Capítulo 24

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Eu não poderia estar mais ansioso.

Eu pensava se seria assim no dia do meu casamento.

Quase no fim da tarde, onde só restara eu e Mathew sentados no sofá, encarei o corpo esguio de minha mãe se movendo no andar de cima, e pensava em como eu me manifestaria com ela quando descesse. Apenas fiquei treinando mentalmente as frases, para saber se assim ela deixaria eu sair esta noite com Mathew.

Finalmente ela começou a descer pela escada, bem devagar, deixando seus cachos negros se moverem por cima dos ombros aos pulos. Quando se manteve perto da sala, eu me ergui e me aproximei dela, forçando para manter meus dedos estáticos, e não transparecer nervosismo.

- Mãe - comecei a conversação, chamando sua atenção para em direção ao meu rosto - Será que eu poderia sair com o Mat hoje à noite?

- Sair pra onde, querido?

- Ah, a mãe dele disse que queria levar a gente pra uma pizzaria pra comemorar meu aniversário. - esperei uma resposta - Por favor, mãe.

- Ok, avisarei seu pai. Podemos deixar vocês lá na casa dele mais tarde.

Não havia pensado nisso. Como iríamos para uma balada tão longe sem uma carona. E meus pais não poderiam deixar a gente na casa do Mathew, esperando que a mãe dele concordasse com tudo que falaríamos.

O que eu diria? A mãe dele não viria nos buscar aqui. E nem eles poderiam nos levar até lá dizendo que iríamos realmente à uma pizzaria.

- Não precisa, mãe. - falei - A gente já estava saindo mesmo. Vamos passar na casa do Tony pra entregar o livro que ele emprestou, e vamos ficar um pouco lá. Por isso já quis perguntar agora... Depois vamos a pé até a casa do Mat.

- Ah... Então está bem. - respondeu ela por fim - Mas não vão comer demais! - demos uma leve risada - Que horas você vai voltar?

- Bem... A gente não tem certeza. Depende da mãe dele.

- Então qualquer coisa eu ligo pra ela, pra saber se vocês voltam muito tarde.

Dei uma leve virada de cabeça para encarar os olhos de Mathew e tentar retirar dele alguma resposta. E notei que ele assentiu com a cabeça rapidamente.

- Tá. Está bem. - falei.

Então voltei para o sofá onde Mathew estava sentado nos observando, e deixei que minha mãe sumisse por um dos cômodos.

Assim que estive próximo o suficiente de Mathew para sussurrar em seu ouvido, indaguei:

- E agora? E se ela ligar pra sua mãe?

Ele virou bem o rosto pra mim e disse:

- Fica tranquilo. Eu sei o que fazer...

Houve um silêncio tênue, e pude escutar os passos de minha mãe na varanda. E de súbito, Mathew exclamou com um tom altíssimo próximo ao meu ouvido, sem o meu conhecimento, me fazendo dar um pulo no sofá estremecendo.

- Ok, Shawn! Então já vamos nos preparar pra ir na casa do Tony! - exclamou ele.

- Meu Deus... Por que você gritou? - murmurei um pouco indignado com o incrível tom de voz em que ele recitou aquela frase.

- Para sua mãe saber que estamos saindo. - respondeu ele baixinho.

Eu quase ri na cara dele, mas primeiro puxei o ar bem fundo, e soltei-o levemente, me levantando do sofá.

Me aproximei alguns passos da lavanderia que ficava ao lado da cozinha sobre uma porta lateral, e gritei:

- Mãe, a gente já tá saindo! Obrigado por tudo.

S.L.M (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora