“Vive a sua vida comigo
Nos bons e maus momentos vou estar com você
Vive a sua vida comigo
Eu serei seu abrigo quando sentir frio
Vive está vida comigo
Porque penso em você cada vez que respiro
E que você é minha paz, minha benção
Minha mulher perfeita, minha alma gêmea
Diga sim, por favor
E me acompanhe, meu amor...”
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E então o mundo parou de girar.
Ao som estridente do tiro, Esther e Gui tiveram um sobressalto. Os dois mal se lembravam de Maria e Martim, de que ainda havia uma arma em jogo. Suas atenções estavam voltadas apenas para Estêvão, que se encontrava no chão desacordado e com a roupa ensanguentada, com a perspectiva de vida se esvaindo a cada minuto que passava.
Próximos à janela, Maria e Martim se encaravam inexpressivos, a respiração era lenta e pesada, e a dor era visível em cada uma das faces, tornando ainda mais difícil para os outros dois que os olhavam distinguir em quem o tiro havia acertado.
Mas a confusão não durou muito.
Maria acompanhou, apavorada, Martim cair no chão. Os olhos deles se esforçavam ao máximo para permanecerem abertos. Diferente do que estavam acostumados, aquele olhar dispersava todos os sentimentos ruins que Maria sentia a seu respeito, naquele momento, ela chegou a ter compaixão de Martim.
Noutro canto da sala Esther e Gui respiraram aliviados por não ser Maria a vítima do tiro. Suas atenções alternavam entre Estêvão e os outros dois. A tensão ainda era vívida ali.
— Eu não queria que fosse assim, Maria.
Martim começou a falar com dificuldade. Maria não sentiu a necessidade de respondê-lo, só queria que tudo aquilo terminasse de uma vez.
— Entenda que tudo o que fiz foi por amor – ele fechou os olhos com força; quando Maria achou que ele não falaria mais nada, abriu os olhos com dificuldade e tornou a falar: – eu só queria que me amasse como o ama.
Seus olhos se fecharam mais uma vez, e dessa vez não se abriram mais.
Maria, que tinha as mãos ensanguentadas, se agachou lentamente e, com dois dedos, checou o pescoço de Martim, para saber se havia algum sinal vital. Nenhuma pulsação, Martim estava morto.
— Ele morreu. – Contraiu o canto da boca. – Martim está morto.
Ela se levantou numa lentidão agonizante. Inevitavelmente, chorou, mas logo que seus olhos contemplaram Estêvão caído no chão, um sentimento horrível tomou conta de si. Maria correu até onde eles estavam, se ajoelhou no chão em desespero.
— Pelo amor de Deus, Estêvão, você não pode me deixar! – Em meio aos gritos e soluços, ela o balançava. – Acorda, acorda!
Esther e Gui compartilhavam do mesmo sentimento que Maria. Também choravam em desalento, imaginando que o que acabara de acontecer com Martim também sobreviria a Estêvão.
— Alguém liga para a ambulância, pelo amor de Deus!
Maria gritou, segurando o rosto de Estêvão, implorando para que ele não a deixasse.
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Amor nas Entrelinhas
RomanceUm amor que se converteu em amizade, ou uma amizade que se converteu em amor? Uma escolha equivocada é capaz de mudar toda uma vida, e Maria sentira isso na pele. Prestes a realizar seu sonho de menina, ela se vê diante de um conflito. Havia aberto...