EU PRECISO DE VOCÊ | 05

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| POV SARA RAMIREZ |

12H55MIN

Eu estava no intervalo de gravações quando resolvo mandar outra mensagem para Jessica. Ela só visualizou as últimas duas que mandei, isso significa que pelo menos ela estava viva. 

WHATSAPP ON:

SARA: Jessica?
SARA: Eu tô vendo que você tá visualizando. Então pelo menos está viva, e só não quer me responder
SARA: se for isso, me manda pelo menos um dedão, sei lá.
JESS: Estou bem, Sara.
SARA: Amém Jessica, porquê você estava me deixando preocupada já.
JESS: Eu sei, por isso respondi. Mas não quero conversar por celular. A gente pode comer algo de noite e falar pessoalmente?
SARA: Claro. O que você precisar.
JESS: Tá bom! Até mais tarde.
SARA: até mais, meu amor.
SARA: minha flor*** . Meu pai do céu, o meu corretor.
JESS: o corretor, né Sara kkkkkk
SARA: Sim, o corretor Jessica. Hahahahaha
SARA tenho que ir gravar. Beijos.
JESS: Beijos.

WHATSAPP OFF

Eu tinha acabado de chamar Jessica de "meu amor", por sorte era por mensagem e pude colocar a culpa no corretor. Solto uma risada por mentir na cara dura.
- Jessica está bem pelo jeito, ein?
Kelly perguntou.
- Sim. Ela só precisa de um tempo para pensar.
Respondo tranquilizando-a, pois também estava preocupada com Jessica. Todos já suspeitavam da gente, por causa dos olhares de admiração, como eles chamam.
- TODOS PRONTOS?
Grita uma Shonda de pé atrás dos monitores. Todos acenamos com a cabeça positivamente. Estavam eu, Kelly, Kevin, Chandra e James. Eu estaria com eles o resto da tarde hoje, pois temos muitas cenas juntos.
- 5, 4, 3, 2, 1 E AÇÃO!
E assim começou minha tarde.

| POV JESSICA CAPSHAW |

Estava decidida que deveria conversar com Sara, porque ela merecia desculpas pelo meu surto e insegurança. Marquei nossa conversa para a noite, e ainda eram 13h. Não havia colocado nada no estômago por conta do tempo que fiquei pensando no que fazer, estava agora morrendo de fome. Pego meu celular e peço o almoço em um restaurante italiano que eu adorava. Ainda quero levar Sara lá, e só de pensar nesse plano começo a sorrir. A comida iria demorar alguns minutos, tempo suficiente para me trocar e colocar algo mais confortável. Já passava de 13h30min quando ouço um barulho de campainha, caminho em direção a porta e sou surpreendida ao ver quem estava do outro lado dela.
- Christopher?
Falo surpresa.
- Esperava outra coisa?
Ele fala rindo e proxima-se de mim para me dar um selinho.
- Eu pedi comida italiana.
Fecho a porta ainda surpresa. Ele tinha programado ficar mais dias fora, e chegou com certa antecedência. Eu não estava preparada para falar o que devia, agora, hoje. Mas eu preciso, sei que não é justo. Sou tirada dos meus devaneios por um Chris me chamando.
- Você não vai abri?
Ele aponta com a cabeça em direção a porta.
- Claro! Eu me distrai.
Era a comida que havia chego. Abro a porta e atendo o gentil entregador que já me conhecia, por vir várias vezes entregar.
- Tenha uma boa tarde.
Respondo gentilmente já me despedindo dele, depois de fazer todo o processo de pagamento com cartão.
- O que você pediu? Eu estou morrendo de fome.
Eu não iria conseguir comer ou fazer qualquer coisa antes de conversar.
- Christopher, a gente precisa conversar.
Falo séria.
- Tá tudo bem com as crianças?
Ele fala meio preocupado.
- Sim. Eles ainda estão nos seus pais.
Me sento na cadeira a frente dele, que já estava abrindo as embalagens de comida.
- O que aconteceu? Você está estranha.
- Eu trai você.
Falei de uma vez, sem nem mesmo respirar. Ele precisava saber, e eu não iria conseguir se enrolasse.
- VOCÊ O QUE?
Ele levanta subitamente e para na minha frente. Me levanto também, afim de ficar da mesma altura que ele.
- Me desculpa, eu sinto tanto, tanto.
Falo com a maior sinceridade.
Como em um piscar de olhos, sinto a mão de Christopher no meu rosto. Ele não fez aquilo, não podia ser verdade.
- COM QUEM FOI? FALA DE UMA VEZ OU VAI LEVAR OUTRO.
Ele estava descontrolado e eu possuída de raiva, mas ao menos tempo com um medo que nunca pensei em ter dele.
- EU NÃO VOU FALAR!
Grito.
- Você não vai?
Ele aproximava-se de mim e meu medo aumenta, mas eu não poderia falar que foi com Sara.
- COM QUEM FOI, PORRA?
Ele segurou meu braço.
- ME SOLTA CHRISTOPHER!
Consigo me desvencilhar dele com dificuldade.
- Você não vai saber. Pelo menos não agora.
Pego meu celular e minha bolsa e caminho em direção a porta, mas sou impedida por Christopher.
- Você não vai sair sem me falar com quem foi.
- Sai da minha frente Christopher.
- Eu sou seu marido e você me traiu, agora tem que me dar uma explicação!
- Me deixa sair ou vou chamar a polícia!
Falo ameaçando-o.
- Você nem é louca de fazer isso.
- Acho que sou o suficiente. Vai sair ou não da minha frente?
Não sei de onde tirei tanta determinação e coragem para bater de frente com ele. Eu estava apavorada, acho que as palavras apenas saim com a reação do meu cérebro.
Ele recua da porta me dando passagem e vou em direção ao meu carro. Dirijo a caminho do set em meio a lágrimas. Tudo em meu corpo doía, tanto pela agressão física, tanto pelo desgaste emocional da discussão. Precisava de alguém que me fazia ser a melhor versão de mim e esquecer o mundo. Meus filhos faziam isso por mim, mas agora outra pessoa também fazia e sempre fez, porém nunca eu, pude aproveitar. Era Sara, eu precisava dela. Chego no estacionamento e resolvo ir ao trailer, por coincidência era a hora do intervalo para os atores, então provavelmente Sara estaria no dela. Dito e feito, ela estava lá mesmo, pelo menos a voz dela. Eu estava mais controlada, se alguém estivesse ali com ela, provavelmente só estranharia minha presença em um dia sem gravação.
- Sara?
- Hey, você por aqui?
Foi Chandra quem saiu do trailer me perguntando.
- Preciso da Sara.
- É toda sua.
Ela passa por mim e toca suavemente no meu braço com a mão.
- Tá tudo bem?
Sara pergunta, gesticulando para que eu entre.
- Não. Eu preciso de você.
Começo a chorar novamente e Sara me abraça, dizendo que tudo vai ficar bem. Pela primeira vez no dia me sinto segura. Ela se afasta do abraço e pergunta:
- Quer conversar sobre o que está fazendo você chorar assim?
- Sim, por favor.
- Vem cá.
Ela me leva até o sofá do trailer e senta-se ao meu lado. Pega uma garrafinha de água e entrega-me.
- Pode me falar o que aconteceu. Eu tenho todo tempo do mundo para você.
Ela é tão gentil e compreensiva. Isso é uma das coisas que mais amo nela.
Saio dos meus pensamentos e ela está me observando, então começo a falar sobre o que aconteceu.

Continua...

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Capítulo um pouco grande e tenso. Peço desculpas se acionei algum gatilho de vocês.
Alguma sugestão ou reclamação, pode deixar nos comentários.
Beijos da autora;

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Universe and U • Capmirez | CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora