identificar algum sinal de desconfiança.

- Eu sei... Você já havia me falado hoje de manhã que foi perseguido. - ele parou de falar por um momento - Eu que deveria me desculpar por quase ter te matado. - riu, mesmo sendo verdade.

- Devo ter corrido ao meu extremo. - ri também.

- Eu sempre quis seu bem, Shawn. Vou cuidar de você até nosso último suspiro.

- Isso foi muito Shakespeariano - comentei rindo. - Mas gostei.

- Achei que gostasse de obras clássicas. - disse ele com uma feição duvidosa.

- Gosto de música clássica. - falei acentuando a palavra "música".

E foi entre o final de minhas serenas palavras que consegui definir um som que parecia familiar, ainda deitado junto de Mathew, eu serrei os olhos e prestei atenção à minha volta.

- Alguma coisa de errada? - perguntou Mathew.

- Psiuu! - exclamei me levantando da cama e indo diretamente para a janela aberta.

E lá estava, o carro do meu pai, e ambos saindo dele.

- Ai, meu Deus! Meus pais estão aí - falei entre gesticulações de mão.

- O quê?! - Mathew gritou com os olhos arregalados levantando-se de imediato. Ficamos distraídos um com um outro, que nem vimos a hora passar, e agora meus pais já estavam em casa.

Na hora voltaram as mesmas sensações de suor na palma de minhas mãos, má fluidez de pensamentos, visão um pouco embaçada. Eu não sabia o que fazer, pois se vissem que Mathew estava aqui, não o deixariam que ele voltasse tão cedo, mesmo que eu não estivesse fazendo nada de ruim com ele (o que era a última coisa que estaríamos fazendo ali).

S.L.M (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora