Capítulo 23

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Gosto bastante desse capítulo, não pelo o que aconteceu na sorveteria, mas pelos diálogos no final 🙊

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"Seria tão fácil se no final

Tivesse sido um desastre

E eu te odiaria tanto, que nem uma recordação

Você mereceria do meu amor.

Mas o problema não é você e eu

Se não esse absurdo de terminar os dois

Tentando se ajudar, ser amigos de vez em quando.

Seria tão fácil sem amor

Se eu não te amasse

Um bom amigo eu seria..."

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Para sorte de Maria, Estêvão a segurou com mãos fortes, pois, ao se dar conta dos braços que a seguravam, suas pernas perderam a rigidez.

Maria não tinha noção de que tinha o poder de pensar em tantas coisas em tão poucos segundos, mas o fez. Sua feição esboçava confusão, mas no peito, seu coração tamborilava.

Ele só podia estar ali por um motivo: viera por ela. Sim, só poderia ser isso, Estêvão só viera para retornarem de onde pararam. Ele a perdoara e a queria de volta. Para Maria não havia outra explicação lógica para sua presença.

— O que faz aqui? – Perguntou, tirando-a do seu curto delírio, soltando-a gentilmente.

— O quê? – Ao ouvir a indagação, seu pequeno conto de fadas se desfez da mesma forma em que fora criado. – O que mais eu estaria fazendo aqui? Vim visitar meus pais, como faço todos os anos. Você viu minhas malas quando foi pegar sua chave.

— Pensei que estivesse indo para a Itália, não para cá.

— Itália? – Um vinco se fez entre suas sobrancelhas. – Endoidou, Estêvão? – Sua voz subiu em algumas oitavas. – Desde que começamos a namorar, nunca mais cogitei essa hipótese. De onde tirou essa ideia?

— Nanda disse.

Ele nem havia terminado de falar e ela tomou a palavra para si:

— E desde quando você confia cegamente nela?

— É, devia ter especulado um pouco mais, mas de qualquer forma, para onde você vai ou deixa de ir já não é mais da minha conta, não é mesmo?

— Claro. – Sua voz saiu baixa demais ao ouvir a sentença dele. – Bom, já vou indo.

Ela não se despediu, apenas saiu caminhando sem olhar para trás. Estêvão parecia preso àquela posição. Não conseguiu se mexer para lado algum, não antes que Maria sumisse de sua vista.

Era certo que aquela proximidade causou sensações estranhas em seu ser. Eram estranhas, mas as conhecia bem, sabia seus significados. Sentia saudades, queria tê-la de volta ao aconchego dos seus braços, mas teria que se acostumar com sua ausência, era o mais sensato a se fazer.

Quando seu cérebro voltou a raciocinar, ele pôde finalmente se mover. Continuou o trajeto que havia sido interrompido com a aparição inesperada de Maria, e adentrou pelas portas da igreja.

Amor nas EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora