A MONTANHA - PARTE II

Medo

Will :

- Eu não acredito ! Gus !

Senti Gus congelar em cima de mim.
O coração dele disparou e ele praticamente pulou do meu colo.

- Ah, oi Cris...

- Você ainda não tomou banho ? E essa cara de sono ? você dormiu ??? Você lembra que tem que ir buscar o vovô né ???

Enquanto ela ia falando Gus ia se encaminhando para o banheiro, e ele por fim fechou a porta sorrindo amarelo.
Praticamente fugindo.

Eu não sabia bem o que fazer.

- Ah oi, você deve ser o Will. Sou a Cris... Toma esse é o seu, e não deixa o Gus se atrasar.

Ela sequer pareceu hesitar por ter outra pessoa no quarto, mais precisamente, uma pessoa a qual o irmão dela estava em cima.

Ela foi jogando um dos pacotes na cama e outro em mim e em dois segundos tinha saído

Decidi esperar Gus sair do banho, pra entender.

Quando ele saiu, infelizmente muito vestido com um roupão, olhou pra porta primeiro, parecendo aliviado de estarmos sozinhos de novo.

Olhei pra ele, até ele sorrir meio duro.

- Então... hoje é o casamento da Cris, você... hmm... vai ficar ?

- Você quer que eu fique ?

Por Deus, eu não iria me afastar de Gus de novo.

- Sim, fique. - Ele se aproximou, colocou as duas mãos no meu rosto, passando os dedões nas minhas sombrancelhas, até eu notar que estava com elas franzidas e relaxar.

- Eu fico nos fundos então, ninguém vai me notar, prometo.

Gus paralisou. Os olhos arderam em fúria por um momento, mas antes que eu pudesse entender o motivo, vi um brilho de mágoa, o tipo de mágoa profunda e dolorosa.

- Não Will, você não entendeu. Eu tô dizendo pra você ficar no casamento da minha irmã, sua cunhada, do meu lado, comigo !

A voz falhada dele me dizia que eu não era o único que não queria qualquer distância entre nós.

- Gus... Sua famí...

Ele me interrompeu.

- VOCÊ é minha família. Lembra ?

Ele pegou minha mão, virou a palma e colocou a dele do lado, para que nossas cicatrizes ficassem uma do lado da outra.

Ele se casou comigo.
Se cortou por mim.
Ele é meu.
Gus é minha família.

E eu estou com medo... por ele.
Mas eu sei que precisamos passar por algumas coisas.

Então vou ser forte por nós dois se precisar.
Vou ser o que ele precisar que eu seja.
Vou fazer o que ele precisar que eu faça.

E eu não consegui dizer isso em voz alta. Minha voz ficou presa na garganta.

Então assenti e o puxei delicadamente, encostando nossos lábios.

Sem força.
Sem desejo.

Só com carinho sulficiente pra sorrirmos um pro outro ao fim, com lágrimas contidas nos olhos, feito adolescentes.

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A irmã do Gus imaginou que ele tinha ido me buscar, então comprou um terno pra mim.

Não, ela não alugou como pessoas comuns costumam fazer.
Ela comprou.
E posso jurar que ela mandou fazer, mesmo sem saber minhas medidas, quase como se soubesse que eu iria realmente precisar.