Minhas mãos estavam geladas, e gotículas de suor jaziam na palma delas.
Minha visão embaçou um pouco e por um momento esqueci da presença de Mathew, me levantando e caminhando devagar na direção de minha mãe que ainda permanecia parada. Fui devagar porque eu quase não sentia minhas pernas de tanto que tremiam, e tentando manter elas quietas e fortes eu caminhei até certo lugar de meu quarto.
Ela se aproximou também com uma das mãos se elevando em minha direção, bem devagar, enquanto tentava mudar a expressão de espanto.
- Mãe, eu... - tentei tirar palavras para tentar descrever aquilo. Eu sentia que iria começar a chorar, bem ali, na frente de meu namorado.
Ela repousou então sua mão em meu ombro, e me encarou bem nos olhos. Eram belos olhos esverdeados da qual eu não adquirí.
- Não acredito que você não me contou... - dizia ela. Seu tom era de desaprovação, mas continha um pingo de ironia.
Hesitei em responder, eu só queria que aquilo não tivesse acontecido - pelo menos, não agora.
Mathew se levantara da cama, mas ficou quieto e parado, olhando para nós.
- Eu não acredito que você não falou que estavam tendo um caso - exclamou ela - ou sei lá o que. Esse garoto é demais! - estava quase gritando - Estava louca pra ter alguém educado como Mathew, como genro.
Eu simplesmente continuei imóvel. Meus lábios desabaram numa curva maior ainda, pois não estava acreditando no que dizia, e voltei a encarar ela. Ouvi uma risadinha ríspida de Mathew ao fundo.
- Mãe, você tá falando sério? - perguntei.
- Ai, meu Deus, filho! - disse minha mãe - Eu sinto muito se pareci estar irritada, mas eu realmente achei que você fosse falar alguma coisa.
Eu ainda não estava acreditando.
- Eu ia falar, eu ia - exclamei - Mas... Agora, sei lá. Eu falaria mais à noite.
Vi Mathew se aproximando com passos rápidos e parando de frente pra minha mãe que já soltara-se de meu ombro.
- Eu fico muito feliz que a senhora ache isso de mim! - falou Mathew - Não vou desapontá-la.
Encarei-o.
- Mat! Vocês estão de zoação! - gritei, me afastando uns dois passos deles - Você quase me matou de susto, mãe.
Ela agora parecia segurar uma risada exotérica. Não conseguia entender, mas me dei conta de que seria a melhor coisa de que poderia ter acontecido.
- Desculpa... - balbuciou ela em meio a um sorriso sem graça.
- Ai, eu te amo, mãe! - e a apertei num abraço delicioso e sincero. Nada poderia ter nos juntado mais naquele momento.
Senti os braços de minha mãe me cobrirem também, assim como os de Mathew, que como sempre, parecia ter se sentido emocionado e rejeitado não querendo ficar de fora do abraço fraternal. E num instante nos separamos, pois minha mãe enrijecera os braços para nos olhar atentamente.
- Só não deixe que seu pai saiba, Shawn - advertiu minha mãe - Tenho quase certeza que ele não levará essa ideia pra um bom lado.
- Ah, sim... - suspirei.
- Então cuidado vocês dois quando seu pai estiver aqui.
Afirmamos com um sinal de cabeça. Ela então deu uma última olhada em nós como que imaginando-nos entrando numa igreja prestes a nos casarmos, e deixou um sorriso de satisfação para nós, saiu e fechou a porta do quarto. Eu olhei diretamente nos olhos de Mathew e demos uma leve risada de felicidade misturada com alívio, e o puxei mais pra perto, segurando seu rosto com as duas mãos bem extensas nele, colocando meus lábios sobre os dele.
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S.L.M (Romance Gay)
Genç KurguInseguro e temeroso de que poderia ser atingido por diversas situações, em que sua mente pode se tornar cada vez mais abalada, Shawn decide passar por cima de sua bipolaridade para tentar uma mudança maior na relação que tem com seu velho amigo de i...