Capítulo 3

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É claro que as 18:00 em ponto, assim que eu saí da sala de aula, você estava na frente da porta, escorado na parede.

A maioria das meninas olharam para você, mas você parecia pouco se importar, pois seu olhar pendia em mim.

Somente em mim.

Você saiu de perto da parede e veio em minha direção. Dessa vez não havia nenhum cigarro na sua boca, apenas seu sorriso.

Que o jogo comece.

- Vamos? – Você perguntou apontando na direção da saída da universidade. Eu assenti com a cabeça sem falar nada, e andei ao seu lado por um bom tempo, apenas desfrutando do nosso silêncio mútuo.

Quando chegamos à cafeteria, você abriu a porta para mim.

Um tanto cavaleiro, um tanto clichê.

E eu gostei.

Após pedirmos e pagarmos os nossos respectivos cafés, sentamos em uma mesa ao lado de uma grande janela, que dava vista a um jardim ali perto, o qual eu adorava olhar. Lembro até hoje, mesmo querendo esquecer. Aquele lugar sempre me lembrará você.

Eu estava um pouco mais nervosa que o normal, você me afetava mais do que eu imaginava, e eu nem ao menos te conhecia.

- Por que me trouxe aqui? – Pedi com um sorriso nos lábios, pegando meu café e tomando logo em seguida, depois que a garçonete o trouxe.

- Quero te conhecer melhor – Você disse me fitando com seus olhos verdes claros, e eu não pude desviar, eles me prenderam por longos segundos.

- Por que não me pergunta o que quer saber? – Indaguei curiosa.

- Perguntas e Respostas? – Você se recostou no banco atrás, à vontade.

- Uma vez de cada – Eu disse tomando mais um gole do meu café sem açúcar, logo depois colocando a mão entre as duas coxas para não me sentir mais nervosa do que já estava. – Você começa.

- Hum, por que psicologia? – Essa pergunta me pegou desprevenida, mas como você estava tão à vontade no seu lugar, sem nada a esconder, eu também decidi ser sincera.

- Eu não tenho todo aquele discurso sobre como eu sempre quis psicologia, ou como eu pulei de faculdade em faculdade até me encontrar nessa profissão – Fiz uma pausa e te olhei, e você parecia ainda mais interessado. Então completei: - Eu apenas quis fazer, e aqui estou.

Você balançou a cabeça assimilando tudo o que eu tinha acabado de dizer, e me perguntei se eu não havia exagerado.

- Sua vez de perguntar – Você disse tomando um gole de café.

- O que você faz? – Você sorriu, como se já imaginasse que essa pergunta chegaria em algum momento, que era só questão de tempo.

- Eu fico por aí esperando alguém roubar meu café – Meneou a cabeça em direção ao café. Eu ri do seu comentário e então perguntei:

- É sério, o que você faz? – Minha curiosidade estava a mil, gostaria de te fazer tantas perguntas, ao mesmo tempo não queria que você me achasse algum tipo de maluca.

- Eu pulei de faculdade em faculdade tentando me achar, mas ainda não consegui. Minha vez – Fez a sua pausa dramática, me fazendo esfregar as minhas mãos uma na outra, tentando me acalmar. – Qual seu maior sonho?

- Essa é fácil. Sempre quis conhecer Paris, mas nunca tive oportunidade. Você tem família? – Meu café já estava acabando, e tive medo que nosso encontro estivesse no fim.

- Tenho – Você disse com uma certa melancolia, e pude perceber que era um assunto delicado a ser comentado. Fiz uma nota mental de não falar mais disso, porém apesar de tudo, você pareceu quase a vontade para falar sobre. – Não sou muito ligado a eles, cortei relações há alguns anos. – Quis perguntar o por quê mas me contive. – Agora a pergunta que revela mais sobre qualquer pessoa: - Meus dedos se apertaram contra minha mão – Gato ou cachorro? – Soltei uma risada por ter me preocupado com uma pergunta tão idiota.

- Gato, óbvio – Você sorriu, então mexeu no seu copo de café, constatando que estava vazio. - Mas não tenho um, porque minha mãe tinha alergia, e depois que eu saí de casa nunca adotei. – Tomei o último gole de café que tinha no copo.

- Você mora perto?

- S-Sim, duas quadras daqui – Eu disse hesitante, mesmo com meu coração batendo a mil dentro do meu peito.

- Eu te acompanho – Você falou, mais uma vez, cavaleiro e eu não pude deixar de sorrir com isso.

Levantamos e fomos em direção ao meu apartamento. Eu apertava meus dedos, nervosa, e você não pareceu perceber, se sim, não comentou nada sobre.

- Eu também sempre quis ir para Paris...Por que não vamos juntos? – Você sorriu e eu parei em frente à porta do meu prédio.

- E vamos fazer o que lá? Tomar café? – Disse brincando, mas então você esquadrilhou meu rosto, pairando um pouco mais sobre a minha boca e depois voltando para meus olhos me encarando.

- Vamos deixar um pouco de nós lá – Sua mão foi ao meu queixo, em um toque eu me senti toda e completamente arrepiada. Seu rosto foi chegando mais perto, e mais perto, mas então parou, olhou ainda mais em meus olhos. Você se inclinou, e beijou o canto da minha boca, que implorava para que a beijasse, mas você não fez.

Droga, Harley, eu queria tanto te beijar.

Mas ao invés disso, você se afastou e disse:

- A gente se vê por aí, afinal temos planos juntos. – Você piscou um olho, com charme, e foi embora pela rua.

Continuei pensando no que tinha dito.

Planos

Planos juntos.

E esse é o terceiro motivo pelo qual eu te odeio: Você me fez querer ter planos com você. 

Para sempre, HarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora