- Gellenberg! - gritei, parando onde estava. Vendo que todos se viraram pra mim assustados.
Mathew se aproximou mais e tampou minhas bochechas geladas com suas mãos de porte médio, olhando diretamente para meus olhos, a Sra. Gellenberg já se aproximara, e Mathew deu espaço para que eu falasse.
- Ele está aqui. Seu marido! - falei um pouco ofegante - Eu o senti... Ouvi na verdade!
- Como assim, meu anjo? - falava ela - Tente se acalmar. Você o ouviu dizer?
- Não... Seus passos, ele estava caminhando logo atrás de mim. - vi que Mathew me olhava de maneira indecifrável, um olhar indignado. - Eu tenho certeza...
- Ok, meu anjo. - dizia a idosa que agora segurava minha mão - Vamos para minha casa, preciso trazer algumas coisas da qual você vai me ajudar a preparar.
Sem falarmos nada nós prosseguimos, um pouco mais apressados do que anteriormente, e logo estávamos de frente a uma bela casa branca com o exterior de madeiras, assim como o piso, envolta de várias árvores, e um belo cultivo de flores. Era uma casa velha, com detalhes antigos e adoráveis, uma lugarzinho abaixo da janela para se descansar na cadeira de balanço e acariciar um gato sonolento.
A velha abriu a porta e fez sinal para que entrássemos, e vi alguns quadros e retratos enfeitando a parede de madeira escurecida, uma lareira acesa enfeitada por folhas de videira e alguns sinos e laços, um sofá em ótimas condições que aconchegava ali, um gato preto.
- Esta é minha casa! Fiquem à vontade. - exclamou ela e desapareceu por detrás de uma cortina que parecia levar a outro cômodo.
- Shawn, olha onde você nos fez vir! - balbuciou Tony meio irritado.
- Acalme-se, Tony! Não está vendo em que situação estamos? - respondi, o olhando atentamente.
- Em que situação você está. - disse ele, dando ênfase em "você".
- Olha, não estamos em perigo. Não tem com que se preocupar. - me virei para Mathew que permaneceu encostado na parede, observando o nada. Apoiei minhas mãos em sua cintura e falei baixinho: - Mat, meu amor, você acha que isso que eu ouvi é loucura?
- Eu acredito em você - disse ele lentamente - Mas se você conseguiu sentí-lo, e talvez consiga trazê-lo de volta a Sra. Gellenberg, será que você conseguiria trazer a Mindy para eu vê-la uma última vez?
Meus olhos se encheram de lágrimas, e percorreram toda a extensão de seu rosto, procurando outro sentimento que não fosse tristeza. Mas seu olhar só trazia a solidão.
- Ai, Mathew! Eu estou aqui com você. Não se preocupe, eu farei tudo que for possível pra te deixar melhor...
- Eu te amo, Shawn.
- Eu também te amo, Mat. - falei em seu ouvido, pois já estávamos abraçados e dividindo o mesmo sentimento: medo.
Então Gellenberg voltara com algumas velas nas mãos, e chamou todos para fora, indo novamente para o Seleiro. Eu parecia estar mais ansioso que ela.
- Eu realmente não entendo como você consegue sentí-lo assim tão facilmente. - exclamava Gellenberg.
- Talvez aquilo que está vos impedindo de se falarem, atinge apenas você. - respondi. Ela pareceu pensativa.
- Você já havia sentido algo assim antes? Já praticou comunicação com espíritos? - questionou ela.
- Nunca. - respondi - Qualquer um pode falar com espíritos?
- Sim. Desde que tenha respeito com eles, e uma boa alma e mente aberta. - concluiu ela. - Tentaremos fazer isso agora.
Estávamos chegando no Seleiro, bem perto do local onde havíamos nos sentado hoje, e a Sra. Gellenberg despejou no chão as velas que trouxera, com cuidado, para que não quebrassem. E assim que se sentou, fiz o mesmo, enquanto o resto do pessoal permaneceu em pé a nossa volta, observando o que viria a acontecer.
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S.L.M (Romance Gay)
Fiksi RemajaInseguro e temeroso de que poderia ser atingido por diversas situações, em que sua mente pode se tornar cada vez mais abalada, Shawn decide passar por cima de sua bipolaridade para tentar uma mudança maior na relação que tem com seu velho amigo de i...