- EMMA – Ouvi você gritar um pouco longe, o que me fez acordar do transe em que estava. Corri para o outro lado, até ficar longe do seu campo de visão, então chamei um táxi ali mesmo.
- Você está bem, senhorita? – O motorista me olhou com preocupação, por um instante tinha me esquecido do machucado no meu rosto.
- Sim, estou bem – Assenti com um sorriso amigável mesmo com as lágrimas que insistiam em cair. Apesar de contrariado, o motorista fez exatamente o que eu pedi, me levou para casa.
Chegando, decidi ver o estrago que você tinha feito em mim. Era um corte na maçã do rosto, se eu tocava ao redor doía. Tudo doía na verdade, até o coração.
Decidi limpar aquela ferida, o que levou bastante tempo, e depois apenas ficou a marca do machucado com um pouco de sangue por cima. Levantei, tomei um banho para tentar relaxar, mas aquela cena não saia da minha mente. Você saindo do controle.
Me vesti e fui para sala de estar assistir um pouco de tv para me distrair, porém ouvi batidas na porta e sabia que era você. Fiquei completamente imóvel e em silêncio, não queria te atender, portanto não queria que você soubesse que eu estava ali.
- EMMA – Ouvi as batidas ficarem mais intensas, porém continuei estática. – Por favor abre a porta– Você praticamente gritava do outro lado – Eu não quis te machucar, ele estava com as mãos em você e eu perdi o controle – Senti que falava mais de encontro a porta possível. Fiz meus pés me moverem até o local, ainda em silêncio, observando pelo olho mágico, você estava escorado na porta, arrependido, dava para ver nos seus olhos. – Só me desculpa..
Minha mão fez menção em abrir a porta, porém senti a dor no meu rosto que me fez parar, você merecia estar do outro lado da porta, você tinha me batido, e aquilo estava doendo em todos os lugares.
Deixei que você fosse embora naquele dia, crente que nunca mais voltaria.
Mas você voltou.
Eu adormeci no sofá e acordei com batidas na porta. Apesar do sono, alguma parte de mim queria atender quem quer que estivesse do outro lado. E cada célula do meu corpo queria que fosse você.
E era.
Seu rosto parecia ainda mais vermelho, talvez por causa da briga, porém havia ainda aquele sentimento de arrependimento no seu olhar. Apesar de nos conhecermos a pouco tempo, sabia que você não era capaz de levantar uma mão para me bater. Na noite da festa foi apenas um acidente, e eu sabia, e estava disposta a perdoar. Mas não se engane, Harley, eu estava disposta a perdoar, porque queria te esquecer, e sabia que sem esse perdão essa ferida iria ficar aberta para sempre. E ficou.
- Oi – Você disse surpreso ao me ver ter aberto a porta.
- Oi – Disse confiante apesar do meu coração estar batendo a mil.
- Me desculpa Emma – Você disse olhando no meu rosto o machucado que tinha causado. – Eu não sei o que deu em mim, eu só perdi o controle.
- E me machucou – Me escorei no batente da porta, com os braços cruzados para você perceber que eu estava chateada.
- Machuquei, mas eu nunca teria feito isso por vontade – Disse pondo uma mão no meu rosto, e eu deixei – Você sabe Emma. – Você suplicou, e eu queria mesmo te perdoar. – Eu nunca conheci alguém como você, é divertida, alegre, inteligente e linda, além de forte e sem medo de nada, eu percebo. Eu quero você, Emma.
Meu coração acelerou mais ainda quando eu ouvi estas palavras, que saíram com tanto charme pelos seus lábios.
Eu assenti, e levei meus braços ao redor de seu pescoço, te abraçando, querendo dizer adeus – Tudo bem, Harley.
- Sério? – Você me soltou surpreso, me observando.
- Sim – Sorri triste por ter que fazer o que tinha que fazer. Mas ao invés disso, você me puxou pela cintura, e me levantou, me abraçando e rodando. Você estava genuinamente feliz, e eu não quis estragar aquele momento.
Você me pôs no chão e depositou um beijo nos meus lábios. Lembro-me deste beijo como se fosse hoje.
Era este beijo que ia me encaminhar para as ruínas, e eu tinha certeza, porém eu quis continuar, eu quis que fosse real, eu escolhi esse caminho mesmo com tantos riscos. Então Harley, eu não culpo você inteiramente, só uma parcela.
- Eu tenho um presente para você. – Você disse ao me soltar, com um sorriso nos lábios.
- Um presente? – Fiquei surpresa com aquela constatação, você não parecia o tipo de cara que dava presentes.
- Espera aí – Você correu escada abaixo, e subiu novamente com uma caixa, era mediana e tinha um laço na frente. A peguei sentindo um peso dentro desconhecido. – Abre – Você disse ansioso. A larguei no chão e abri. Dentro havia uma bolinha de pelos pequena, eu reconheci na hora.
- Tá brincando – Eu te olhei chocada, então peguei aquele pequeno gatinho dentro da caixa. Ele tinha olhos azuis, pelo cinza claro, deveria ter uns dois ou três meses por ser tão pequeno.
- Não estou – Você sorriu vendo a minha reação.
- Ai Meu Deus! – Eu abracei aquele gato como se eu não tivesse companhia alguma e aquela fosse a minha salvação. O que não deixava de ser verdade, eu vivia sozinha e solitária e agora eu tinha um serzinho para me acompanhar todos os dias. Te abracei junto com o gatinho, quase te esmaguei na verdade, de tão forte que eu apertava.
- Obrigada, obrigada, obrigada – Lágrimas caiam dos meus olhos com felicidade, e você me abraçou de volta, me dando beijos na testa e olhando para meu mais novo gato.
- De nada, Em – Ouvir meu apelido nos seus lábios era lindo, então levantei o rosto, e beijei você com intensidade, ou até amor.
E você ficou surpreso com a minha atitude, e parece que gostou ainda mais de mim por fazer isso, o que ninguém mais tinha coragem. Você sorriu durante o beijo, e eu também ao ouvir o miado do gatinho.
E foi ali que eu percebi. Se você quisesse me destruir, poderia, você já tinha passado por todas as barreiras possíveis e inimagináveis. E eu gostei de te ver ganhando de cada uma delas.
E você me ganhou com aquele presente. Eu o amo tanto.
E este é o oitavo motivo pelo qual eu te odeio: Você me deu o melhor presente que eu poderia ganhar em toda a minha vida, e eu não conseguiria esquecer.

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Para sempre, Harley
RomantizmEmma é focada, sonhadora, fria, e não quer ninguém na sua vida, afinal, quanto menos pessoas você amar, menos você irá perder, consequentemente, menos irá sofrer, mas Harley chega para mudar, e colocar o mundo dela de cabeça para baixo. Após um enc...