Capítulo 12

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"Sei que posso te fazer muito feliz
Sei do teu medo, mas venha aqui
Me dá tua mão assim, fecha os olhos, sim
Sente que podes confiar em mim.

Quero uma vida nova contigo
Quero voltar a aprender a beijar
A confiar, a te acariciar como a primeira vez
Quero uma vida nova a teu lado
Que esqueçamos juntos todo o passado
E te dar o que nunca dei
Te estou sendo sincero
O único que quero
É uma vida nova junto a ti..."

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Três meses se passaram desde a última vez que Estêvão e Maria conversaram. Eles cumpriram o acordo que Maria estabelecera com empenho: não se viram, não se falaram, evitaram tocar no nome um do outro e, nas poucas vezes que se encontraram por acaso, agiam como se fossem apenas mais um na multidão.

Eles pareciam lidar bem com o distanciamento. Faziam o abismo parecer pequeno, insignificante até. Ambos continuaram seus caminhos como se a ausência um do outro não afetasse suas vidas em nada, mas no fundo só eles sabiam como se encontravam. Contudo, àquela altura do campeonato, nenhum dos dois davam sinais de cessão, pelo contrário, davam a entender que aquela situação estava satisfatoriamente cômoda para que pudessem se livrar dela.

— Caramba, nem acredito que o ano já está chegando ao fim! – Maria foi até a bancada, pegou uma xícara de café, um pratinho com uns pães de queijo e se acomodou à mesa.

— Pois é, o ano passou voando, e posso dizer que foi um ano bem louco. – Luíza, que já estava à mesa, concordou.

— As provas finais já estão aí, depois só mais umas duas semanas e, finalmente, férias! – Maria soltou um suspiro aliviado.

— Bateu uma invejinha branca aqui, só vou tirar férias no início do segundo trimestre.

— E eu, que nem sei o que significa isso. – Nanda, que só as ouvia, entrou na conversa.

— Não é para menos, não é Nanda, não tem nem um ano de trabalho! – Maria disse, revirando levemente os olhos.

— Se vocês soubessem o quanto está sendo insuportável trabalhar com Estêvão...

— Bom, ele te promoveu à chefe dos garçons, o que se espera quando se sobe de cargo, é mais responsabilidade. É normal que o chefe pegue um pouco mais no seu pé. – Sensata, Luíza argumentou.

— Então ele me promoveu só para me encher o saco o dia todo, porque isso ele faz como ninguém. Sério, vocês sabem o que é ter Estêvão o dia inteiro em cima de vocês?

— Maria sabe.

O curto comentário de Luíza foi o suficiente para arrancar gargalhadas sem medidas de Nanda. Em contrapartida, Maria as encarava séria, procurando alguma graça na piada da amiga.

— Não, o pior não é isso, mas o grude que ele e Karen estão. Depois que vocês – olhou Maria – pararam de se falar, ele se juntou com a aguada, e parece que quer jogar na cara de todos que está muito bem sem você. – Forçou um sorriso e franziu a testa.

— Está mais que óbvio que ele está usando a Karen para tapar o buraco existencial que você deixou. – Luíza comentou naturalmente, após, abocanhou a torrada que estava em sua mão.

— E aproveitando para sanar sua necessidade de ter alguma mulher em sua cama. – Maria não escondeu seu incômodo pelo o que ouviu.

— Não acredito que vou fazer isso, mas vou defender Estêvão. Não acho que ele e Karen estão juntos, ou fazendo coisinhas. Ele não a olha com desejo, mas olha para ela como se olhasse para mim e para Luíza. Realmente eles estão muito próximos, mas apenas como amigos.

Amor nas EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora